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Marfrig
A Marfrig ressalta que não adquire animais oriundos de áreas de desmatamento, mantendo sua rigorosa política de compras de gado e atendimento ao compromisso assinado com o Ministério Público Federal do Brasil. O atendimento a tais critérios é um compromisso inegociável da empresa.
A Marfrig solicita individualmente de todo e qualquer fornecedor uma série de documentações referente ao proprietário e a fazenda, incluindo o cadastro ambiental rural (CAR) e o documento de comprovação de posse fundiária (CCIR), e ambos são confrontados e apenas são aprovados quando são condizentes. Com esse procedimento, a empresa possui as informações oficiais – de diferentes instâncias – que comprovam a localização e posse das propriedades fornecedoras de animais. Em seguida, esses dados são inseridos na plataforma de monitoramento geoespacial que cruza tanto os dados georreferenciados quanto os documentos da fazenda (CAR e CCIR) com informações públicas oficiais para identificar potenciais não conformidades ou sobreposições com territórios indígenas, desmatamento, áreas embargadas, unidades de conservação e alguma relação com trabalho escravo. Antes de cada nova compra, todos os dados são checados e quando uma não conformidade é identificada em uma propriedade, esta é imediatamente bloqueada.
Outro ponto a salientar é que temos percebido a adoção de diferentes metodologias para mensuração do desmatamento e não a metodologia oficial adotada pelo Ministério Público Federal do Brasil, da qual a Marfrig é signatária. A adoção de tais metodologias não oficiais possibilita avaliações divergentes que nem sempre condizem com a realidade.
Por fim, sobre a possível correlação da Marfrig com os casos de desmatamento a empresa sempre respondeu a todos os questionamentos recebidos, desde que compartilhados os dados necessários para devida análise.
Minerva
POSICIONAMENTO
A Minerva Foods reconhece que a perenidade e o sucesso de seu negócio dependem da sustentabilidade dos ecossistemas que sustentam a produção agrícola. Em 2021, anunciou seu Compromisso com a Sustentabilidade e estabeleceu a meta de desenvolver e implementar um programa de monitoramento para fazendas fornecedoras indiretas em todos os seus países operacionais na América do Sul até 2030. Para atingir esses objetivos, já concluiu 100% do monitoramento de todos os seus fornecedores diretos na América do Sul. Isso significa que todas as compras de gado da Companhia são verificadas por meio de um sistema de monitoramento geoespacial, que monitora as condições das fazendas fornecedoras, garantindo que o gado adquirido esteja em conformidade com as políticas e procedimentos da Companhia, os protocolos setoriais e a legislação vigente em cada país onde a Companhia atua. No Brasil, a legislação vigente é o Código Florestal Brasileiro (Lei 12.651/12). Vale destacar que o monitoramento socioambiental é realizado em nível de fazenda, garantindo uma análise específica e dedicada para cada propriedade.
Este sistema de verificação de fornecedores diretos passa por auditorias anuais de terceira parte, garantindo o comprometimento da empresa com a excelência e o cumprimento dos mais altos padrões. Essas auditorias são conduzidas pelo Ministério Público Federal, uma autoridade conceituada e confiável na área de verificação socioambiental dentro da cadeia produtiva brasileira. As auditorias mais recentes demonstram que as compras realizadas pela Minerva Foods atingiram 100% de conformidade. Todos os critérios socioambientais definidos no Protocolo de Monitoramento de Fornecedores de Gado na Amazônia e no Compromisso Público da Pecuária (CPP) foram atendidos, tendo sido auditados pela Grant Thornton Brasil e pela BDO RCS Auditores Independentes, respectivamente. Os resultados das auditorias estão disponíveis publicamente no site da Companhia, e as demais iniciativas também podem ser acessadas nos relatórios de sustentabilidade.
Além disso, a Companhia estabeleceu o programa de gestão de fornecedores chamado Minerva View, que inclui uma série de iniciativas, ações e atividades voltadas para garantir a conformidade e a transparência dentro de sua cadeia de suprimentos, com base em três pilares: fornecedores diretos, fornecedores indiretos e reintegração de fornecedores. Para avançar na frente de fornecedores indiretos, a Companhia implementou diferentes protocolos que garantem a rastreabilidade e o monitoramento socioambiental dos animais. Em um desses protocolos, o de rastreabilidade individual, o processo de verificação é realizado por empresas certificadoras credenciadas pelo MAPA (Ministério da Agricultura e Pecuária).
A Minerva Foods também lançou o aplicativo SMGeo Prospec, desenvolvido em parceria com a Niceplanet Tecnologia, uma ferramenta que coloca na mão do produtor a mesma tecnologia utilizada pela indústria para o monitoramento de fornecedores, incentivando-os a consultarem sua própria cadeia de fornecimento antes de realizarem qualquer comercialização. O custo de cada análise socioambiental é viabilizado pela Companhia por meio da distribuição de vouchers, possibilitando ao produtor realizar a análise de conformidade de suas aquisições de maneira gratuita.
JBS
Desde 2009, a JBS avalia diariamente milhares de potenciais fazendas fornecedoras de gado por meio de um sistema de monitoramento geoespacial. A Política de Compras de Matérias-Prima da Companhia proíbe compras em propriedades envolvidas em desmatamento ilegal, áreas sob embargo ambiental, unidades de conservação e terras indígenas ou quilombolas, entre outros requisitos, como estar na Lista Suja do Trabalho Escravo.
Em 2021, a JBS lançou a Plataforma Pecuária Transparente, que utiliza a tecnologia blockchain. Esse sistema permite que os fornecedores diretos da Companhia apliquem os mesmos critérios socioambientais aos seus próprios fornecedores de animais. A partir de 1º de janeiro de 2026, apenas produtores cadastrados na plataforma poderão vender gado para a JBS.
Vale destacar que um estudo realizado por pesquisadores das universidades de Wisconsin e Nova York, nos EUA, e de Cambridge, no Reino Unido, em 2023, apontou que o monitoramento feito por empresas que atuam na Amazônia, incluindo a JBS, ajudou a reduzir em 15% o desmatamento na região entre 2010 e 2018. O estudo está disponível e pode ser acessado clicando aqui.
Em relação aos dados do Imazon, a análise foi tratada de forma setorial. A ABIEC (Associação Brasileira dos Exportadores de Carne Bovina) considerou que a metodologia do Imazon chegava a uma conclusão simplista e imprecisa em relação à exposição ao risco de desmatamento, pois não considera aspectos essenciais como políticas corporativas, sistemas de gestão de compras sustentáveis e bloqueios de fornecedores. As empresas que fizeram avanços significativos em seus controles acabam sendo criticadas, e sua transparência é usada não como incentivo, mas como penalidade.
A Companhia lamenta não ter acesso a todas as informações sobre as compras de gado da JBS para esclarecer as denúncias. Em relação aos três exemplos compartilhados pelo TBIJ, assim como pela Repórter Brasil, a empresa pontua que:
- Fazenda Sarare: Com base em análises socioambientais, o imóvel atende às políticas e protocolos setoriais da empresa.
- Fazenda Soberana: Imóvel bloqueado desde 31 de janeiro de 2022.
- Fazenda Terezinha: Esta propriedade não possui vínculo comercial com a empresa e não está registrada como fornecedora de gado para a JBS.