Íntegra das respostas de Banco do Brasil, BNDES, Marfrig e Brasil Agro

As manifestações foram enviadas para comentar a reportagem 'Banco do Brasil cria política climática para guiar investimentos, mas financia desmatadores'
 08/05/2023

Banco do Brasil 

13/04/2023

A Política de Crédito do Banco do Brasil prevê a observância de critérios socioambientais na análise e condução de empréstimos e financiamentos. Exige-se dos tomadores de crédito a apresentação de documentos que comprovem a regularidade socioambiental dos empreendimentos. As operações de crédito contam com cláusulas que permitem a decretação do vencimento antecipado e a suspensão imediata dos desembolsos em caso de ocorrência de infringências socioambientais.

A avaliação dos aspectos socioambientais na concessão de crédito está em contínua evolução. Nesse sentido, no ano de 2019, o BB automatizou

funcionalidade que, a partir de bases geográficas públicas, impede a contratação de operações quando identificada sobreposição de glebas financiadas com bases de terras indígenas, áreas embargadas e áreas de desmatamento ilegal, em todo o território nacional.

O Banco do Brasil se abstém de comentar operações e serviços prestados, em respeito ao sigilo bancário, comercial e empresarial. Na página de sustentabilidade do BB constam exemplos da aplicação prática de nossa diligência social, ambiental e climática: https://ri.bb.com.br/governanca-e-sustentabilidade/sustentabilidade/

27/03/2023

RB: A atual Política de Responsabilidade Social, Ambiental e Climática (PRSAC) foi aprovada pelo Conselho de Administração do banco em junho de 2022. Antes disso, qual era a política em vigência? E quando ela foi aprovada?

BB: Anteriormente à PRSAC, o Banco do Brasil contava com sua Política de Responsabilidade Socioambiental (PRSA). A primeira versão da PRSA foi aprovada pelo CA em 10/02/2015 e atualizada em 19/12/2019. 

RB: Quando a atual PRSAC foi criada? (antes da aprovação pelo conselho)

BB: Ela começou a ser elaborada no segundo semestre de 2021, principalmente a partir de outubro daquele ano, alinhada à Resolução 4.945/2021.

RB: Quando a primeira política de sustentabilidade do BB foi criada?

BB: A primeira versão da PRSA foi aprovada em 10/02/2015. Contudo, cabe lembrar que já em 2003 o BB lançou sua Carta de Princípios de Responsabilidade Socioambiental e desde 2005 conta com um Plano de Sustentabilidade, que é o principal instrumento fomentador de práticas sociais, ambientais e climáticas no BB, além de ter o tema presente em outras políticas, como nas de crédito e de relacionamento com fornecedores.

RB: A atual política é a primeira com o C de Climática, certo?

BB: Sim. Mas as questões climáticas já estavam contempladas no âmbito da política anterior (PRSA), bem como incorporada na estratégia, práticas e negócios do Banco. Tanto é assim que o BB é uma das empresas comprometidas em ser net zero até 2050 e tem diversas soluções financeiras para apoiar o combate as mudanças climáticas e a transição para uma economia mais verde e inclusiva.

BNDES

18/04/2023

A nova gestão do BNDES tem tolerância zero com desmatamento ilegal em operações realizadas pelo Banco. Nesse sentido, o BNDES firmou parceria com o MapBiomas (https://mapbiomas.org) de forma a ter segurança de que os empréstimos concedidos a proprietários rurais não serão destinados a áreas de desmatamento irregular. A iniciativa foi divulgada em março deste ano: https://agenciadenoticias.bndes.gov.br/detalhe/noticia/BNDES-bloqueia-emprestimos-a-propriedades-rurais-desmatadas-ilegalmente/

Sobre o caso em questão, o BNDES não recebeu qualquer notificação de irregularidades do agente financeiro credenciado, instituição financeira responsável pela análise, aprovação e acompanhamento do financiamento. Compete lembrar que o beneficiário Rogério de Paula Leite contratou a operação do Programa ABC em junho de 2016 e o financiamento encontra-se liquidado desde 15/05/2022.

Marfrig

30/03/2023 

RB: Que medidas a empresa toma para evitar um aumento de desmatamento e maiores prejuízos ao meio ambiente?

