Presa no Rio Grande do Sul aliciadora de jovens para exploração sexual no Pará

 23/08/2013

Operação conjunta das Polícias Civil dos Estados do Pará, Santa Catarina e Rio Grande do Sul resultou, nesta quinta-feira, 22, no cumprimento do mandado de prisão preventiva expedido pela Justiça paraense contra Claci Fátima Morais da Silva, indiciada em inquérito policial sob acusação de recrutar meninas da região Sul do Brasil para exploração sexual nas cidades de Altamira e Vitória do Xingu, sudoeste do Pará, às proximidades das obras de construção da hidrelétrica de Belo Monte. O mandado de prisão foi solicitado pela delegada Thalita Rosal Feitoza, da Polícia Civil de Altamira, no Pará, responsável em representar pela prisão preventiva da acusada. De acordo com a delegada, Claci Fátima estava foragida desde o mês de fevereiro deste ano.

Com apoio direto dos delegados Aline Ferreira e Fernando Rocha, do Núcleo de Inteligência da Polícia Civil do Pará (NIP), junto com delegados dos Estados sulistas, ela foi encontrada e presa em Passo Fundo, no Estado do Rio Grande do Sul, no dia de hoje. A presa será recambiada ao Pará para responder pelo crime, mas ainda não há data prevista para a transferência. Ela e outras cinco pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público Federal do Pará, em março, pelos crimes de trabalho escravo, tráfico de pessoas, exploração sexual, corrupção de menor e formação de quadrilha. Os acusados foram identificados pelas vítimas libertadas da boate Xingu, em fevereiro, depois de operação coordenada da Polícia Civil do Pará.

Na ocasião, foram presos os acusados de comandar esquema de tráfico de pessoas para exploração sexual, na região do Xingu, sudoeste do Pará. Os empresários Adão Rodrigues, 51 anos, e Solide Fátima Triques, 38, foram transferidos, no avião do Governo do Pará, de Altamira para Belém, sob escolta policial, para ficarem presos em casas penais da região metropolitana da capital. Além de Claci de Fátima Morais da Silva, Adão Rodrigues e Solide Fátima Triques, foram denunciados Moacir Chaves, Carlos Fabrício Pinheiro e Adriano Cansan. Claci era a proprietária de uma boate em Santa Catarina, onde aliciou as mulheres, com apoio de Moacir Chaves, prometendo que elas ganhariam até mil reais por dia trabalhando na barragem, segundo as investigações.

As vítimas foram levadas de van desde Santa Catarina até Altamira, cerca de 4 mil quilômetros de distância. Já na boate Xingu, as vítimas foram recebidas pelo acusado Adão Rodrigues e pela mulher dele, Solide Fátima Triques, que as colocaram em quartos precários, alguns com trancas do lado de fora. Conforme a delegada-geral adjunta da Polícia Civil, Christiane Ferreira, Adão e Solide estão envolvidos no esquema de tráfico de pessoas para exploração sexual, na região do Xingu. O casal já havia sido preso, há dois anos, em Rondônia, onde era dono de uma casa de

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prostituição localizada às proximidades de canteiros de obras de uma hidrelétrica naquele Estado.

Em Vitória do Xingu, a boate “Xingu”, ficava a cerca de 10 quilômetros de dois canteiros de obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Para a delegada-geral adjunta, fica evidente que os dois aproveitam a grande movimentação de pessoas atraídas por esses projetos para realizar a exploração de pessoas para programas sexuais. “Os dois já foram donos de mais de dez casas de prostituição em várias cidades do Brasil”, ressalta. Carlos Fabricio Pinheiro e Adriano Cansan também foram transferidos para presídios na Região Metropolitana de Belém. Eles atuavam com gerente e garçom, respectivamente, no estabelecimento. No total, 18 mulheres e uma travesti foram resgatadas do interior da boate. A maioria das pessoas era procedente de Estados do sul do Brasil, principalmente, Santa Catarina.

Adão Rodrigues foi ouvido em depoimento pelos delegados Thalita Feitoza e Fernando Rocha, do Núcleo de Apoio à Investigação de Castanhal, na Superintendência Regional do Xingu, sob coordenação do delegado Cristiano Marcelo do Nascimento. O preso admitiu que havia programas sexuais, dentro da boate, mas negou que as jovens eram submetidas a cárcere privado e maus-tratos, conforme denunciado por uma adolescente de 16 anos, que fugiu do local e denunciado os crimes ao Conselho Tutelar de Altamira e à Polícia Civil. Segundo o acusado, havia uma pessoa específica, no sul do país, responsável em aliciar as mulheres, na região, para a prostituição. Ele afirmou ainda que desconhecia a existência de uma adolescente na boate. O acusado alegou que a garota havia se identificado como maior de idade.

Texto originalmente publicado na página da Polícia Civil do Pará.

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