Na próxima segunda-feira (7), trabalhadores (as) do mundo inteiro realizarão manifestações contra a precarização no trabalho, atendendo convocação da Confederação Sindical Internacional (CSI) para marcar a Jornada Mundial pelo Trabalho Decente, campanha que foi instituída em 2008.
A data também marca o Dia Internacional de Combate ao Trabalho Precário, organizado pela IndustriALL Global Union, a entidade mundial que representa metalúrgicos, químicos e trabalhadores na indústria têxtil.
No Brasil, as três categorias e as duas outras que compõem o Macrossetor da Indústria da CUT – trabalhadores na construção civil e na alimentação – assumiram a campanha da IndustriALL e se somarão aos trabalhadores de todos os segmentos na manifestação organizada pela CUT e demais centrais sindicais na manifestação que acontecerá na avenida Paulista, em São Paulo (SP), a partir das 10 horas do dia 7.
Um pouco antes, às 9 horas, os metalúrgicos da CUT e da Força Sindical realizarão um ato em frente a uma concessionária da Nissan, na zona leste da capital paulista, como mais uma etapa da campanha em solidariedade aos trabalhadores da montadora no Mississipi (EUA), que sofrem com a prática antissindical da empresa. A montadora não permite a sindicalização dos trabalhadores e, em função disso, vários direitos deixam de ser cumpridos por elas.
A campanha é da UAW (Union Auto Workers), o sindicato dos trabalhadores das montadoras nos EUA, com apoio da IndustriALL e todas as suas filiadas no ramo metalúrgico. No Brasil, a campanha de solidariedade aos trabalhadores norte-americanos tem à frente a Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT) e a CNTM (ligada à FS).
O secretário geral e de Relações Internacionais da CNM/CUT, João Cayres, lembra que a entidade cutista assumiu a campanha da UAW desde o seu lançamento, em janeiro. “Além de salários e condições de trabalho inferiores às de outra planta da Nissan nos EUA, um dos principais problemas enfrentados pelos companheiros do Mississipi é o assédio moral”, lembra Cayres, referindo-se a todas as ações da empresa para barrar a sindicalização. “Em função de tudo isso, a Nissan precariza o trabalho naquela planta”, avalia.
Não ao trabalho precário
Sobre o Dia Internacional de Combate ao Trabalho Precário, o secretário de Política Sindical da CNM/CUT, Loricardo de Oliveira, lembrou que a coordenação nacional do Macrossetor da Indústria da CUT, decidiu abraçar a campanha da IndustriALL porque as condições adversas de trabalho são realidade em todos os setores. “Na construção civil e na indústria têxtil, ainda somos surpreendidos com notícias de trabalho escravo. No setor industrial como um todo, os acidentes de trabalho e as doenças ocupacionais são provas concretas das condições precárias no trabalho”, exemplifica o dirigente.
Assim, os dirigentes nacionais das cinco confederações cutistas do ramo industrial encaminharam a suas entidades filiadas documento convocando para que realizem manifestações em suas regiões. “No caso de São Paulo, orientamos que os sindicatos e federações participem da atividade na avenida Paulista”, destaca Loricardo.
A concentração será às 10 horas na Praça Oswaldo Cruz (no início da avenida), seguida de passeata até a sede da Fiesp, onde as centrais sindicais entregarão a pauta da classe trabalhadora.
Confira o documento das cinco confederações do Macrossetor da Indústria da CUT:
Combate à precarização: uma tarefa de toda a classe trabalhadora
Em 7 de outubro, vamos nos somar a trabalhadores (as) de todo o mundo no Dia Internacional de Combate ao Trabalho Precário Em pleno século XXI, com inovações tecnológicas que transpõem barreiras e facilitam a vida da população, ainda somos surpreendidos com notícias de situações desumanas de trabalho, que afrontam a dignidade humana e que lembram o período medieval da história. Em vários setores da economia, trabalhadores e trabalhadoras são submetidos a condições degradantes para desempenhar suas funções, o que mostra a face mais perversa da lógica empresarial do lucro a qualquer preço. Mesmo com todo o esforço das entidades sindicais, ainda constatamos que no ramo industrial brasileiro há trabalho análogo à escravidão em setores como o do vestuário e da construção civil. Se esta é a situação extrema do aviltamento das relações capital-trabalho, nestes e nos segmentos de alimentação, químico e metalúrgico há condições cotidianas inadmissíveis para o mundo atual, como o risco constante de acidentes (até mesmo fatais) e de doenças profissionais. Junto com esses riscos, outros fatores também contribuem para degradar as condições de trabalho, como a rotatividade da mão de obra e a terceirização. Estes dois expedientes são largamente utilizados pelas empresas para pagar salários inferiores e para tentar evitar a organização sindical no local de trabalho. Por isso, as entidades nacionais dos trabalhadores da CUT do ramo industrial estão à frente, no Brasil, da Campanha Mundial de Combate ao Trabalho Precário, deflagrada pela IndustriALL Global Union, organização internacional que representa diversas categorias profissionais. O PL permite a terceirização em qualquer setor de uma empresa e, se aprovado, pode representar até mesmo o fim das categorias profissionais e, por consequência, de todas as suas conquistas, como salário, jornada e benefícios sociais. Ou seja, vai consolidar a precarização no trabalho em nosso país e intensificar as práticas antissindicais do empresariado. Ao assumirem a Campanha da IndustriALL, as confederações cutistas convocam os (as) trabalhadores (as) da alimentação, do vestuário, da construção civil, metalúrgicos e químicos a se unirem aos trabalhadores e trabalhadoras de todo o mundo em 7 de outubro, no Dia Mundial de Combate ao Trabalho Precário. Nessa data, vamos mostrar que não admitiremos que a classe trabalhadora seja submetida à degradação em seu cotidiano na fábrica e vamos dar continuidade à luta por nossos direitos, por emprego decente e justiça para os verdadeiros responsáveis pelo desenvolvimento econômico, aqui ou em qualquer outra parte do mundo. CNQ – Confederação Nacional do Ramo Químico da CUT |
Texto originalmente publicado na página da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT.