Trabalho doméstico infla crescimento da nova ‘lista suja’ da escravidão

Cadastro apresenta nomes de empregadores flagrados ao escravizar trabalhadores. Lista incluiu 248 novos patrões, número recorde, chegando a 654 responsabilizados. Trabalho doméstico e pecuária lideram os recém-chegados
Por Isabel Harari, Daniel Camargos, Hélen Freitas, Paula Bianchi, Diego Junqueira e Leonardo Sakamoto
 05/04/2024

TRABALHO EM ÂMBITO doméstico é a atividade com o maior número de novos nomes da atualização da “lista suja” do trabalho escravo, como é conhecido o cadastro de empregadores responsabilizados por esse crime, divulgada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) nesta sexta-feira (5). 

A escravidão doméstica, que inclui a exploração de domésticas, caseiros e cuidadores, representa 43 dos 248 novos relacionados, nesta que é a maior inserção de empregadores já registrada desde a criação da base de dados, em novembro de 2003. Em segundo lugar, ficou a criação de animais, incluindo fornecedores da JBS.

O novo cadastro ainda traz uma tradicional churrascaria da capital paulista, a Ponteio, e a empresa terceirizada que escravizou 210 trabalhadores que atendiam vinícolas gaúchas, em caso que ficou nacionalmente conhecido no ano passado. Veja a lista completa.

Com isso, a lista chega a um total de 654 patrões responsabilizados. Os nomes são incluídos após os autuados exercerem o direito de defesa em duas instâncias na esfera administrativa e lá permanecem por dois anos. Nesta atualização, 50 empregadores saíram após cumprirem esse prazo. A lista é consultada por empresas, bancos e setor financeiro para gerenciamento risco.

Entre os nomes, está o de André Luiz Mattos Maia, apontado como empregador de Maria de Moura. Ela foi resgatada pelo grupo especial de fiscalização móvel, em 2022, aos 85 anos, após ser submetida a 72 anos de condições análogas às de escravo – um recorde em termos de escravidão contemporânea. Passou por três gerações de uma mesma família, no Rio de Janeiro, cuidando da casa e de seus moradores.

Segundo a fiscalização, seus pais trabalhavam em uma fazenda no interior do estado que pertencia à família Mattos Maia. Aos 12 anos, ela se mudou para a residência do casal proprietário a fim de realizar serviços domésticos. Quando faleceram, migrou para a casa da filha deles, onde manteve suas atividades, incluindo o cuidado com as crianças.

Em março deste ano, André Mattos Maia e sua mãe se tornaram réus na Justiça Federal por escravizar Maria. Se condenados, podem pegar de dois a oito anos de cadeia, de acordo com o artigo 149 do Código Penal. A Repórter Brasil tentou contato com ele por telefone e e-mail, mas não recebeu retorno.

Alexandre Lyra, auditor fiscal do trabalho que coordenou a ação, afirmou que o empregador se justificou de que os serviços domésticos dela não eram trabalho, mas uma colaboração voluntária no âmbito familiar.

“Em casos como este ouvimos sempre a afirmação de que a vítima é ‘como se fosse da família’. Mas para essa pessoa da família não foi permitido estudo, nem laços de amizade externos ou mesmo conduzir a própria vida. Essa pessoa da família dorme em um sofá, em um espaço improvisado como dormitório em uma antessala do quarto da empregadora, de quem ela era cuidadora”, disse.

Nos últimos anos, os casos de libertações de domésticas escravizadas tiveram ampla visibilidade na imprensa. Com isso, vizinhos começaram a perceber que trabalhadoras de residências do mesmo bairro estavam em condição similar e denúncias cresceram. Os primeiros dois resgates ocorreram em 2017, depois foram mais dois em 2018, cinco em 2019, três em 2020, 31 em 2021 e 2022 e 41, em 2023, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego.

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Fornecedores de gado da JBS e Mercúrio entram para ‘lista suja’ da escravidão

A pecuária foi a segunda atividade com mais nomes incluídos na nova lista, com 37 patrões. Esse dado inclui a criação de gado de corte (22), leiteiro (6), suínos (3), entre outras atividades.

A inclusão de, ao menos, dois fornecedores da JBS na “lista suja” ocorre no momento em que a empresa se defende de acusações de “greenwashing” nos Estados Unidos, por suposta propaganda climática enganosa. A multinacional de origem brasileira quer entrar na bolsa de valores de Nova York. Procurada, a empresa disse que bloqueou a compra de gado das fazendas flagradas após a publicação da lista suja (leia mais abaixo).   

