NOTA A REPÓRTER BRASIL – 19/10/2021
A Marfrig possui um compromisso público com o combate ao desmatamento no bioma Amazônia desde 2009 — e vem desenvolvendo várias ações concretas nesse sentido, todas devidamente publicadas e documentadas. Ao longo da última década, a empresa investiu mais de 260 milhões de reais em iniciativas de sustentabilidade voltadas à sua cadeia de valor e vem aprimorando constantemente suas práticas, em todas as dimensões do ESG — ambientais, sociais e de governança. Respeitamos o trabalho das ONGs responsáveis pela manifestação enviada ao Banco Interamericano de Desenvolvimento. Mas não podemos concordar com a visão superficial — e, em alguns pontos, distorcida — da narrativa empregada. Vamos aos fatos:
Na frente ambiental, a Marfrig mantém uma rígida política de compra de animais e um protocolo com critérios e procedimentos que são pré-requisitos para a homologação de fornecedores. Essas condições incluem parâmetros socioambientais focados no combate ao desmatamento, ao trabalho escravo, às atividades em áreas de proteção ambiental, indígenas ou embargadas pelo Ibama. Somente são homologados fornecedores em conformidade com esses termos e, a cada nova compra de gado, a checagem é refeita. Quando uma não conformidade é identificada, o fornecedor é imediatamente bloqueado até que a situação se esclareça.
Além disso, a Marfrig monitora, via satélite e em tempo real, a região amazônica desde agosto de 2009. A área monitorada equivale a 30 milhões de hectares, um território maior que o estado de São Paulo ou o Reino Unido. E, para dar maior confiabilidade nesses processos, todo esse sistema de compra é submetido à avaliação de auditores externos. Nas últimas oito auditorias anuais, a companhia esteve 100% em conformidade com os requisitos auditados de seus fornecedores diretos.
Em meados de 2020, lançou o Plano Marfrig Verde+. O plano, pioneiro no país, tem como objetivo rastrear 100% da sua cadeia, incluindo os fornecedores indiretos. A cadeia de produção da empresa na Amazônia estará totalmente rastreada e livre de desmatamento até 2025. Em 2030, esse cenário estará estendido a todos os demais biomas. A empresa está fazendo isso em parceria com os produtores, numa estratégia de inclusão sustentável, baseada no desenvolvimento de mecanismos financeiros, assistência técnica e tecnologias de monitoramento e rastreabilidade. A pura e simples exclusão de produtores, muitos deles pequenos e sem acesso à tecnologia e a crédito, não é a solução para os problemas da Amazônia. Esse pode ser o caminho mais fácil — mas não acreditamos que seja o mais eficiente e justo em termos socioambientais.
Embora tenha objetivos de médio e longo prazos, o Plano Marfrig Verde+ já apresenta vários resultados mensuráveis. Mais de 60% da cadeia de valor da Marfrig no bioma Amazônia e 47% no bioma Cerrado foram mapeados. Houve a regularização e reinclusão de mais de 1.000 fornecedores no cadastro da companhia. A tecnologia blockchain foi adotada para dar mais segurança aos dados coletados. Em parceria com a Agroicone, foi realizado o mapeamento de risco. Modelos de produção integrados como o Carne Carbono Neutro (CCN), em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), foram desenvolvidos. A companhia adotou o Visipec (ferramenta para identificação de fornecedores indiretos) e implantou o protocolo unificado de compra de gado na Amazônia Legal. Por fim, o programa Marfrig Club, com protocolo de acompanhamento e polos de suporte técnico para regularização do produtor, foi reformulado. Estamos falando de fatos, que podem ser comprovados, e não de narrativas vazias.
As acusações descritas na carta enviada ao BID precisam de esclarecimentos. Todos os casos de supostas irregularidades ambientais citados pela ONG Global Witness foram analisados e repassados ao conhecimento da organização. A maioria deles — 42 — ocorreu antes de outubro de 2009, data do estabelecimento do Compromisso Público da Pecuária na Amazônia. Em outros 15 casos, as operações estavam regulares, de acordo com o Prodes das datas dos abates. Onze casos eram falsos-positivos — o histórico de imagens indica que a área foi antropizada antes da data do Compromisso, não caracterizando novo desmatamento ou mostra que o polígono não apresenta característica de corte de vegetação. Em 14 casos houve sobreposição de polígonos menores que 6,25 hectares e que estão em conformidade com as regras estabelecidas pelo Inpe. Dois casos citavam propriedades bloqueadas para compra pela empresa. Por fim, havia cinco casos em que não foi possível identificar as propriedades, uma vez que o CAR informado pela ONG não corresponde a nenhuma fazenda cadastrada no banco de dados da Marfrig. Portanto, não há prova alguma de que a Marfrig tenha desrespeitado seu protocolo.
Esclarecimentos também são necessários nos supostos casos de falha de compliance descritos no documento enviado ao BID. A maior parte dos casos apontados foram respondidos pela companhia e exaustivamente investigados pelas autoridades competentes, sem que a Marfrig jamais tenha sido condenada.
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