Informações divulgadas na mídia dizem que são 400 pessoas, mas segundo pessoas que passaram pelo local, esse número não passava de 20.
Alto Boa Vista , MT – No último domingo, 02/05, um grupo formado por cerca de 20 pessoas invadiu o antigo vilarejo conhecido como “Posto da Mata”, a 1100 km de Cuiabá. O local faz parte da terra indígena Marãiwatsédé, que em janeiro de 2013, depois de 47 anos, foi devolvida aos índios Xavantes. Desde o domingo uma série de notícias estão sendo publicadas sobre a reinvasão e dependendo do site o número de invasores varia entre 400 pessoas a 400 famílias.
![Falta responsabilidade- foto divulgada é de uma reunião que aconteceu no local em novembro de 2012](http://www.axa.org.br/wp-content/uploads/2013/06/foto_antiga-300x200.jpg)
As fotos que estão sendo divulgadas em algumas notícias são de uma reunião que aconteceu em novembro de 2012, um mês antes do começo da desintrusão, onde estiveram pessoas de toda a região. Dois motoristas, que preferiram não se identificar, passaram pela área, um no domingo e outro na segunda-feira, e os dois afirmaram que o número é bem inferior ao divulgado. “Tinha meia dúzia a uma dúzia de pessoas e o clima não estava tenso”, afirmou um dos motoristas. Estamos esperando a confirmação oficial do número de invasores, mas de qualquer maneira os números divulgados na midía são duvidosos, já que durante a desintrusão, segundo a Força Tarefa, foram notificadas 236 pessoas no vilarejo.E o Censo 2010, realizado pelo IBGE naquele ano, indicou a população de 2.427 pessoas em Marãiwatséde. Destes, 1.945 declararam-se ou consideraram-se indígenas. Aqueles que não se declararam nem se consideraram indígenas, ou sem declaração, são um total de 482 pessoas.
O Posto da Mata está a 20 km da aldeia e a comunidade de Marãiwatsédé, que soma 900 pessoas, dentre os quais 300 são crianças, teme pela segurança do grupo dentro e fora da terra, e estão chegado na aldeia indígenas que moram em Bom Jesus do Araguaia. Damião Paridzané, cacique de Marãiwatsédé, enviou uma carta ao governo federal, Cimi e Ministério Público Federal comunicando a invasão e pedindo providências. A Polícia Federal, que está dentro da área, informou que está aguardando o Ministério Público Federal expedir um novo mandato de reintegração de posse para que seja realizada a retirada dos invasores.
Leia a carta enviada por Damião
Carta denuncia reinvasão e pede presença da Justiça.
O motivo da invasão seria o não cumprimento das obrigações assumidas pelo INCRA que até agora não reassentou as famílias que devem receber um lote da reforma agrária. Segundo o órgão até momento foram cadastradas 270 famílias que foram consideradas aptas para receber outra terra. Os invasores reclamam que o número é maior. No entanto, o INCRA afirmou que a maioria das famílias retiradas não se enquadra no perfil exigido na triagem e por isso ficaram de fora do plano.
E esse grupo que retornou ao Posto da Mata é formado por esses ex- moradores, que não se enquadram no perfil, mas que vem recebendo apoio dos latifundiários. É importante relembrar que em 2012, Marãiwatsédé foi considerada a TI mais desmatada da Amazônia Legal e os 165.241 he da TI estavam invadidos por um grupo de 22 grandes proprietários, que incluía políticos locais como Filemon Limoeiro, ex-prefeito de São Félix do Araguaia, irmã Irene, atual vice-prefeita de Alto Boa Vista, Manoel Ornellas, desembargador de MT, Gilberto Resende, ex-procurado da polícia federal e Renato Teodoro, acusado de venda ilegal de carne bovina.
Texto publicado originalmente na página da Articulação Xingu Araguaia