AMBIENTALISTAS estão pressionando o time de rugby inglês Saracens a cortarem relações com seu patrocinador StoneX. Reportagem da Repórter Brasil, em parceria com o TBIJ (The Bureau of Investigative Journalism), mostrou que a empresa tem em sua rede de fornecedores de ouro cooperativas de garimpeiros autuadas por desmatamento ilegal, uso irregular de mercúrio e com áreas de garimpo localizadas às margens de unidades de conservação da Amazônia. A companhia é uma das 15 maiores empresas do setor financeiro dos Estados Unidos.
Após a publicação da investigação, o diretor do programa do grupo de proteção da floresta tropical Amazon Watch, Christian Poirier, disse ao site i Paper, que “qualquer organização preocupada com a preservação ambiental e os direitos humanos não pode manter vínculos diretos ou indiretos com a desastrosa indústria de mineração ilegal de ouro no Brasil.” Também defendeu à publicação que o time Saracens “tem o dever de romper laços com seu patrocinador ou compartilhar sua potencial cumplicidade em um dos principais causadores da destruição de terras e comunidades indígenas da Amazônia.”
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A ativista sênior de florestas do Greenpeace UK, Daniela Montalto, também comentou ao i Paper: “Os sarracenos devem saber [que] sua marca pode compartilhar a vergonha da destruição da floresta, do crime, da poluição, do envenenamento e da doença que é intrínseca à mineração ilegal de ouro na Amazônia.”
Ainda segundo o I Paper e o TBIJ, em 2020, o Saracens assinou um lucrativo acordo de patrocínio com o grupo financeiro StoneX, que é estimado em mais de 2 milhões de libras por ano. O nome da StoneX está estampado nas camisas dos jogadores e na arquibancada principal no estádio do clube. Os Saracens não responderam ao pedido de comentário do i Paper sobre a pressão dos ambientalistas.
Em setembro de 2023, uma carga de ouro de R$ 4,6 milhões, que seria exportada pela Coluna DTVM para a StoneX em Dubai, foi barrada pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos. Para a Receita, existiam “fortes inconsistências entre a documentação apresentada para a exportação da carga […] e o que foi constatado em perícia técnica realizada a pedido da fiscalização aduaneira”. O órgão encontrou divergências ao comparar o peso do ouro averiguado pelas autoridades com o declarado nas notas fiscais apresentadas pela empresa.
Na documentação enviada à Receita, a Coluna DTVM apresentou milhares de notas fiscais de outras operações que indicavam a origem do ouro que seria exportado. Elas revelam que parte do minério havia sido adquirido da FD Gold, companhia que tinha como principal fornecedora do produto uma coorperativa matogrossense autuada por desmatamento ilegal e pelo uso irregular de mercúrio em áreas de garimpo, conforme apuraram Repórter Brasil e TBIJ.
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