BNP Paribas
Como o principal banco europeu, estamos significativamente expostos a possíveis ações judiciais de ONGs, embora, paradoxalmente, nossas políticas setoriais estejam entre as mais rigorosas e a transição de nossas carteiras de crédito estejam entre as mais avançadas em comparação com o restante do setor. Sobre biodiversidade, especificamente, o BNP Paribas já demonstrou sua consciência sobre essa questão perante todo o setor e suas ações nesse tema já são muito significativas.
Após a adoção em 2010 de políticas setoriais rigorosas de financiamento e investimento em setores que colocam as florestas em risco (por exemplo, agricultura, polpa de madeira e óleo de palma), em 2021, o BNP Paribas fortaleceu seus critérios de financiamento e investimento para os setores de carne bovina e soja na Amazônia e no Cerrado brasileiro.
O BNP Paribas exige que seus clientes tenham uma estratégia de “desmatamento zero” em suas cadeias de produção e fornecimento até 2025, bem como a rastreabilidade total das cadeias de fornecimento (diretas e indiretas) de carne bovina e soja na Amazônia e no Cerrado brasileiro. O Grupo deixará de fornecer produtos ou serviços financeiros a empresas que não estejam alinhadas com esta política.
O BNP Paribas é o primeiro banco internacional a adotar critérios tão rigorosos e com prazo determinado para combater o desmatamento e garantir a rastreabilidade dessas atividades em áreas sensíveis. No mais recente estudo, “In Debt To the Planet” (Em dívida com o planeta), publicado pela ONG britânica ShareAction em dezembro de 2022, foram analisadas as estratégias e abordagens dos 25 maiores bancos europeus para proteger a biodiversidade e combater as mudanças climáticas, dentre os quais o BNP Paribas ocupa o primeiro lugar.
Somente o engajamento coletivo de todas as instituições financeiras envolvidas pode ser plenamente eficaz. Neste sentido, simplesmente deixar de financiar esses atores não teria impacto positivo em suas práticas, pois ainda contariam com um número grande o suficiente de credores para suas atividades.
Marfrig
Repórter Brasil: As organizações pedem que o banco exija rastreabilidade completa da cadeia aos frigoríficos agora, e não até 2025, conforme é o plano da Marfrig e a exigência atual do BNP. A Marfrig estaria preparada para adotar isso caso o banco seja obrigado a incluir essa condicionante em seus contratos de financiamento?
R: A Marfrig reforça o seu compromisso de tornar sua cadeia de fornecimento completamente livre de desmatamento até 2025, sob a premissa do desmatamento zero, conforme seu Programa Marfrig Verde+, lançado em 2020. Os avanços, até o momento, são concretos e auditáveis. A companhia já monitora 100% de seus fornecedores diretos e 72% dos indiretos — sendo que as áreas mais críticas (de risco alto e muito alto) já estão completamente rastreadas.
A Marfrig desenvolveu, em parceria com o Agroicone, um mapa de mitigação de riscos que classifica as áreas de produção pecuária como de risco de desmatamento muito alto, alto, médio, baixo e muito baixo. Com isso, a empresa já consegue controlar 100% dos fornecedores indiretos localizados em áreas de risco muito alto. Até o final de 2023, fará o monitoramento de 100% desses fornecedores indiretos em regiões de risco médio.
A Marfrig tem feito todos os esforços para acelerar o processo de monitoramento de indiretos e está totalmente segura de que, independentemente de políticas públicas, caminha para obter uma cadeia de fornecimento absolutamente livre de desmatamento dentro do prazo estipulado. Vale ressaltar que a Marfrig é a única empresa de seu setor que já alcançou essas taxas de monitoramento de indiretos e foi pioneira em criar um programa com ações concretas e auditáveis.
Repórter Brasil: As ONGs também defendem que os dados de GTA sejam tornados públicos (e dizem que a Marfrig fez lobby para evitar que isso ocorresse), incluindo o nome da fazenda, o fazendeiro e seu número fiscal. A Marfrig estaria disposta a entregar esses dados, se essa fosse a determinação de um financiador?
R: Trata-se de uma acusação infundada. A Marfrig jamais fez lobby para evitar que os dados de GTAs sejam públicos. Pelo contrário. A Marfrig é totalmente favorável que os bancos de dados das GTAs sejam de acesso público e que as guias contenham também número do CAR. Isso permitiria que, a partir da GTA, qualquer organização do Brasil – privada, pública ou da sociedade civil – pudesse determinar os perímetros das fazendas percorridas por um lote de animais até o momento em que chegam aos frigoríficos.
Mais do que isso: nos últimos anos, a Marfrig tem atuado para que haja uma política pública que utilize as informações dos GTAs, pois acredita que esse sistema permitiria o controle efetivo de origem de animais, chegando-se a um sistema de identificação individual e de rápida implementação.
Leia aqui a reportagem “ONGs pedem multa diária de 10 mil euros a banco francês por financiamento irresponsável da Marfrig“