Em resposta a publicação feita pela Repórter Brasil/Agência Pública apresentando uma relação entre uso de agrotóxicos e aumento de casos de câncer, esclarecemos que não é possível fazer tais afirmações.
A reportagem relaciona, de forma frágil e sem nenhuma comprovação científica, casos de câncer com a utilização de defensivos agrícolas. É irresponsável atribuir casos da doença somente pelo fato de a pessoa morar em uma área rural.
O câncer é uma doença cada vez mais comum, devido, em grande parte, ao envelhecimento, à mudança de estilo de vida e à melhoria do diagnóstico. Cientistas identificaram fatores de risco modificáveis – como tabagismo, consumo de álcool, dieta pouco saudável, obesidade, atividade física insuficiente e infecções – como fatores que contribuem para o risco de certos tipos de câncer.
Estudos muito amplos de agricultores (e pessoas com acesso a defensivos) estão em andamento nos EUA e na França. Os resultados destes estudos até o momento mostraram que os agricultores tendem a ser mais saudáveis e têm menos câncer, em geral, quando comparado com outros grupos.
A EFSA (Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar) revisou 164 publicações sobre a relação entre exposição a defensivos e o câncer. A agência, concluiu que, embora alguns estudos tenham revelado associações entre a exposição ocupacional a defensivos e um câncer específico, como linfoma, leucemia e câncer de próstata, outros estudos não o fizeram. Os revisores da EFSA recomendaram estudos adicionais para avaliar exposições na infância e leucemia antes de tirar conclusões finais.
Com a possível exceção de alguns poucos agentes de interesse principalmente histórico, que não estão mais em uso, os defensivos agrícolas não são uma causa estabelecida de câncer. Estudos continuam a ser conduzidos para melhor compreender a progressão da doença e, em última instância, a causa de cânceres específicos. Da mesma forma, estudos de defensivos estão em andamento para avaliar se a exposição a determinados produtos está associada ao câncer.