Com fazendas no Sul do Pará e no Mato Grosso, Marcos Borges de Araújo é um deles. Quatro trabalhadores que construíam cercas de duas fazendas arrendadas por ele, Pedra Preta e Futura, em São Félix do Xingu (PA), dormiam em um galinheiro com chão de terra batida e em um paiol de ferramentas. 

A água da chuva alagava o local e deixavam o chão enlameado, segundo os auditores fiscais do Ministério do Trabalho responsáveis pela fiscalização. No mesmo local que dormiam, ficavam guardadas as ferramentas de trabalho. Os quatro também não tinham banheiro. Faziam suas necessidades no mato e tomavam banho em um córrego.  

“Sem essas estruturas, direitos fundamentais básicos – como privacidade, saúde e higiene – eram negados aos trabalhadores”, consta no relatório de fiscalização. A situação favorecia a disseminação de insetos e a contaminação de doenças. O relatório detalha outras violações em 358 páginas e está disponível desde 2018, quando a fiscalização foi realizada.

Mesmo depois da fiscalização, com o produtor rural autuado pelo Ministério do Trabalho, a JBS seguiu comprando de diversas fazendas de Marcos Borges de Araújo no Sul do Pará. Entre 2018 e 2023, as fazendas Veluma, em Cumaru do Norte, Cachoeira e São Domingos Sávio, ambas em Repartimento, enviaram pelo menos 11 mil animais para abatedouros em Redenção e Santana do Araguaia. 

As duas fazendas flagradas com trabalho escravo não enviaram animais diretamente para a JBS. Mas, segundo documentos de trânsito animal acessados pela Repórter Brasil, uma delas, a fazenda Pedra Preta, mandou mais de 15 mil cabeças de gado para engorda nas três propriedades fornecedoras do frigorífico, considerando somente o período após o flagrante de fiscalização. 

Em nota, a JBS disse que as fazendas Pedra Preta e Futura foram automaticamente bloqueadas assim que divulgada a atualização da “lista suja”,  seguindo a “Política de Compra Responsável de Matéria-Prima da JBS e o Protocolo de Monitoramento de Fornecedores de Gado do Ministério Público Federal e do Imaflora”. A JBS informou que as outras duas fazendas de Araújo já estavam bloqueadas desde 2022, mas não respondeu se iria bloquear o pecuarista.

O advogado de Marcos Borges de Araújo, Walteir Gomes Rezende, nega que o seu cliente tenha relação com o caso de trabalho escravo. Ele alega que Araújo era arrendatário da área, não dono da fazenda, e que o flagrante de escravidão envolveu trabalhadores que faziam serviços para os proprietários das fazendas. “Inclusive são esses os fundamentos da defesa”, diz o advogado. 

Araújo também enviou um posicionamento. “Não aceitamos a imputação de submissão dos trabalhadores à condição análoga à de escravo, tendo apresentado todas as defesas pertinentes. Serão tomadas as medidas judiciais cabíveis em face dos  procedimentos administrativos”.

JBS continuou comprando gado do pecuarista Marcos Borges de Araújo, mesmo após flagrante de trabalho escravo em uma fazenda que ele arrendava (Foto: Fernando Martinho/Repórter Brasil)

Barraco na mata

Além de Araújo, a Repórter Brasil identificou outros pecuaristas flagrados com trabalho escravo e fornecedores de frigoríficos da JBS e do Mercúrio. De acordo com os documentos de trânsito animal obtidos pela reportagem, os envios dos animais ocorreram antes dos flagrantes de escravidão.

É o caso da Agropecuária Rio Aratau, que esteve entre os fornecedores da maior processadora de carne do mundo. A Fazenda Aratau, em Tucuruí (PA), enviou 252 bois para o frigorífico da JBS em Marabá (PA) em janeiro e fevereiro de 2021. Já o flagrante de trabalho escravo ocorreu em dezembro de 2021 na Fazenda Aratau, de Novo Repartimento (PA), que pertence ao mesmo grupo. 

Os cinco trabalhadores resgatados dormiam em um barraco de lona localizado na mata, que tinha “piso de terra e sem parede de proteção contra intempéries ou da presença de animais peçonhentos”, segundo os auditores-fiscais do Trabalho responsáveis pela fiscalização. 

Eles também não tinham banheiro e preparavam os alimentos em uma fogueira no chão e consumiam água em uma grota, que apresentava “coloração turva, odor fétido e material suspenso”. Em nota, a JBS afirmou que a fazenda está bloqueada na lista de fornecedores desde 2021.

A Agropecuária Aratau também forneceu animais para o frigorífico Mercúrio, entre 2020 e 2021. A Fazenda Aratau de Tucuruí enviou mais de 200 animais para a planta em Castanhal. Já a propriedade em Novo Repartimento, onde houve o resgate dos trabalhadores, vendeu gado diretamente à unidade da Mercúrio em Xinguara em 2020.

