Respostas a novos questionamentos da Tradelink

Empresa enviou questões após publicação da matéria “Tramontina comprou madeira de serraria flagrada com trabalho escravo”. Leia as respostas da Repórter Brasil.
 21/03/2017

Após a publicação da matéria “Tramontina comprou madeira de serraria flagrada com trabalho escravo”, a Tradelink enviou novos questionamentos à Repórter Brasil. Embora a empresa fora ouvida e tivera suas respostas publicadas na reportagem original, a Repórter Brasil volta a esclarecer os novos questionamentos.

Tradelink — O Artigo publicado apresenta claramente uma inconsistência dos fatos, de forma tendenciosa que levam a confundir ao leitor e danificar a imagem da Tradelink, US Floors and Lowe´s, da forma que eles são apresentados.  

Por um lado, o parágrafo sétimo da nota editorial menciona “Embora a reportagem não possa traçar o destino exato de cada pedaço de madeira”, e por outro lado existe o gráfico “Como grande varejista norte-americana…” que vincula a Tradelink com a USFloors e a Lowe´s. O gráfico representa uma linha lógica de fatos que Repórter Brasil claramente estabelece que está incapacitada de fazer. Como Repórter Brasil pode vincular Lowe´s com Bonardi se a matéria prima utilizada não foi essa? Não existe nenhum tipo de ligação, conforme é explicitada no gráfico!. Por favor Andre, poderiam explicar?  

Repórter Brasil — Conforme explicitado em reportagem, o referido gráfico retrata uma rede de relações entre empresas, e não o fluxo de um determinado lote de matérias-primas.  Em nenhum momento a reportagem afirma que a Lowe’s utilizou matéria-prima da Bonardi. Inclusive, as colocações da Tradelink e USfloors a respeito estão expostas no trecho abaixo:

“Em 2015, um dos clientes da Tradelink nos Estados Unidos foi a USFloors, que produz pisos de madeira vendidos, por exemplo, pela rede varejista Lowe’s, a segunda maior cadeia de materiais de construção norte-americana. A Lowe’s possui mais de 1,7 mil lojas no país, além de também estar presente no México e no Canadá. A USFloors confirmou que madeira adquirida pela empresa da Tradelink foi posteriormente vendida à Lowe’s. No entanto, a empresa afirma que essa matéria-prima não era a mesma que a Tradelink havia adquirido da Bonardi da Amazônia. A mesma informação foi dada pela Tradelink, quando procurada pela reportagem.”

 

Tradelink — No dia 13 de Março, a Repórter Brasil emite uma nota e a publica no UOL e, no dia 17 de Março emite uma nova “Lista de Transparência” no qual não aparece listada a Empresa Bonardi, motivo este pelo qual a Tradelink retomou os negócios com a Empresa. Por que não foi informado isso na nota editorial se vocês já deviam estar em posse dessa informação? Por outro lado, por que não é informado, na mesma Nota os motivos pelos quais a Bonardi não faz mais parte da lista? Os motivos pelos quais a Bonardi saiu da lista de transparência são os mesmos que levaram a Tradelink a reiniciar os negócios com a Bonardi, conforme explicamos claramente para Vocês.  

Repórter Brasil — A fundamentação do pedido de acesso à informação que deu origem à lista expõe claramente seu escopo temporal. Transcrevemos, mais uma vez, com destaque, para facilitar a compreensão: “A Repórter Brasil, com fundamento nos artigos 7º, IV, V e VII da Lei 12. 527/2012 e do artigo 5º, XXXIII da Constituição Federal, solicita que seja fornecida a informação com a relação com os empregadores que foram autuados em decorrência de caracterização de trabalho análogo ao de escravo e que tiveram decisão administrativa transitada em julgado, entre 31 de dezembro de 2014 e 31 de dezembro de 2016

A decisão administrativa final sobre o caso de trabalho escravo envolvendo a Bonardi da Amazônia data de 23/07/2014, estando fora do marco temporal do pedido de informação feito pela Reporter Brasil.

Entretanto, isso não significa que a empresa Bonardi da Amazônia não tenha sido autuada e condenada administrativamente pelo emprego de mão de obra em condições análogas à escravidão. Repetimos, para melhor compreensão: a decisão administrativa final sobre o caso de trabalho escravo envolvendo a Bonardi da Amazônia data de 23/07/2014. Tratando-se de informação pública, pode ser consultada e obtida perante o órgão fiscalizador, o Ministério do Trabalho e Emprego.

