Apesar da decisão, o a Justiça determinou a prisão preventiva do fazendeiro Adriano Chafik e de outros três réus acusados de matar cinco pessoas e deixar outras 12 feridas no ataque ao acampamento Terra Prometida
Pela terceira vez, o julgamento do Massacre de Felisburgo foi adiado pela Justiça. A decisão atendeu a um pedido do advogado do fazendeiro Adriano Chafik Luedy que alegou motivos de saúde do réu acusado de ser o mandante do ataque ao acampamento Terra Prometida, em Felisburgo, no Vale do Jequitinhonha. Na ocasião, cinco pessoas morreram e outras 12 ficaram feridas.
Segundo o juiz Glauco Soares, “é inequívoca a impossibilidade de se realizar o júri na data de hoje já que estaria lesionada a plenitude de defesa”. Por isso, o magistrado definiu uma nova data para o julgamento, que deve acontecer em 10 de outubro deste ano. Entretanto, ele acatou o pedido de prisão preventiva de Chafik e de outros três réus que seriam julgados nesta quarta-feira (21).
De acordo com o juiz, o pedido para que os acusados fossem presos é cabível diante de tantas manobras da defesa para adiar o julgamento. Três dos réus – Adriano Chafik, Francisco de Assis Rodrigues de Oliveira e Milton Francisco de Souza – estão detidos, mas ainda não foi definido onde eles cumprirão prisão. Já no caso de Washington Agostinho da Silva, que não compareceu ao julgamento, um mandado de prisão em favor dele deve ser expedido.
Cerca de 500 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) vieram de todo o Estado, especialmente do município de Felisburgo, para acompanhar o julgamento. Segundo o líder do MST, Silvio Netto, apesar do novo adiamento do júri popular dos quatro acusados, a decisão do juiz Glauco Soares foi positiva.
“Sofremos com as manobras jurídicas da defesa em conluio com o poder judiciário. Porém, desta vez ficou tão escancarado que eles estão apenas protelando uma condenação, que o juiz decretou a prisão dos réus. Para o MST isso é uma conquista importante e um reconhecimento da luta pela reforma agrária e por um projeto para o campo, tanto é que Adriano Chafik saiu diretamente para a prisão”, afirmou.
O fazendeiro Adriano Chafik teve o julgamento adiado por outras duas vezes desde que o processo foi remetido à comarca de Belo Horizonte. O júri popular havia sido marcado para 17 de janeiro e 15 de maio, mas nas duas ocasiões foi desmarcado.
O primeiro adiamento aconteceu porque o juiz da Comarca de Jequitinhonha, onde inicialmente ocorreria o julgamento, enviou o processo para Belo Horizonte antes que a defesa dos réus indicasse testemunhas a serem ouvidas na ocasião.
Já no segundo caso, o juiz de Belo Horizonte, Glauco Soares, justificou o adiamento em razão de um pedido da defesa para que fossem ouvidas cerca de 60 testemunhas que ainda não haviam sido inquiridas pelo juiz de Jequitinhonha.
Julgamento
Réu confesso, Adriano Chafik teria comandado o ataque de pistoleiros que invadiram o acampamento Terra Prometida e atearam fogo em barracos e plantações. As cinco vítimas foram executadas com tiros à queima-roupa e outras 12 pessoas, entre elas uma criança, ficaram feridas. Chafik conseguiu, poucos dias depois da confissão, por meio de habeas corpus, responder ao processo em liberdade.
Além dele, seriam julgados também Washington Agostinho da Silva, Francisco de Assis Rodrigues de Oliveira e Milton Francisco de Souza que respondem em liberdade pelos crimes de homicídio qualificado, tentativa de homicídio e incêndio. Já o fazendeiro foi indiciado ainda por formação de quadrilha.
Matéria originalmente publicada na página do Portal Minas Livre.