A reportagem tentou entrar em contato com a Agropecuária Rio Aratau, mas não obteve retorno até o fechamento do texto. O espaço permanece aberto para manifestação da empresa. 

Outro fornecedor da Mercúrio flagrado submetendo trabalhadores à escravidão é Rogério Pirschner. Entre 2020 e 2022, o abatedouro da empresa em Castanhal (PA) comprou ao menos 200 animais de duas fazendas de Pirschner, a Valeriense e a Chapadão, nas cidades paraenses de Breu Branco e Baião. 

Em junho de 2023, três trabalhadores foram resgatados de uma outra fazenda de Pirschner em Baião, a Fazenda Três Irmãos. Os trabalhadores viviam em um barraco com teto e paredes de lona plástica e telha de amianto. Sem acesso à água potável, tinham que usar uma mina compartilhada com outros animais da fazenda, inclusive bois.

O advogado de Pirschner, Apoena Valk, disse que o pecuarista não recorreu da autuação, assumiu as irregularidades e pagou as multas. Segundo o advogado, os trabalhadores resgatados estavam construindo a sede da fazenda. 

O frigorífico Mercúrio informou que irá suspender imediatamente os fornecedores listados, independentemente de terem cadastro ativo ou não junto ao frigorífico. “Prezamos e seguimos rigorosamente o Protocolo Boi na Linha e o Termo de Ajustamento de Conduta firmado com o Ministério Público Federal”, afirmou, em nota.

Obstáculos à JBS

Lançada há 20 anos no primeiro governo Lula, a “lista suja” do trabalho escravo” é atualizada semestralmente com a entrada e a saída de nomes – a última atualização foi em outubro passado. Na ocasião, cinco fornecedores da JBS entraram na lista – que também foram bloqueados pela empresa na época.

As violações trabalhistas de fornecedores da JBS se somam às violações ambientais e a casos de corrupção envolvendo a empresa, e podem ser mais um obstáculo na tentativa da gigante multinacional brasileira para listar suas ações na Bolsa de Nova York. A empresa é questionada por ambientalistas e políticos nos EUA por vender um discurso ambiental que não coincide com a realidade (prática conhecida como “greenwashing”). 

Em setembro, 16 organizações ambientalistas de bem-estar animal e de defesa dos direitos dos povos indígenas enviaram uma carta aberta à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês) e a mais de 200 investidores alertando sobre os riscos climáticos e sociais ligados às práticas da JBS, como parte de uma campanha para impedir que a empresa acesse o mercado de capitais norte-americano.

Na própria “declaração de inscrição” enviada à SEC americana, a JBS reconhece uma série de riscos socioambientais em seu modelo de negócio. “A criação de gado e outros animais está por vezes associada ao desmatamento, invasão em terras indígenas e em áreas de proteção e outras irregularidades ambientais e de direitos humanos”, conforme consta na página 43 do documento, em tradução livre.

Ainda discorrendo sobre os riscos relacionados ao negócio, a companhia acrescenta que, se for “incapaz de garantir” que seus fornecedores estejam em conformidade com todas as leis e regulamentos ambientais e de direitos humanos, a JBS está sujeita “a multas e penalidades”, o que pode “afetar sua imagem e resultados operacionais”.

Churrascaria conhecida

Entre os novos nomes incluídos na lista suja está o da churrascaria Ponteio, uma das mais tradicionais de São Paulo. A fiscalização encontrou 14 trabalhadores em situação análoga à escravidão em agosto de 2023.

Os trabalhadores foram encontrados por auditores e agentes da Polícia Federal em um alojamento anexo à unidade do restaurante no Jaguaré, na zona oeste da capital. O local abrigava funcionários nordestinos que foram agenciados por uma empresa terceirizada para a churrascaria.

Segundo o auto de infração ao qual a reportagem teve acesso, os trabalhadores dormiam em uma ambiente sujo, com beliches de cimento sem roupa de cama. Ainda segundo o relatório, havia apenas um chuveiro com pouca vazão, o que os obrigava a tomar banho frio. Os fiscais descreveram as condições do espaço como “aviltantes, indignas e incompatíveis com o local de repouso de um ser humano”.

Gerente da unidade no Jaguaré, Vadaer da Silva Soares afirmou à Repórter Brasil que todas as irregularidades apontadas pela fiscalização já foram resolvidas e os funcionários, indenizados. “Tivemos acompanhamento do Ministério Público e de assistentes sociais, e todas as indenizações que o Ministério Público determinou foram pagas. A situação descrita pelo relatório não procede. Todos os funcionários têm carteira assinada, o alojamento fica a cinco minutos a pé da churrascaria, é uma casa, com televisão, geladeira e todas as funcionalidades, todos funcionários têm livre acesso ao espaço.”