 

Tradelink — No ano 2012 houve a fiscalização na Bonardi por parte do MP do Trabalho. No ano 2015 o Procurador Allan de Miranda Bruno solicitou arquivamento do processo. Em 2015, o arquivamento do processo foi solicitado pela condição de total atendimento da solicitação do MP do Trabalho por parte da Bonardi, ou seja não existia já nenhum vestigio do trabalho escravo e, longe disso, o procurador solicitou o arquivamento do processo. Como a Reporter Brasil pode informar que a aquisição da USFloors no ano 2015 estava ligada à rede que financia trabalho escravo? Quais são as evidências que a Reporter Brasil tem para informar que em 2015 existia trabalho escravo na Bonardi? Ou seja, a Reporter Brasil esta em desacordo com o pedido de arquivamento do Procurador do Ministério Público ou tem provas – inexistentes no processo – que permitem validar que ainda existía mão de obra escrava?

Repórter Brasil — A Repórter Brasil não afirma em nenhum momento que, em 2015, existia trabalho escravo na Bonardi. A reportagem descreve os fatos ocorridos em 2012 e que levaram à responsabilização da empresa, naquele ano, pela prática criminosa. O texto descreve ainda fatos apurados, e confirmados pela Tradelink, indicando compra da matéria-prima pela empresa antes e depois do flagrante. É nesse contexto que a reportagem menciona a Tradelink. Da mesma forma, a USFloors também é abordada devido ao seu envolvimento comercial com a Tradelink – que, por sua vez, possuía como fornecedor a Bonardi entre 2012 e 2015.

 

Tradelink — Não existe conexão, provas ou qualquer fato fundamentado de que a madeira adquirida pela Tradelink à Empresa Bonardi foi financiadora de mão de obra escrava. Existe entre o momento da compra e o da fiscalização do MPT aprox. 45 dias. Logo, a Tradelink colocou o fornecedor em quarentena. Como chegam a essa conclusão?

Repórter Brasil — Conforme explicado no ponto anterior, a Repórter Brasil não afirma em nenhum momento que, em 2015, existia trabalho escravo na Bonardi. A reportagem descreve os fatos ocorridos em 2012 e que levaram à responsabilização da empresa, naquele ano, pela prática criminosa. O texto descreve ainda fatos apurados, e confirmados pela Tradelink, indicando compra da matéria-prima pela empresa antes e depois do flagrante. É nesse contexto que a reportagem menciona a Tradelink. Da mesma forma, a USFloors também é abordada devido ao seu envolvimento comercial com a Tradelink – que, por sua vez, possuía como fornecedor a Bonardi entre 2012 e 2015.

 

Tradelink — Existe por parte da Reporter Brasil uma falta de menção sobre a responsabilidade de fiscalização dos órgãos competentes. O processo de due dilligence da Tradelink tem por objetivo mitigar riscos, porém existem responsabilidade especificas de cada um dos setores que compõem a sociedade. O primeiro setor, que é o Governo tem por objetivo garantir a aplicação da lei em tempo e forma. 

Repórter Brasil — A Repórter Brasil atua na promoção dos direitos humanos com distintas abordagens. Você pode conhecer nossas iniciativas, inclusivas aquelas em relação ao poder público, no site de nossa organização.

 

Tradelink — Não verificamos, no artigo da Reporter Brasil, menção que a Tradelink atua adquirindo matéria prima num território de 1.25 milhões de km² e que aplica um rigoroso processo de due dilligence para mitigar riscos e corrigir erros. Apesar de termos detalhado as especificidades do nosso processo de due dilligence, não houve por parte da Reporter Brasil sequer menção ou tratamento ao assunto, sobre a idoneidade do mesmo, pontos a corrigir, etc.  

Repórter Brasil – Todas as respostas encaminhadas pela Tradelink através do funcionário David Serfaty, que descrevem o processo de due diligencie da empresa, foram reproduzidas em página linkada ao texto principal da reportagem: http://reporterbrasil.org.br/2017/03/resposta-da-tradelink/

 

Leia reportagem completa: “Tramontina comprou madeira de serraria flagrada com trabalho escravo”

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