DE BELÉM – Funcionários de uma empresa terceirizada que atuam na limpeza dos pavilhões da COP30 estão fazendo suas refeições sentados no chão, em frente a banheiros da Blue Zone. No local, ocorrem as negociações oficiais com empresas e governos durante a conferência climática da ONU (Organização das Nações Unidas), em Belém (PA).
“Antes de começar a COP, a gente podia comer na praça de alimentação. Mas, desde que começou o evento, a gente não pode mais sentar lá”, diz uma trabalhadora à Repórter Brasil.
“Ficaram de disponibilizar uma tenda pra gente, mas até hoje eles não disponibilizaram”, complementa outro funcionário.
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Um local próximo à sala de administração da limpeza tem servido como espaço para refeições e área para descanso. “Pelo menos tem ar condicionado”, explica uma trabalhadora.
“Alimentar-se mal, no chão, com pouco tempo, definitivamente não combina com os princípios que estão sendo discutidos em Belém”, afirma Renato Bignami, auditor-fiscal do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego).
“A promoção de trabalho digno é parte integrante essencial de qualquer discussão sobre mudanças climáticas e precisa ser efetivada sob pena de jamais alcançarmos um equilíbrio e a sustentabilidade tão necessária em 2025”, complementa Bignami, que também é membro da diretoria do Sinait (Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho).

Os funcionários também reclamam do calor dentro dos banheiros onde atuam — os locais não contam com sistema de refrigeração, o que tem gerado queixas sobre suor excessivo por parte dos trabalhadores.
O calor tem sido uma queixa constante entre os participantes da COP. A tenda em lona na Blue Zone não tem sido capaz de refrescar as altas temperaturas da capital paraense, acima dos 30 graus.
Alguns estandes privados contrataram serviços de ventilação independentes. Leques também vêm sendo distribuídos como brindes para minimizar o calor.
Em nota, a assessoria de imprensa da presidência da COP30 afirmou que já cobrou providências da empresa DMDL, responsável pelas contratações dos profissionais. “Também foram solicitadas, de forma imediata, áreas adequadas de refeição e descanso, garantindo dignidade e conforto aos trabalhadores”.
A Repórter Brasil também entrou em contato com a DMDL, responsável pela gestão do espaço, e com a Amazon Service, a empresa subcontratada pela DMDL e responsável pela limpeza da Blue Zone. Porém, até o fechamento desta reportagem, não houve manifestação. As respostas serão incluídas, se os posicionamentos forem recebidos pela redação.
Nota da redação: o texto foi atualizado às 15h15 para acrescentar o posicionamento da organização da COP30
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