Síntese das Atividades da Repórter Brasil em 2012

Segue um breve relatório com as principais atividades desenvolvidas pela Repórter Brasil, ao longo de 2012, bem como seus objetivos, o público para o qual foram destinadas e os resultados obtidos. 

(Para ler a íntegra dos relatórios do programa “Escravo, nem pensar!”, clique em 2011 e 2012.)

Atividade 1

Formações: O “Escravo, nem pensar!” realizou duas formações, com 60 participantes – que incluem professores, gestores de educação e líderes comunitários – em cada uma delas, em três municípios do Pará: Pacajá, Rio Maria e Eldorado de Carajás. Nas formações, foram abordados os temas do trabalho escravo e o tráfico de pessoas e outros assuntos correlatos. Cada formação tem 40 horas, distribuídos em 5 dias consecutivos.

Objetivo:

Promover o engajamento das comunidades vulneráveis na luta contra o trabalho escravo por meio da abordagem do tema na sala de aula, do desenvolvimento de projetos pedagógicos e extracurriculares, do debate com pais e alunos e da transformação da escola como ponto de referência e troca de informações sobre direitos humanos e questões relacionadas à categoria social do trabalho.

Público Alvo:

Crianças e adolescentes
Família
Mulheres
Associações
Estudantes
Lideranças comunitárias
Comunidades locais
Migrantes ou Imigrantes

Resultados obtidos:

Professores realizaram atividades sobre o trabalho escravo em suas escolas; desenvolvem projetos extracurriculares e envolvem membros da comunidade em atividades sobre o tema que extrapolam o universo escolar. Após as formações, a pauta do trabalho escravo permeia o dia a dia escolar a partir de sua abordagem contextualizada nas disciplinas. O tema deixa de ser tabu e a comunidade, antes vulnerável, passa a ter dimensão da complexidade do tema, enquanto uma violação de direitos humanos. A exploração do trabalho deixa de ser naturalizada e é vista como inaceitável, um crime que atenta à dignidade humana.

Período de realização:2012

Nº de beneficiários atendidos de forma gratuita:6.151

Nº total de beneficiários:6.151

Atividade 2

Financiamento de projetos comunitários. O “Escravo, nem pensar!” financiou o desenvolvimento de 15 projetos comunitários desenvolvidos por educadores e lideranças de 11 municípios de 7 estados brasileiros: Itatira (CE), Goiânia (GO), Açailândia (MA), Confresa (MT), Rio Maria (3 projetos; PA) e Sapucaia (PA), Monsenhor Gil (PI), Barras (PI), Oeiras (PI), Morro da Cabeça no Tempo (PI), Araguaína (TO) e Muricilândia (TO). O programa fornece, além de apoio financeiro (até 1,2 mil reais cada), o suporte técnico e assessoria pedagógica.

Objetivo:

Promover o engajamento das comunidades vulneráveis na luta contra o trabalho escravo e fomentar a autonomia de ações de combate a esse problema pela própria comunidade por meio do protagonismo e mobilização social dos atores locais.

Público Alvo:

Crianças e adolescentes
Mulheres
Família
Comunidades locais
Lideranças comunitárias
Organizações/Movimentos populares
Estudantes
Associações

Resultados obtidos:

Os projetos desenvolveram ações diversificadas, com atividades de formação de educadores e estudantes sobre o tema, e apresentações e debates com a comunidade. Entre as ações realizadas estão: dramatizações, produção de textos e cartazes, palestras, exibição de vídeos, apresentação de teatro, construção de hortas na escola e comunitária, pesquisa sobre migração e trabalho, entre outros. Os projetos também estabelecem parcerias diversas com secretarias municipais de educação, sindicatos, igrejas, dioceses, Comissão Pastoral da Terra, agentes comunitários de saúde etc para o desenvolvimento das ações. Com essas atividades, os projetos envolveram as comunidades escolares, e outros membros dos municípios, promovendo trocas de experiências e debate a respeito de temas, considerados, até então, tabu. No geral, as ações permaneceram, bem como os seus efeitos, mesmo após a conclusão do financiamento por parte da Repórter Brasil.

