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Suape

+ – A ilustração é uma leitura aproximada do Complexo Industrial e Portuário de Suape Para navegar no mapa, acesse a reportagem no seu desktop novembro de 2017 Os caminhos sinuosos de Suape Moradores de comunidades tradicionais de Pernambuco denunciam complexo industrial gerido pelo governo por violações de direitos humanos, como ameaças e expulsões; acusações chegaram à ONU Texto Thais Lazzeri, de Ipojuca (PE) Imagens Fernando Martinho Design Datadot #1 Quem é o invasor? #2 Uma milícia de coronéis #3 O quilombo ameaçado #4 Risco iminente #5 Sobreviver ficou mais difícil #6 Da ilha para o asfalto #7 Notas oficiais Milicia de coronéis { Petroquímica instalada no Complexo Industrial e Portuário de Suape, Pernambuco. Das 25 mil pessoas que moravam na região, mais de 18 mil deixaram o local } Quem é o invasor? compartilhe “Meus pais e meus avós morreram aqui. Como Suape chama a gente de invasor?”, questiona Maria Madalena da Silva, 65 anos, quilombola da comunidade Ilha Mercês, onde 90% da população vive da agricultura e da pesca. Ela sabe a resposta. A construção do Complexo Industrial Portuário de Suape, um megaempreendimento de 13.500 hectares no litoral sul de Pernambuco, começou em 1978 dentro de terras habitadas há gerações por comunidades tradicionais. Por lei, esses moradores têm direito a permanecer. Porém, não é a realidade das famílias que estão ali há mais de um século. Mais de 25 mil pessoas viviam na região antes do empreendimento chegar, segundo dados do Fórum Suape, organização que presta assistência às comunidades de quilombolas, ribeirinhos, pescadores, marisqueiros, quebradeiras de coco e agricultores. Hoje, eles são menos de 7 mil, todos tratados como invasores dentro do território tradicional. O responsável pelo êxodo forçado, afirmam as famílias, foi o Complexo Industrial Portuário Governador Eraldo Gueiros, conhecido apenas como Suape. Com capital social estimado em mais de R$ 1,2 bilhão, a empresa de capital misto tem como sócio majoritário o governo pernambucano. { Moradores de diversas comunidades afirmam que parentes não foram indenizados após a remoção } Entre os municípios de Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho, Suape funciona como um porto e como um polo de negócios, fornecendo a infraestrutura de grandes lotes de terras para receber empresas interessadas em expandir seu mercado regional ou suas exportações. Entre elas, a Unilever, Fedex, Toyota, Deca, Campari, Pepsico do Brasil e Solar Coca-Cola. As mais de 100 empresas instaladas superam R$ 50 bilhões em investimentos privados e empregam mais de 18 mil pessoas, segundo o governo. Foi com o ex-governador Eduardo Campos (PSB), morto em um acidente de avião em 2014, que o complexo expandiu e ganhou o status de “motor do Nordeste”. O Estado hoje está sob o comando de Paulo Câmara (PSB), afilhado político de Eduardo Campos. Em janeiro deste ano, Marcos Baptista, então secretário de Habitação, assumiu a presidência do Complexo e o vice-governador Raul Henry (PMDB) ficou com a secretaria de Desenvolvimento Econômico, responsável por Suape. { Uma das casas destruídas no quilombo Ilha Mercês. Caso está sendo investigado pelo Ministério Público Federal } Os benefícios propagandeados por Suape – geração de renda e emprego atrelado à preservação ambiental – estão nos outdoors que margeiam os polos industriais. Mas não é preciso ir muito longe para encontrar os impactos diretos que não estão no marketing do complexo. Os moradores que resistem relatam violações graves, entre eles ameaças – às vezes com uso de armas de fogo – que seriam feitas por funcionários do complexo. Eles falam também de restrições de acesso ao território, cobranças indevidas e demolições sem mandato judicial – entre uma série de outras denúncias. Ao menos três comunidades […]









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A ilustração é uma leitura aproximada do Complexo Industrial e Portuário de Suape

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novembro de 2017
Os caminhos sinuosos de Suape
Moradores de comunidades tradicionais de Pernambuco denunciam complexo industrial gerido pelo governo por violações de direitos humanos, como ameaças e expulsões;
acusações chegaram à ONU
Texto Thais Lazzeri, de Ipojuca (PE)
Imagens Fernando Martinho
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