Íntegra das respostas da JBS, Mercúrio, Colombo e Mapa

Íntegra das respostas enviadas para a reportagem ‘Vaca louca: 5 mil bois podem ter saído de terra indígena no Pará sem controle sanitário’
 06/03/2023

JBS

O fornecedor direto da JBS citado – a Fazenda Bananeira, Apucarana e São Pedro – está em conformidade com o Protocolo de Monitoramento de Fornecedores de Gado do Ministério Público Federal (Boi na Linha) e com a Política de Compra Responsável de Matéria-Prima da JBS. Diante dos fatos informados pela Repórter Brasil, a empresa entrou em contato com seu fornecedor, pedindo verificação dos casos e providências. A JBS reitera seu compromisso com uma cadeia de fornecimento em que os produtores não atuem em áreas de desmatamento ilegal, terras indígenas ou unidades de conservação ambiental; não utilizem mão de obra análoga à escrava, nem possuam embargos ambientais. A JBS já monitora todos os seus mais de 80 mil fornecedores diretos quanto a esses critérios e para garantir o mesmo controle para os fornecedores de seus fornecedores, a empresa lançou a Plataforma Pecuária Transparente, ferramenta online e gratuita, com tecnologia blockchain. Até 2025, todos os fornecedores diretos da JBS precisarão estar na plataforma para manter negócios com a Companhia. 

Com relação à garantia dos aspectos sanitários, mais um compromisso da JBS, é importante observar que todas as plantas da Friboi possuem os procedimentos de inspeção ante e post mortem no âmbito do Serviço de Inspeção Federal (SIF), de forma a atender às questões de saúde pública e vigilância em saúde animal, contando com um veterinário desse órgão, em tempo integral, para essa verificação sanitária individual dos animais, ou seja, não por amostragem. Assim, a JBS cumpre rigorosamente todos os procedimentos e requisitos sanitários e pode assegurar o controle de qualidade de toda a sua produção. Vale observar ainda que a responsabilidade no Brasil pela fiscalização sanitária das fazendas é do poder público. 

Finalmente, a JBS acredita que o acesso às bases de dados ligadas à propriedade da terra e ao trânsito animal, incluindo as GTAs, respeitando o sigilo comercial das transações, traria benefícios significativos para a preservação ambiental no Brasil, sobretudo por aumentar a capacidade das empresas em garantir a regularidade socioambiental de suas cadeias de fornecimento.


Mercúrio

A Empresa Colombo Comércio Atacadista e Empreendimentos Eirelli de fato é fornecedor de nossa empresa, a Mercúrio Alimentos S/A. Este fornecedor foi aprovado para nos fornecer gado, pois foi devidamente auditado, previamente pela Empresa Niceplanet Geotecnologia, que faz para nossa empresa o monitoramento sócio ambiental, conforme termos do TAC-PA, assinado com o Ministério Público Federal.

Podemos garantir que este nosso fornecedor está em conformidade com todos procedimentos sanitários de seus animais, caso contrário o mesmo não conseguiria obter a Guia de Trânsito Animal, necessária para que este gado adentre em nossas indústrias que são devidamente controladas  e inspecionadas através do SIF ( Serviço de Inspeção Federal).

Nossos controles vão até o fornecedor direto, mas acreditamos que o nosso fornecedor em questão obtém os bezerros de sua própria cria ou adquire somente de fornecedores idôneos.

Colombo Comércio Atacadista e Empreendimento Eireli

É uma satisfação de qualquer forma poder colaborar. Somos uma pequena empresa de comércio bovino, estamos no norte a muito tempo e queremos ajudar de forma sustentável a desenvolver e proteger nossa região. Hoje, existem mecanismos de monitoramento que nos auxilia em todas compras, que a partir de 2026 passa a ser obrigado com o programa selo verde. Isso nos permite, antes de efetivar a comprar saber toda a cadeia que vem o animal que estamos comprando. Mas em 2020 não tínhamos esse mecanismo. Particularmente acho que se o produtor tem algum passivo ambiental ou fundiário, os próprios órgãos responsáveis, Adeperá e Semas, não deveriam emitir as guias de trânsito animal, caso aquele produtor esteja com algum embargo, prodes ou algum outro problema.