Período de realização:2012

Nº de beneficiários atendidos de forma gratuita:9.212

Nº total de beneficiários:9.212

Atividade 3

Encontros de acompanhamento: Os encontros de acompanhamento são realizados nos municípios que passaram pela formação do “Escravo, nem pensar!” em anos anteriores. Eles acontecem três vezes, a cada seis meses (em média) após as formações. Em 2012, foram realizados 12 encontros de acompanhamento em 11 municípios: Juína ( 2 encontros; MT); Rio Maria, Eldorado dos Carajás, Novo Repartimento, Itupiranga, Xinguara (PA); Pindaré-Mirim (MA); Avelino Lopes, Baixa Grande do Ribeiro, Cristalândia e Parnaguá (PI).

Objetivo:

Desenvolver, conjuntamente com as comunidades, especialmente com os educadores e lideranças, projetos e ações de combate ao trabalho escravo e ao tráfico de pessoas com o público vulnerável ao aliciamento e à exploração, além de prover assessoria técnica e pedagógica aos educadores para a abordagem das temáticas no âmbito escolar e na comunidade como um todo.

Público Alvo:

Mulheres
Crianças e adolescentes
Estudantes
Família
Comunidades locais
Lideranças comunitárias
Associações
Migrantes ou Imigrantes

Resultados obtidos:

Participantes elaboram e desenvolvem um plano de ação para abordar o tema do trabalho escravo na escola e na comunidade. Alunos, educadores e pais se envolvem no debate da temática, ampliando a conscientização a respeito do trabalho escravo, além da realização de atividades de mobilização e prevenção ao problema.

Período de realização:2012

Nº de beneficiários atendidos de forma gratuita:12.041

Nº total de beneficiários:12.041

Atividade 4

Desenvolvimento de material pedagógico e publicações informativas. A produção de novos materiais didáticos se consolidou como uma área importante de atuação do programa. A recente publicação de novos materiais tem permitido que as discussões apresentadas pelo programa atinjam um público que, muitas vezes não participaram diretamente das outras atividades do programa, ampliando seu alcance. Foram produzidos os cadernos temáticos: “Migração – O Brasil em Movimento” (2 mil exemplares); “Moendo Gente – a situação do trabalho nos frigoríficos” (2 mil exemplares); “Experiências Comunitárias de Combate à Escravidão – 2012” (1 mil exemplares). Além disso, a publicação do programa “Escravo, nem pensar! – uma abordagem sobre o trabalho escravo contemporâneo na sala de aula e na comunidade” foi atualizada e reeditada. A nova versão teve uma tiragem de 10 mil exemplares.

Objetivo:

Difundir o conhecimento a respeito de tráfico de pessoas e trabalho escravo rural contemporâneo como forma de combater essas violações de direitos humanos por meio de materiais didáticos e informativos, que abordam o problema sob uma perspectiva de construção de cidadania e defesa de direitos humanos.

Público Alvo:

Mulheres
Crianças e adolescentes
Idosos
Estudantes
Família
Comunidades locais
Lideranças comunitárias
Outras ONGs
Associações
Migrantes ou Imigrantes
Comunidades científicas

Resultados obtidos:

Escolas e comunidades recebem materiais sobre trabalho escravo e temas relacionados e os utilizam em processos formativos para os educadores e também na formação de seus alunos. Esses materiais proveram subsídios para o desenvolvimento de outros projetos escolares e nas comunidades que colocaram o tema do trabalho escravo na agenda pública. Além disso, esses materiais são constantemente usados por outras entidades de direitos humanos para formações e atividades de conscientização.

