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HOJE, mais de 70% das emissões de gases de efeito estufa estão relacionadas ao consumo de energia – principalmente aquela produzida a partir dos combustíveis fósseis, como a gasolina e o carvão mineral.
Diante das metas de redução do aquecimento global, países vêm se preparando para fazer a chamada “transição energética”, utilizando fontes renováveis. Nesse cenário, a energia eólica, produzida a partir da força dos ventos, aparece como uma das alternativas mais festejadas.
Mas será que ela é 100% sustentável?
No Brasil, a região Nordeste é a preferida dos investidores de parques eólicos. A Bahia e o Rio Grande do Norte concentram mais de 60% dos empreendimentos. Mas a implantação dos aerogeradores pode causar impactos sobre comunidades locais e sobre o próprio meio ambiente.
Esse é o tema do sétimo episódio do RB Investiga, podcast mensal da Rádio Batente, a central de podcasts da Repórter Brasil.
No RN, eólicas avançam sobre assentamentos
A primeira parada foi no Rio Grande do Norte. Um levantamento feito pela reportagem mostrou que centenas de famílias arrendaram terras para empresas eólicas acreditando que poderiam passar a viver de vento. São 1.915 imóveis rurais em 51 municípios do estado que passaram a ser área dos parques eólicos.
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Após ter acesso a alguns dos contratos de arrendamento, a Repórter Brasil conversou com advogados e especialistas no tema que consideram abusivas algumas das cláusulas. Áreas antes usadas para plantio de roças, criação de animais, ou até mesmo para a convivência da comunidade, foram totalmente cercadas. Em alguns casos, os donos das terras não têm permissão nem para andar por lugares que eles costumavam acessar livremente.
Outro fenômeno analisado foi a cobiça por terras da reforma agrária, que tem dividido as comunidades rurais. Uma análise feita pela reportagem constatou que quase metade dos parques de energia eólica do Rio Grande do Norte está a menos de um 1,5 km de distância de assentamentos.
Na BA, aerogeradores ameaçam nascentes de água no sertão
A realidade de implantação de eólicas não é muito diferente no sertão da Bahia. No início deste ano, a Repórter Brasil visitou os municípios de Jaguarari e Campo Formoso onde está prevista a construção do maior complexo de energia eólica e solar do país.
O plano da empresa responsável pelo empreendimento é instalar mais de 400 torres eólicas, além de 476 mil placas solares. Segundo ambientalistas, esse mega complexo de energia renovável ameaça ao menos 63 nascentes de água que abastecem mais de 1 milhão de pessoas no sertão da Bahia.
Eólicas no mar geram apreensão sobre impactos
Os impactos também podem ser sentidos nos oceanos. No Brasil, a implementação das torres em alto mar ainda depende da aprovação de um marco regulatório em discussão no Senado. Mas há muita pressão das empresas para que ele seja aprovado logo.
No entanto, em países que já instalaram as chamadas “eólicas offshore”, já foram registrados impactos negativos, como a restrição da área marítima para pesca e o aumento do ruído nocivo a animais, como golfinhos e baleias.
Especialistas entrevistados pela Repórter Brasil chamaram atenção para um ponto essencial: não dá mais para cometer os mesmos erros em nome de uma energia que se diz de baixo impacto.
Sobre o RB Investiga
Produção mensal da Rádio Batente, a central de podcasts da Repórter Brasil, o programa está disponível nas principais plataformas de áudio e no Youtube.
Ficha técnica
Pesquisa, roteiro e apresentação: Hélen Freitas
Edição de vídeo: Alex Duvidovich
Tratamento de roteiro: Carlos Juliano Barros, Diego Junqueira e Paula Bianchi
Imagens adicionais: Mariana Greif
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