A maioria dos produtores comprava sem ter acesso a situação ambiental do vendedor, afinal, estava recebendo todos os documentos necessários para a compra (GTA e nota fiscal). Acredito que, se os órgão regulamentadores, só emitirem as GTAs de produtores que não desmatam ou invadem reservas, seria a melhor forma de produtores evitassem de comprar animais de áreas embargadas.

Seguimos a disposição.

Colombo Agronegócios

Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa)

Foi confirmado que trata-se de caso isolado, sem contágio?

Até o momento não. A amostra está no laboratório de Alberta, no Canadá, para a tipificação de se a doença é clássica ou atípica. [NR: Em 02/03/2023, o Mapa publicou uma nota oficial informando 

que “a análise do laboratório de referência da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) confirmou que o caso isolado de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) detectado no município de Marabá (PA) é atípico tipo H.”

Qual é a forma de prevenir o contágio da vaca louca para outros animais e para humanos?

O Brasil controla a entrada de material de risco em território nacional que possa estar infectado com o agente causador do mal da vaca louca. A regulamentação de defesa agropecuária também exige boas práticas para o abate de animais, processamento de produtos de origem animal e fabricação de farinhas para alimentação animal a partir de diretrizes definidas pela Organização Mundial de Saúde Animal. O cumprimento destas exigências é fiscalizado e atestado pelo serviço veterinário oficial de forma rotineira.

A campo,  há algumas medidas que devem ser observadas pelo produtor, por exemplo, não fornecer aos ruminantes (bovinos, bubalinos, ovinos, caprinos e outros) proteínas de origem animal, inclusive a cama de aviário, os resíduos da exploração de suínos, farinhas de animais e qualquer outra fonte de alimento que contenha proteínas de origem animal. 

Antes de alimentar seus bovinos, ou outros ruminantes, com rações, concentrados e suplementos proteicos, deve ser conferido no rótulo destes produtos se não se encontram os dizeres: “Uso proibido na alimentação de ruminantes”. 

Caso o produtor prepare ração, concentrados e suplementos proteicos em sua propriedade, ele tem que se certificar de que não esteja misturando alimentos para animais não ruminantes (cavalos, suínos e frangos) na alimentação dos ruminantes. É importante manter estes alimentos controlados e separados, para não haver o risco de contaminação no transporte, na armazenagem, na pesagem e no próprio cocho dos animais. 

O produtor deve manter  sempre os comprovantes e notas fiscais de aquisição de rações, concentrados e suplementos proteicos, e também das matérias primas, caso estes alimentos sejam preparados na propriedade. 

Qualquer pessoa que  notar um animal apresentando algum sinal de doença do sistema nervoso, como alteração do comportamento, dificuldades de locomoção, paralisia, andar cambaleante, entre outros, deve avisar  a unidade local do serviço veterinário oficial mais próxima da propriedade. 

Porque apenas as exportações para a China foram suspensas, e não para outros países? 

A suspensão é uma medida realizada por meio de um protocolo sanitário estabelecido entre o Brasil e a China em casos de confirmação de doenças em animais. Os países possuem entre si a maior relação comercial da carne bovina brasileira. Após o resultado da tipificação do caso, o Brasil notificará a OMSA e caso necessário aos países importadores, conforme preveem as normas internacionais.

Há perspectiva de restabelecer as exportações? Quando?

A duração das suspensões de exportações dependerá do resultado de tipificação de EEB e das tratativas com este parceiro comercial. Não é possível ter previsão exata neste momento. Caso se confirme o caso como atípico, temos a expectativa de que a suspensão das exportações ocorra o mais rápido possível. [NR: Na nota oficial do dia 02/03/2023, o Mapa esclarece que “por se tratar de caso atípico, ou seja, ocorrido por causas naturais em um único animal de 9 anos de idade e com todas as providências sanitárias adotadas prontamente, o Ministério da Agricultura e Pecuária está adotando imediatamente as providências, de acordo com os protocolos sanitários, para que as exportações da carne bovina brasileira sejam restabelecidas o mais breve possível.”


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