O que dizem os PMs de Roraima e servidores da Funai acusados de ligação com garimpo ilegal

Posicionamentos enviados para a reportagem 'PMs que foram acusados de extorquir garimpeiros receberam promoção e aposentadoria de R$ 14 mil'
 21/03/2023

Ranildo Brandão (por meio do advogado Erick do Valle)

Por isso que ele [Brandão] me ligou, né? Pediu para que eu falasse no lugar dele, porque isso aí na verdade ele acaba que traumatizou a família, né de uma forma geral que quando ele veio dessa operação ele sofreu atentado lá, né? Essa denúncia caluniosa, você pode colocar assim, surgiu depois dele ter chegado em Boa Vista. O próprio MPF declinou do caso, né? Porque, justamente, ele presta serviço para o governo do estado de Roraima. Prestava, né? Que hoje ele é da reserva.

Aí porque aí você menciona que mesmo assim foi promovido né? Nada impedia, porque até trânsito julgado, ele é inocente como foi comprovado, né? Ele tem uma sentença absolutória disso. Todas as provas que foram carregadas no processo eram infundadas e não ensejavam aí, digamos assim, se realmente ele era culpado disso, né? Dito que, por exemplo, o garimpeiro que o denunciou disse que ele tava tomando ouro para si e para os outros, quando isso, na verdade, nunca existiu, né? Prova disso é que, como ele foi movido para cá ainda com vida, todos os pertences pessoais ficaram lá e foram revistados pelo comandante geral da operação, que na época era um Major, que também hoje já está na reserva.

Então, assim, se isso fosse verdade, né? Seria muito fácil comprovar que ele tava subtraindo ouro dos garimpeiros para si ou para outro, quando, na verdade, não ocorreu. Na verdade, o que ocorreu foi uma denunciação caluniosa, né? E esse processo levou algum tempo para ser resolvido. Como também, você poderia mencionar que a própria polícia poderia ter condecorado ele, né? Porque a missão dessas missões em que prevê o policial possa ser vítima ou sobreviver ao atentado, né? Já é já ensejaria uma condecoração a ele, que na época também não ocorreu.

E como ele prestou muitas vezes. Nessa foi submetido, porque a companhia dele era para isso, né? De Proteção Ambiental. Não é um fato comum. É justamente atípico, né? Se você pegar aí no, não sei se houve outro processo dessa natureza, mas desse caso foi o primeiro. E nada ficou provado, né? Que ele realmente teria subtraído ouro para si ou para outro.

Ou para outro alguém, né? Na verdade, se trata de uma denunciação caluniosa, né? Hoje, você pode formar uma tese que isso por si só abafaria a tentativa de homicídio dele, né? E se ele vem a óbito, como muitos pensavam que ele iria a óbito, porque ele foi alvejado. Hoje, ele convive com mais de 11… Como é que eu posso dizer… Projéteis dentro do corpo, né? Que não foram possíveis extrair. Tem um próximo ao coração, né? Se fosse meter uma cirurgia, era muito arriscado. Então, esses detalhes não vieram, né? Ao conhecimento do público. Também, ele não teve oportunidade de se defender numa mídia de maneira adequada.

Então, como nada foi provado, e não seria aprovado porque era uma denunciação criminosa, né? Não teria nem porque, eu acho, essa matéria aí à frente. A não ser porque hoje o que mais fala é do garimpo em terras ilegais, né? E aí você daria um outro viés, né? Para esses assuntos, que a polícia ou a polícia de Roraima é corrupta. E aí também estaria indo na mesma direção, né? De algo que é infundado e não é verdadeiro.

PM-RR

De ordem do Senhor Comandante Geral informo que, acerca dos questionamentos retromencionados foram abertas pelo Departamento competente da PMRR – CORREGEDORIA, uma Sindicância com o intuito de averiguar os fatos envolvendo os referidos militares. Contudo, o processo foi concluído haja vista ter sido constatado improcedência dos fatos!
Atenciosamente

SGT PM TATIANA BARBOSA

João Batista Catalano

Primeiro fui policial civil do estado de Roraima, em seguida fui Agente Penitenciário Federal aprovado no primeiro concurso do Depen MJ, antes disso trabalhei mais de 8 anos com saúde Yanomami. Posterior ao Depen, fui aprovado no concurso da Funai em 2010. Saí do Depen, pois acompanhava o abandono da Terra Indigena Yanomami e acreditei que poderia ajudar. Assumi a coordenação da Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami (FPEYY) no final de 2011. Os órgãos de segurança negavam a existência de garimpo na TI Yanomami e, devido a minha experiência e formação na segurança pública, começamos os nossos trabalhos. Apesar de não ter recursos, conseguimos reduzir em 80% o garimpo. Fui perseguido em todas as operações que realizei, inclusive, com a retirada dos últimos fazendeiros das terras Yanomami após 2020.

