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Megaeventos esportivos violam direitos humanos, aponta plataforma online

Projeto lançado pela ONG britânica Institute for Human Rights and Business, em parceria com a Repórter Brasil, traz informações, por exemplo, sobre mortes de trabalhadores nas construções dos estádios e remoções de comunidades

Os Jogos Olímpicos de Atenas (2004) e Pequim (2008), os Jogos da Commonwealth em Nova Déli (2010) e a Copa do Mundo do Brasil (2014) deixaram ou ainda deixarão momentos de heroísmo esportivo que devem emocionar as milhões de pessoas que os acompanham. Mas esse é apenas um dos lados da história.

Megaeventos esportivos, por seu gigantismo, também são vetores de violações de direitos humanos, envolvendo trabalhadores, migrantes, mulheres e crianças. A construção de grandes obras de infraestrutura e das arenas esportivas não é apenas fonte de emprego e renda, mas também costuma deslocar comunidades e ameaçar os mais diversos direitos. É o que se viu naqueles países e o que se passa também no Brasil.

megaeventosPara levantar episódios de violação, compartilhá-los e propor recomendações a governos e empresas, sobretudos àqueles envolvidos com futuros megaeventos, a ONG britânica Institute for Human Rights and Business acaba de lançar a plataforma online www.megasportingevents.org. O trabalho ainda está disponível apenas em inglês. A Repórter Brasil produziu os estudos referentes ao Brasil que estão disponíveis no portal.

O site traz informações, por exemplo, sobre as 14 mortes de trabalhadores nas obras para as Olimpíadas de Atenas, as 10 nos jogos de Pequim e as sete nas arenas construídas para o Mundial de Futebol do Brasil. Ou ainda sobre os 44 nepaleses migrantes que morreram em 2013 em obras relacionadas a projetos da Copa do Mundo do Qatar, em 2022.

No Brasil, a Repórter Brasil aponta que Copa e Olimpíadas trazem riscos principalmente a seis grupos de direitos humanos: direito ao trabalho decente, direito das crianças e dos adolescentes, direito ao protesto, direito dos stakeholders, direito à moradia e direito dos migrantes.

Como mensagem geral, IHRB – que tem como fundadora Mary Robinson, primeira mulher presidente da Irlanda e ex-alta comissária da ONU para os Direitos Humanos – e Repórter Brasil acreditam que os governos que sediam megaeventos esportivos têm o dever de criar salvaguardas para evitar violações em todas as fases, da preparação do evento até o que fazer com seu legado. Organizações esportivas, organizadores locais, patrocinadores e empresas também têm responsabilidade para com as comunidades anfitriãs e a sociedade em geral para que os maiores padrões internacionais de direitos humanos sejam respeitados.

Leia aqui a íntegra do estudo da Repórter Brasil sobre a Copa do Mundo e as Olimpíadas do Rio.


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2 Comentários

  1. RETIJANE POPELIER

    Importante essa informação.
    Sou admiradora dos esportes e considero o futebol um dos meios mais eficazes para promoção da saúde, alegria, entrosamento, participação. Enfim.
    Todavia, há um CUSTO que não pode ser ignorado.

  2. Ana Guimaraens

    Acho que não é bem assim. Dados sobre as mortes de trabalhadores na construção civil só aparecem quando estão relacionados a este tipo de eventos, quando inúmeros olhos de imprensa (internacional, inclusive) estão acompanhando. O poder financeiro das grandes contrutoras impede que estes fatos cheguem ao conhecimento público, os altos gastos em propaganda na midia tradicional garante esta omissão. Quanto as remoções, é a mesma coisa. Todos os dias aparecem casos de comunidades expulsas das suas casas por conta dos interesses ($$$$$) imobiliários, normalmente respaldados pelas autoridades locais. Também lastreado com patrocínio em campanhas eleitorais.

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