Vinícolas ficaram de fora

O resgate de 210 pessoas do trabalho escravo na cadeia produtiva do vinho na serra gaúcha, em fevereiro de 2023, também entrou para a nova “lista suja” por conta de um dos prestadores de serviço das vinícolas Aurora, Salton e Cooperativa Garibaldi.

Os trabalhadores denunciaram que foram vítimas de ameaças e maus tratos, incluindo o uso de choques elétricos e spray de pimenta. Eles trabalhavam para a empresa prestadora de serviço Fênix Serviços de Apoio Administrativo, incluída nesta atualização da “lista suja”.

As três vinícolas não foram incluídas na relação porque não foram autuadas como as responsáveis pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Já o Ministério Público do Trabalho fechou um Termo de Ajustamento de Conduta com as três para pagar indenizações por dano moral aos trabalhadores e garantir que situações semelhantes não voltem a acontecer.

A operação teve início após um grupo fugir de um alojamento sem condições de higiene onde, segundo relataram, sofriam agressões. Vigilância armada era usada para garantir que tudo permanecesse do jeito que o patrão queria.

Eles já chegavam com dívidas de alimentação e transporte e, no alojamento, tinham que comprar produtos a preços muito acima do valor de mercado. Tudo isso era anotado como dívida, o que prendia os trabalhadores aos patrões. Dos resgatados, 93% nasceram na Bahia, 95% se declaram negros e 61% não concluíram o ensino fundamental ou são analfabetos. Todos eram homens. 

Na época, as vinícolas Aurora, Salton e Cooperativa Garibaldi informaram à imprensa que não tinham conhecimento do ocorrido, que não compactuam com a situação trabalhista encontrada e que os contratos com a empresa Fênix eram apenas para carga e descarga de uvas. O caso teve repercussão internacional.

A Fênix foi procurada pela Repórter Brasil, mas ainda não retornou.

Sobre a ‘lista suja’ do trabalho escravo

(Foto: Lilo Clareto / Repórter Brasil)

Prevista em portaria interministerial, a “lista suja” inclui nomes de responsabilizados em fiscalização do trabalho escravo, após os empregadores se defenderem administrativamente em primeira e segunda instâncias.

Os empregadores – pessoas físicas e jurídicas – permanecem listados por dois anos. Apesar de a portaria que prevê a lista não obrigar a um bloqueio comercial ou financeiro, ela tem sido usada por empresas brasileiras e estrangeiras para seu gerenciamento de risco. Isso tornou o instrumento um exemplo global no combate ao trabalho escravo, reconhecido pelas Nações Unidas.

Em setembro de 2020, o Supremo Tribunal Federal reafirmou a constitucionalidade da “lista suja”, por nove votos a zero, ao analisar a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 509, ajuizada pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc).

A ação sustentava que o cadastro punia ilegalmente os empregadores flagrados por essa prática ao divulgar os nomes, o que só poderia ser feito por lei. A corte afastou essa hipótese, afirmando que o instrumento garante transparência à sociedade. E que a portaria interministerial que mantém a lista não representa sanção – que, se tomada, é por decisão da sociedade civil e do setor empresarial.

O relator destacou que um nome só vai para a relação após um processo administrativo com direito à ampla defesa.

Trabalho escravo hoje no Brasil

Desde a década de 1940, o Código Penal Brasileiro prevê a punição a esse crime. A essas formas dá-se o nome de trabalho escravo contemporâneo, escravidão contemporânea, condições análogas às de escravo.

De acordo com o artigo 149 do Código Penal, quatro elementos podem definir escravidão contemporânea por aqui: trabalho forçado (que envolve cerceamento do direito de ir e vir), servidão por dívida (um cativeiro atrelado a dívidas, muitas vezes fraudulentas), condições degradantes (trabalho que nega a dignidade humana, colocando em risco a saúde e a vida) ou jornada exaustiva (levar ao trabalhador ao completo esgotamento dado à intensidade da exploração, também colocando em risco sua saúde e vida).

Desde a criação dos grupos especiais de fiscalização móvel, base do sistema de combate à escravidão no país, em maio de 1995, mais de 63 mil trabalhadores foram resgatados. Participam desses grupos, além da Inspeção do Trabalho, o Ministério Público do Trabalho, Ministério Público Federal, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Defensoria Publica da União.

Denúncias de trabalho escravo podem ser feitas de forma sigilosa no Sistema Ipê, sistema lançado em 2020 pela Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT). Dados oficiais sobre o combate ao trabalho escravo estão disponíveis no Radar do Trabalho Escravo da SIT.

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