Marfrig: A Marfrig trabalha constantemente para identificar irregularidades ambientais em sua cadeia produtiva, em todos os biomas onde atua.

A companhia foi a primeira do segmento a estabelecer um compromisso público contra o desmatamento, em 2009. Desde então, tem feito esforços contínuos para tornar sua cadeia produtiva livre de desmatamento e cada vez mais sustentável. Mesmo com a complexidade e extensão territorial da atividade pecuária no Brasil, a empresa já alcançou resultados concretos e auditáveis ​​nesse sentido com o Programa Marfrig Verde+, lançado em 2020 com objetivo rastrear 100% de sua cadeia produtiva, incluindo os fornecedores diretos e indiretos, com deadlines estabelecidos e inteiramente baseados em estudos e metodologia científica. 

A empresa já monitora 100% das fazendas dos fornecedores diretos e, para o monitoramento dos fornecedores indiretos – um dos principais desafios da cadeia agropecuária brasileira, – o índice é de 72% para a Amazônia e 71% para o Cerrado – sendo que os fornecedores localizados nas áreas mais críticas (de risco alto e muito alto) já estão monitorados. 

A Marfrig está ciente dos desafios da cadeia produtiva da pecuária e reconhece seu papel como importante agente de transformação, e tem trabalhado fortemente para buscar soluções que conciliem os processos de produção, preservação e inclusão na cadeia da pecuária brasileira.

RB: O Banco do Brasil impôs alguma condição socioambiental para a assinatura dos contratos?

Marfrig: Os contratos prevêem o cumprimento da legislação socioambiental no país, o que é 100% atendido pela Marfrig. Essas operações não são vinculadas a indicadores específicos de performance socioambiental. 

RB: Qual a política de avaliação de risco de exposição ao desmatamento e outros problemas socioambientais da empresa? Como ela é aplicada na prática? 

Marfrig: Como parte das medidas de avaliação de riscos socioambientais, a Marfrig monitora, desde 2010, via satélite e em tempo real, uma área com cerca de 26 milhões de hectares, o que equivale a um território similar ao estado de São Paulo ou ao Reino Unido. 

Para realizar o monitoramento de fornecedores (diretos e indiretos), a Marfrig usa diversos instrumentos. A companhia desenvolveu, em parceria com a Agroicone (empresa de inteligência territorial e tecnologia aplicada à agropecuária), um Mapa de Mitigação de Riscos, que faz uma varredura da distribuição da pecuária no território brasileiro, com classificação em diferentes níveis de risco, para que ações mais assertivas de monitoramento e controle possam ser desenvolvidas e implementadas. Esse mapa é oriundo de uma matriz de risco extremamente robusta, que estabeleceu áreas geográficas com maior ou menor risco socioambiental. Essa profunda análise permitiu estabelecer áreas prioritárias e os timelines para atuação junto a todos os fornecedores da empresa. Esses timelines estão constantes no Programa Marfrig Verde+ e disponíveis publicamente, bem como os resultados obtidos até o momento. Essa abordagem permite, logo no início, mitigar potenciais problemas com produtores localizados em áreas de maior risco, além de identificar a rastreabilidade nas etapas iniciais dos animais adquiridos pela empresa, ou seja, onde ocorreram a cria, recria e engorda.

Vale ressaltar que este mapa utilizou dados e indicadores da pecuária brasileira – não  exclusivamente da cadeia de fornecimento da Marfrig – o que possibilitou sua utilização em todo o setor, amplificando o impacto das ações do Programa Marfrig Verde+. 

Adicionalmente e associada a essa ferramenta, a companhia adotou, em 2021, uma plataforma de rastreabilidade baseada em blockchain.

Além disso, a Marfrig utiliza o Visipec, ferramenta de rastreabilidade complementar que trabalha em conjunto com sistemas de monitoramento em uso para dar mais robustez  ao controle socioambiental da cadeia de fornecimento de bovinos. Consequentemente, sua utilização também fortalece o combate ao desmatamento. 