Construção de base de proteção, construção de escola, combate aos madeireiros, pescadores, piaçabeiros no estado do Amazonas, garimpeiros, [sempre] fui ameaçado. Nessa operação que tu cita, o sargento Ranildo levou um tiro nas costas em meu lugar em uma emboscada contra a minha pessoa. Atiraram contra o portão da minha casa, mas a PF, o MPF e a CGU preferiram me perseguir e me denunciar. Eu só ganhei o processo que ainda nem começou a instrução, que está desde 2015 parado. Me demitiram duas vezes pelos serviços que realizei e tem um dossiê da ABIN contra minha pessoa que nunca me deram acesso. Veja minha resposta à acusação e tu terás uma ideia da realidade do que ocorreu.

Na sentença que condenou a Funai e a União, toda argumentação do MPF foi feita em cima das atividades que coordenei. Dá uma analisada na sentença, sou citado mais de 70 vezes.

Não sou bandido, sempre cumpri com o meu dever funcional. Até hoje estou à disposição da Justiça e tenho a consciência tranquila que fiz meu trabalho da melhor forma que foi possível, mesmo sem condições. Tem muita coisa que a imprensa não têm a menor ideia da realidade dos fatos.

Nesse processo específico que você vai me citar, a denúncia foi rejeitada contra a minha pessoa, pois eu nem estava no local e consegui provar que era impossível eu estar em dois lugares ao mesmo tempo. Os dois policiais foram absolvidos no processo penal militar.

Outro ponto importante é que eu não tenho e nunca tive patrimônio incompatível com a minha renda, mas não se preocuparam com isso. Enquanto outros servidores da Funai tinham lancha, Mercedes, pousada em Fernando de Noronha, usavam o meu nome e fizeram como vingança todo tipo de denúncia sobre a minha pessoa. Estou à espera de ser julgado, mas a justiça ainda não se preocupa em ouvir a minha defesa.

Vocês até fizeram uma reportagem colocando a Rua do Ouro [em Boa Vista], foto das joalherias, mas as denúncias contra todos os donos de joalherias foram rejeitadas. Em vez de citar os policiais, deveria fazer a reportagem [sobre] por que nesse processo não tem um dono de joalheria.

O militar Ranildo tem um fragmento de chumbo no coração por defender o território Yanomami. Agora, vocês querem supor o quê? A PF não abriu o inquérito para investigar o homicídio tentado contra ele e a minha pessoa.

Posso garantir que quaisquer palavras que ofendam a integridade moral das pessoas que vocês querem atacar, não sei por qual motivo, não ficarão sem respostas na via judicial. Espero ter ajudado e que vocês investiguem os fatos.

O capitão Francisco e o Ranildo foram absolvidos no processo penal militar e a promoção saiu após a absolvição por tempo de serviço. Eram poucos os policiais que tinham coragem para realizar as operações. Esses dois eram da CIPA, polícia ambiental. Mais de 30 anos de polícia e tentaram manchar a reputação dos mesmos. A PF não abriu inquérito até hoje para investigar os mandantes do homicídio contra a minha pessoa que, infelizmente, o Ranildo acabou levando o tiro. Tem uma reportagem no G1 sobre essa operação.

MPF-RR

Em atenção à solicitação de pauta, informamos que os casos encontram-se judicializados, desse modo, as informações acima apontadas deverão ser consultadas/solicitadas ao juízo competente. No momento, o MPF não se manifestará sobre o assunto.

APOIE

A REPÓRTER BRASIL

Sua contribuição permite que a gente continue revelando o que muita gente faz de tudo para esconder

LEIA TAMBÉM