Íntegra da resposta para a reportagem sobre o preço do remdesivir no Brasil

Confira as respostas da farmacêutica Gilead Sciences a respeito do desenvolvimento do remdesivir, droga que recebeu ao menos US$ 70 milhões em investimentos públicos norte-americanos
 15/06/2020

O posicionamento é referente à reportagem “Remdesivir: por que o único remédio aprovado para coronavírus deve chegar com preço exorbitante ao Brasil“.

Gilead

O fato de o licenciamento voluntário do remdesivir não ter incluído o Brasil não significa que a Gilead não esteja comprometida e trabalhando em conjunto com as autoridades regulatórias locais e buscando alternativas de produção voltadas às singularidades do nosso país.

Em relação ao programa de licenciamento voluntário, os países incluídos deveriam atender a determinados critérios socioeconômicos, em diferentes escalas, como também deveriam atender a uma condição, comum a todos eles, que é o enfrentamento de obstáculos significativos de acesso à saúde.

Acreditamos que o preço do truvada reflete o valor que o medicamento agrega aos pacientes, sistemas de saúde e sociedade. No Brasil, o truvada tem registro na Anvisa e atua no mercado nacional em pé de igualdade com outros genéricos deste medicamento.

O remdesivir é resultado de mais de uma década de pesquisa e experimentação pelos cientistas da Gilead. Nos últimos dez anos seu impacto tem sido estudado em vírus de febres hemorrágicas como Ebola, Marburg e Nipah, bem como em outros coronavírus como Sars e Mers. Quando surgiu a Covid-19, a Gilead já tinha construído conhecimento suficiente para rapidamente iniciar os estudos clínicos necessários.

Desde os inícios dos estudos e ainda hoje, embora sejam promissores, os resultados de eficácia e segurança precisam ser confirmados pelos diversos estudos clínicos que estão em andamento. 

Embora as instituições no Brasil não tenham patrocinado pesquisas clínicas sobre o remdesivir, o medicamento está sendo estudado em pacientes em todo o mundo, inclusive no Brasil. Esses estudos incluem o estudo “Solidarity” da OMS e o estudo “Remdacta”, conforme detalhes abaixo.

O estudo da OMS, “Solidarity”, examinará a segurança e a eficácia de remdesivir e outros medicamentos para tratar a COVID-19. A OMS está disponibilizando esse protocolo a países interessados em estudar os compostos. O Brasil é um deles: https://www.who.int/emergencies/diseases/novelcoronavirus-2019/global-research-on-novel-coronavirus-2019-ncov/solidarity-clinical-trial-for-covid-19-treatments

A Gilead e Roche anunciaram recentemente uma colaboração clínica para avaliar o remdesivir mais tocilizumabe (Actemra / RoActemra) como um potencial tratamento combinado para a pneumonia por Covid-19. O estudo “Remdacta” é um estudo clínico de fase 3, randomizado, duplo-cego e controlado por placebo, que avalia a segurança e a eficácia do remdesivir mais tocilizumabe intravenoso em pacientes hospitalizados com pneumonia grave por COVID-19. A pesquisa clínica está sendo realizada globalmente. O remdesivir é um produto experimental e seu perfil clínico não foi considerado seguro ou eficaz.

Além disso, a Gilead está financiando múltiplos estudos clínicos conduzidos por outras organizações em todo o mundo, com a doação do medicamento em estudo e o fornecimento de contribuição científica para esses estudos.

A Gilead considerou cuidadosamente os países onde a empresa pode melhor apoiar o acesso por meio de nossas próprias operações, bem como os países onde uma parceria com licenciados voluntários traria o maior benefício. A abordagem da Gilead inclui salvaguardas para evitar interrupções na cadeia global de fornecimento de remdesivir e para garantir que os esforços do licenciado sejam focados nos países que mais se beneficiariam com o modelo de acesso. Não apoiamos o pool de tecnologia da OMS porque ele não foi testado e propõe uma abordagem única para todo o mundo e não protegeria contra interrupções na cadeia de suprimentos.

Além disso, as abordagens globais de licenciamento assumem que a propriedade intelectual é uma barreira ao acesso, o que não é o caso do Covid-19, nem em nossas experiências anteriores com o trabalho para permitir o acesso aos medicamentos para HIV e HCV em todo o mundo. Pelo contrário, a propriedade intelectual permitiu à Gilead licenciar seus medicamentos com qualidade, apoiando o investimento em pesquisa e atuando em parceria com outras empresas na sua fabricação, permitindo assim o acesso da população a medicamentos inovadores.

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