Colniza, a cidade do Mato Grosso à espera da próxima chacina

O tom premonitório alcançou até o coveiro, que se adiantou e abriu novas sepulturas. Em abril, nove trabalhadores rurais foram executados. A Justiça denunciou um grupo de extermínio, comandado por um madeireiro
Por Thais Lazzeri e Raíssa Genro
 10/07/2017

Em um dia de aparente tranquilidade, sem velório ou enterro, o coveiro Valdinei Carço cava mais uma cova no chão de terra vermelha, ao lado de outra, recém-aberta. Os buracos seguem uma fila linear, trabalho que ele exibe com orgulho. Túmulos à espera de um dono não eram comuns até a última chacina em Taquaruçu do Norte (distrito de Colniza), em 19 de abril, quando nove homens foram executados em disputas de terra. Carço enterrou cinco. “Tinha gente demais, até atrapalhava o trabalho”, diz, sobre o tumulto daquele dia. Por isso, diz, decidiu se antecipar à próxima chacina, tema de conversas na pacata e hostil Colniza.

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