A companhia também mantém uma rígida política de compra de animais e um protocolo com critérios e procedimentos que são pré-requisitos para a homologação de fornecedores. Para assegurar o cumprimento de todos os requisitos previstos, a Marfrig desenvolveu e mantém uma plataforma de monitoramento, via satélite, de fornecedores. O sistema cruza os dados georreferenciados e documentos das fazendas com informações públicas oficiais para identificar potenciais não conformidades para temas como desmatamento, áreas embargadas, unidades de conservação, terras indígenas, quilombolas e trabalho escravo. A cada nova compra, todos esses dados são checados. Quando uma não conformidade é identificada em uma propriedade, esta é imediatamente bloqueada e não são feitas novas compras (prática fundamental e inegociável da companhia). Esse sistema de compra de gado é submetido à avaliação de auditores externos anualmente e o relatório de auditoria é publicado em nosso site. 

RB: A empresa vem sendo cobrada por seus investidores para adotar políticas mais rigorosas de controle de riscos socioambientais?

Marfrig: As políticas de controle da companhia são suficientemente rígidas e acima das legislações socioambientais vigentes. Portanto, estão alinhadas com as expectativas de clientes, investidores e outros stakeholders de sua cadeia de valor. Nessa linha, a Marfrig vem trabalhando fortemente para ter toda a cadeia de produção identificada e rastreada, desde a origem dos animais – no momento do abate -, com a observação dos mesmos compromissos e critérios. 

O controle de riscos socioambientais sempre foi uma das principais preocupações da Marfrig. A adoção das medidas citadas anteriormente reforçam o compromisso intrínseco com a produção sustentável, tema cada vez mais presente na tomada de decisão dos investidores. 

A companhia foi a empresa brasileira de proteína animal mais reconhecida por prêmios e rankings independentes internacionais ao longo do último ano, o que demonstra a confiabilidade dos principais órgãos reguladores do setor, investidores, parceiros e demais stakeholders. 

Um bom exemplo é que, no último ano, a Marfrig foi a empresa de proteína bovina mais bem colocada no ranking Coller FAIRR Protein Producer Index. A companhia subiu quatro posições na classificação geral, do 7º para o 3º lugar, melhor resultado desde seu ingresso na lista da organização. A Marfrig também é a única classificada como de baixo risco entre as 11 empresas de proteína bovina. A FAIRR é uma iniciativa que reúne investidores do mundo todo, com 70 trilhões de dólares sob gestão, que analisa a atuação de empresas produtoras de proteínas, de diferentes países, com base em critérios ambientais, sociais e de governança. 

Além disso, pelo segundo ano consecutivo, a Marfrig integra a 17ª carteira do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da B3 – a Bolsa de Valores do país. O ISE é uma ferramenta de análise comparativa da performance das empresas de capital aberto, sob o aspecto das práticas de governança, ambientais e sociais. A companhia está também no Índice de Carbono Eficiente (ICO2) da B3, cuja carteira reúne ações de companhias que adotam medidas eficientes para reduzir as emissões de gases de efeito estufa procedentes de suas operações.

Brasil Agro

20/09/2022

Todas as estratégias e investimentos feitos pela BrasilAgro ao longo dos últimos anos tem como principal objetivo produzir alimentos com responsabilidade, propósito que determina cada passo da empresa desde a sua fundação. A companhia, criada a partir de um plano de negócio na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), em 2007, nasceu dentro dos mais elevados padrões que norteiam o Novo Mercado, e prima sempre, em suas operações, pelo respeito ao meio ambiente e à governança corporativa. 

A empresa produz alimentos, fibras e bioenergia em seis estados do Brasil, na Bolívia e no Paraguai, contribuindo para o desenvolvimento socioambiental em cada uma das comunidades em que atua, com participação do Instituto BrasilAgro – braço social da empresa, como mostra o relatório de sustentabilidade divulgado anualmente.

A companhia preserva e investe em estrutura de conservação de 78 mil hectares de vegetação nativa, além de atuar na recomposição de áreas que estavam degradadas quando foram compradas pela companhia. 

A BrasilAgro tem compromisso com a sociedade brasileira e, por isso, subscreve um documento, ao lado de outras 37 empresas do setor e quatro entidades setoriais, pedindo providências ao Conselho Nacional da Amazônia Legal contra o desmatamento e a favor da retomada econômica de baixo carbono”.


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