É com indignação que, ao ler a reportagem acima, percebo que perdemos mais uma oportunidade de esclarecer aos leitores os problemas que atingem o nosso Pantanal, assim como as possíveis soluções para eles. Há 15 anos, tenho dado minha contribuição para a conservação do bioma, me unindo a outras organizações e comunidades da região em grandes esforços, com centenas de pessoas envolvidas. Com esses esforços, ajudamos a mostrar ao país e ao mundo a gravidade dos incêndios de 2020 que devastaram grandes áreas, inclusive na minha fazenda. E me espanta que, depois de ajudar a dar visibilidade ao problema, eu seja alvo de conjecturas absurdas e sem fundamento de que o teria causado ou permitido.
A Fazenda Santa Tereza possui praticamente toda sua área destinada à preservação ambiental, que é a razão de sua existência. Uma pequena porção é ocupada por gado sem finalidade econômica, com o único propósito de manter o capim baixo nessa faixa de terra justamente para evitar que focos de incêndio se alastrem por ali. Nunca utilizamos fogo no manejo de pastos e, ao contrário do exposto na reportagem, os incêndios tanto de 2020 quanto deste ano tiveram origem fora da propriedade. Não há
qualquer questionamento sobre o nosso trabalho, muito pelo contrário, fomos reconhecidos como exemplo de atuação ambiental pelo próprio Instituto Homem Pantaneiro, citado na matéria. Lamento essas insinuações equivocadas, baseadas em apurações falhas, que não contribuem para um conhecimento e engajamento maiores na causa tão importante de proteção e conservação do Pantanal.
Teresa Bracher
Confira a matéria: Fogo no Pantanal: fazenda do ex-presidente do Itaú queima pelo segundo ano consecutivo