Íntegra da resposta para a reportagem sobre como criadores de gado incentivam desmatamento

Confira o posicionamento da JBS sobre fornecedores que driblam acordo com MPF e incentivam desmatamento
 12/06/2020

O posicionamento é referente à reportagem Amazônia: como criadores de gado driblam acordo com MPF e incentivam desmatamento.

A JBS reitera que está totalmente comprometida com a erradicação do desmatamento em toda sua cadeia de fornecimento. A Companhia tem pautado seus relacionamentos e negócios no compromisso absoluto com a sustentabilidade e foi uma das primeiras empresas do setor a investir em políticas e tecnologia para combater, desencorajar e eliminar o desmatamento na Amazônia.

Desde 2009, a JBS possui uma Política de Compra Responsável de matéria-prima que estabelece critérios socioambientais para a seleção de seus fornecedores de gado, principalmente para excluir fazendas envolvidas com desmatamento de sua lista de fornecedores. Para garantir que as compras de matérias-primas atendem aos critérios socioambientais estabelecidos pela política da Companhia, todas as fazendas fornecedoras da JBS na Amazônia são monitoradas com imagens de satélite e dados georreferenciados das propriedades.

O sistema de monitoramento da empresa, considerado um dos maiores e mais sofisticados do mundo, avalia mais de 50.000 potenciais fazendas fornecedoras de gado todos os dias, cobrindo uma área de produção na Amazônia de mais de 450.000 km² (111 milhões acres), maior que o território da Alemanha (357.000 km²) ou do estado da Califórnia (424.000 km²), nos EUA.

 A JBS não compra gado de fazendas envolvidas com desmatamento de florestas nativas, invasão de áreas protegidas como terras indígenas ou áreas de conservação ambiental, ou propriedades que estejam com áreas embargadas pelo IBAMA. Também não realiza compras de gado de fornecedores envolvidos em violência rural ou conflitos agrários, ou que utilizam trabalho infantil ou em condição análoga à escravidão. Em todos esses anos de operação, mais de 9.000 fazendas fornecedoras foram bloqueadas pelo sistema de monitoramento da empresa por situações de não conformidade com seus critérios socioambientais.

 Para promover a transparência de suas ações, as operações de compras de gado e todo o sistema de monitoramento de fornecedores da Companhia são auditados anualmente, de forma independente. As auditorias realizadas nos últimos seis anos, pelas empresas DNV-GL e BDO, revelam que mais de 99,9% das compras de gado da JBS, de fazendas localizadas na região amazônica, cumprem com os critérios socioambientais da empresa. Os resultados dessas auditorias estão disponíveis no site da companhia.


Fornecedores indiretos

A rastreabilidade de toda a cadeia da carne, embora seja uma tarefa complexa, pode ser alcançada no médio prazo. A JBS está desenvolvendo diferentes abordagens para aprimorar a rastreabilidade completa de sua cadeia de fornecimento, com ênfase no fornecedor indireto.

Um dos grandes desafios para o monitoramento de toda a cadeia de fornecimento, incluindo os fornecedores indiretos, é a dificuldade de acesso às informações que permitam rastrear todas as etapas do processo. Além disso, o monitoramento dos fornecedores indiretos é uma questão estrutural e bastante diferente do monitoramento dos diretos, o que exige um trabalho colaborativo e uma abordagem sólida no nível setorial, em vez da visão tradicional da rastreabilidade individual dos animais.

Para avançar no monitoramento dos fornecedores indiretos, a JBS tem discutido com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) sobre a criação de um novo procedimento para a emissão das Guias de Trânsito Animal (GTAs), que indique o status ambiental das fazendas produtoras de gado na própria GTA. A partir disso, o sistema emissor das GTAs do Ministério da Agricultura cruzaria automaticamente as informações das fazendas, que estão solicitando o documento, com os casos presentes na lista pública de áreas embargadas pelo IBAMA por desmatamento ilegal e indicaria em algum campo da própria GTA se a fazenda consta ou não na lista do órgão.

A partir dessa nova informação incluída na GTA, a JBS passaria a solicitar que seus fornecedores diretos (terminação/engorda do gado) comprem bezerros e garrotes somente de fazendas que não estejam envolvidas em desmatamento ilegal, ou seja, apenas de propriedades que venderam seus animais com “GTA-Verde” e não figuram na lista pública de áreas embargadas pelo IBAMA.

Na prática, a partir dessa estratégia, os fornecedores diretos da JBS poderiam verificar de maneira muito simples e sem custo o status ambiental dos fornecedores indiretos da empresa (cria ou recria) com relação à questão do desmatamento ilegal.

A JBS acredita que a ideia da “GTA-Verde” é bastante promissora, pela sua simplicidade de implementação, e, principalmente, por ser um processo que não traz risco de fragilizar o sistema de controle sanitário do rebanho brasileiro, baseado na GTA.


“Lavagem ou esquentamento de gado”

Além de garantir que fazendas envolvidas com desmatamento não façam parte da lista de fornecedores da Companhia, a JBS também tem como prioridade desenvolver estratégias setoriais, aplicadas a toda a indústria da carne na Amazônia, com objetivo de reduzir o desmatamento na região. Um bom exemplo disso é o programa “Boi na Linha” (https://www.boinalinha.org/), desenvolvido pela JBS em parceria com o Ministério Público Federal e a ONG Imaflora, que definiu protocolos de monitoramento de fornecedores e de auditoria das compras de gado que devem ser seguidos pelos frigoríficos atuando na Amazônia Legal.

Um dos critérios de monitoramento definidos pelo programa é um “índice teórico” de produtividade de gado por hectare por ano, que deve ser utilizado pelos frigoríficos para avaliar seus fornecedores, a fim de identificar casos suspeitos de “lavagem ou esquentamento de gado”, que ocorre quando um produtor cuja fazenda apresenta um embargo ambiental por desmatamento ilegal utiliza a fazenda de um terceiro para repassar seu gado aos frigoríficos.

A partir dos cálculos do “índice teórico”, se uma propriedade fornecedora de gado tiver uma produtividade acima da quantidade máxima estabelecida, ou seja, 3 cabeças de gado por hectare por ano, deve-se então verificar se a fazenda utiliza algum sistema de produção de alta produtividade como confinamento, semiconfinamento, suplementação alimentar, etc., que possa justificar o número alcançado. Caso contrário, a propriedade será classificada como suspeita de “lavagem ou esquentamento de gado” e, neste caso, a empresa deve interromper a negociação com este fornecedor.

De acordo com o que foi estabelecido com o Ministério Público Federal, o “índice teórico” de produtividade de gado será efetivado no monitoramento socioambiental de fornecedores de gado da JBS a partir de 01 de julho deste ano.


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