Obra em área VIP de Interlagos é interditada por colocar operários em risco

Construção do novo ”Hospitality Center” do autódromo está parcialmente embargada por fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) desde o dia 24; falta de proteções coletivas básicas expõe operários a quedas de grandes alturas e ao risco de lesões e mortes
Por Carlos Juliano Barros e Isabel Harari | Edição Diego Junqueira
 01/11/2024

UMA PARTE DAS OBRAS da nova área VIP do autódromo de Interlagos, na capital paulista, está interditada há mais de uma semana por auditores fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), por colocar em perigo a saúde e a segurança dos operários.

No próximo domingo (3), o espaço administrado pela Prefeitura de São Paulo recebe o Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1, um dos principais eventos da cidade.

A construção do “Hospitality Center” do autódromo foi parcialmente embargada no dia 24, segundo o relatório da fiscalização, devido ao “grave e iminente risco de acidente de trabalho por queda de altura, em razão, especialmente, da inexistência de proteções coletivas”, como redes, grades e estruturas de guarda-corpo.  

O documento classifica como “provável” a chance de os operários sofrerem quedas de grandes alturas no canteiro de obras. De acordo com os fiscais do MTE, a ausência de barreiras de contenção, medida básica em empreendimentos desse porte, pode gerar lesões, adoecimentos e até mesmo mortes.

Fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego determinaram a instalação de proteções coletivas, como redes e grades, para evitar quedas e acidentes (Foto: Divulgação/MTE)

Obras são estimadas em R$ 127 milhões

Com área total de quase 22 mil m², o complexo de três andares vai sediar a administração do autódromo, além de espaços de eventos com capacidade para receber até 6 mil pessoas. 

Localizada no miolo de Interlagos, em frente à Curva do Laranjinha, a estrutura tem 22 metros de altura. Também estão previstos dois túneis para facilitar a logística interna do autódromo. O consórcio responsável pelas obras venceu a licitação ao estimar o custo total em R$ 127 milhões.

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“Não tem nenhuma justificativa para fazer obra sem segurança no trabalho, ainda mais numa construção com um investimento tão alto”, afirma Antonio de Sousa Ramalho, presidente do Sintracon (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de São Paulo). “Isso é falta de responsabilidade de quem contrata. Não precisava o Ministério do Trabalho ir lá embargar. A Prefeitura poderia ter feito isso”, complementa.  

Em nota, a assessoria de imprensa do Consórcio Interlagos JC, responsável pelas construções, afirmou que “na qualidade de contratado, este consórcio está impedido de comentar assuntos relativos à obra em questão”. 

Já a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras (SIURB) informou, por meio de nota, que as obras “foram retomadas no dia 28 de outubro, após atendidas todas as exigências, e seguem o cronograma previsto inicialmente”.

No entanto, a Repórter Brasil apurou que o embargo da obra foi suspenso de forma parcial e temporária. Por sinal, o último termo de supensão é de 31 de outubro, e não de 28, como informado pela prefeitura.

Dessa forma, áreas onde estão dispostos os equipamentos de ar-condicionado, por exemplo, permanecem interditadas. Além disso, após a realização do Grande Prêmio de Fórmula 1, serão necessárias novas comprovações de regularidade para que a desmontagem e a retomada da obra sejam autorizadas.

Fiscais exigem medidas de proteção para liberar a obra

Para liberar as obras, os fiscais determinaram a adoção de uma série de medidas, como o fechamento de vãos no piso e a instalação de proteções contra quedas, de acordo com as especificações de normas regulamentadoras do governo federal.

Também foram solicitados documentos para comprovar a realização da análise de riscos da obra e o fornecimento dos devidos equipamentos de proteção individual (EPIs), ações previstas pela legislação. Ainda segundo o termo de embargo, os trabalhadores devem continuar recebendo salário, até que os problemas sejam sanados.

Nota da redação: o texto foi atualizado às 17h15 para acrescentar o posicionamento da Prefeitura de São Paulo

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