Em parceria com o Fashion Revolution, a Repórter Brasil lança a nova versão do aplicativo Moda Livre na sexta-feira, 24 de abril. Referência em sustentabilidade segundo as Nações Unidas (ONU), e com mais de 200 mil downloads, o APP avalia como as principais marcas e varejistas de roupa do país monitoram seus fornecedores e combatem o trabalho escravo.
O lançamento oficial acontece em uma live, a partir das 19h, mediada pela diretora do Fashion Revolution, Eloisa Artuso, e com participação do jornalista Leonardo Sakamoto, presidente da Repórter Brasil.
Disponível para Android e iPhone, o Moda Livre agora está publicado também em formato de site, no endereço modalivre.org.br. Além de contar com um design mais moderno e novas funcionalidades, como sistema de busca e ranking para comparação das marcas, o APP também apresenta uma nova metodologia, mais complexa e detalhada. Outra seção do aplicativo traz a relação dos 43 casos de trabalho escravo flagrados no setor de vestuário até hoje no país.
A avaliação das 123 marcas atualmente listadas no Moda Livre é feita através de um sistema de pontuação. A nota atribuída a cada empresa é calculada a partir de duas ferramentas: um questionário, respondido de forma voluntária pelas marcas, e um histórico, elaborado pela equipe da Repórter Brasil com base em fiscalizações do governo federal.
A partir daí, as marcas são classificadas em quatro cores:
Verde: empresas que atingiram ao menos 75% da pontuação máxima. São aquelas que demonstram ter os melhores mecanismos de acompanhamento de sua cadeia produtiva, além de possuírem histórico favorável em relação ao tema.
Amarela: empresas que atingiram de 50% a 75% da pontuação máxima. São aquelas que demonstram ter mecanismos de monitoramento de sua cadeia produtiva, mas que possuem histórico desfavorável em casos de trabalho escravo e/ou precisam aprimorar suas ferramentas de combate a problemas trabalhistas.
Vermelha: empresas que atingiram menos de 50% da pontuação máxima. São aquelas que não demonstram ter mecanismos de acompanhamento de sua cadeia produtiva. Além disso, podem apresentar histórico desfavorável em relação ao tema.
Cinza: novidade desta atualização, esta categoria engloba as empresas que não responderam o questionário nos seis primeiros meses após terem sido contactadas pela Repórter Brasil. Após esse período, as empresas que continuam sem responder são automaticamente reclassificadas na cor vermelha.
É importante frisar que o Moda Livre não recomenda que o consumidor compre ou deixe de comprar roupas de qualquer marca.
Escravidão na moda
Centenas de trabalhadores – principalmente imigrantes de países sul americanos – já foram resgatados de condições análogas às de escravidão em oficinas de costura precárias. A capital paulista e a região metropolitana de São Paulo (SP) concentram a maior parte dos casos flagrados por fiscais do governo federal.
Quase sempre essas oficinas são empreendimentos terceirizados. Não raro, produzem para grifes de renome nacional. Há também muitos flagrantes de trabalho escravo associados a pequenos varejistas instalados em importantes polos comerciais de roupas.
O dia 24 de abril é uma referência mundial para o debate sobre sustentabilidade na indústria da moda. Foi nessa data que ocorreu o desabamento do edifício Rana Plaza, em Bangladesh. No total, 1127 pessoas morreram com a queda do prédio, em 2013. Elas trabalhavam em oficinas em péssimas condições e prestavam serviço a marcas mundialmente conhecidas. A tragédia motivou a criação do Fashion Revolution, iniciativa global que pauta discussões sobre consumo consciente e práticas socioambientais no setor da moda.
A programação completa da semana de eventos do Fashion Revolution, de 20 a 26 de abril, pode ser conferida aqui.