Período de realização:2012

Nº de beneficiários atendidos de forma gratuita:30.000

Nº total de beneficiários:30.000

Para ler o relatório detalhado relativo ao programa “Escravo, nem pensar!”, da área de metodologia educacional,clique aqui.

Atividade 5

Agência de Notícias Repórter Brasil. Cobertura jornalística de temas ligados a direitos trabalhistas, direitos humanos e questões ambientais. Produção de notícias, reportagens e artigos para o portal Reporter Brasil (reporterbrasil.org.br), principal fonte de informações do país sobre combate ao trabalho escravo. Divulgação de dados e textos com amplo uso de mapas, fotos, vídeos e infográficos. Coberturas especiais sobre trabalho infantil, condições trabalhistas em frigoríficos, desmatamento da Amazônia, tráfico de pessoas e exploração sexual. Produção e envio de boletins regulares e distribuição de informações por meio de redes sociais. Manutenção do Blog da Redação (reporterbrasil.org.br/blogdaredacao), constantemente atualizado com análises e dados sobre conflitos agrários, degradação ambiental, direitos de povos originários e de imigrantes, bem como com notas e informes de outras associações da sociedade civil e entidades governamentais que acompanham tais temáticas. Cobertura multimídia, com vídeos, fotos e infográficos. Organização e divulgação aberta de clipping sobre trabalho escravo e análises econômicas envolvendo direitos trabalhistas, humanos e ambientais. Produção de páginas especiais com temáticas específicas, como a cobertura especial sobre a votação envolvendo a Proposta de Emenda Constitucional 438 na Câmara dos Deputados, que passou a tramitar no Senado como PEC 57A/1999. Monitoramento da produção acadêmica e editorial relacionada à trabalho escravo, com divulgação de informações, links e resenhas sobre as principais novidades relacionadas ao tema. Entrevistas com autoridades, empresários e militantes sociais com abertura de espaço para a discussão de problemas e soluções para o país. Atendimento aos leitores e internautas por meio dos espaços abertos para comentários nas páginas do portal e nas redes sociais. Esclarecimento de dúvidas e interação de modo à facilitar a busca por informações.

Objetivo:

Fortalecer o combate ao trabalho escravo no país. Ampliar a transparência de cadeias produtivas e a divulgação de informações relacionadas às temáticas listadas. Explicitar relações comerciais e mapear responsabilidades na manutenção de violações sistemáticas de direitos humanos, trabalhistas e ambientais. Facilitar o acesso a informações de interesse público e sobre o funcionamento dos sistemas legal e político, de modo a democratizar o acesso à Justiça no país. Abrir espaço para denúncias e informes que associações e grupos que, normalmente, não têm voz em outros canais de mídia. Contribuir para a divulgação e troca de informações com qualidade sobre problemas que afetam o país, de modo a fortalecer a construção de políticas públicas e o debate em busca de soluções.

Público Alvo:

Mulheres
Idosos
Pequenos Produtores
Portadores de deficiência
Associações
Negros e/ou Quilombolas
Indígenas
Estudantes
Migrantes ou Imigrantes
Família
Comunidades locais
Autoridades locais
Lideranças comunitárias
Moradores de área de ocupação
Outras ONGs
Organizações/Movimentos populares

Resultados obtidos:

A Agência de Notícias da Repórter Brasil ampliou consideravelmente seu alcance em 2012 e reforçou sua posição como principal centro de informações sobre trabalho escravo no Brasil, passando a ser considerada referência também na cobertura sobre questões socioambientais. A política editorial de conteúdo aberto, com adoção de licença Creative Commons que permite livre reprodução de toda produção, ampliou o alcance direto e indireto do conteúdo reproduzido. É difícil auferir com precisão o público direto e indireto, mas uma estimativa conservadora permite afirmar que foram alcançados mais de 800 mil pessoas. Em termos, de audiência direta, o site passou de uma média de 20 mil visitantes únicos em 2011 para 40 mil visitantes únicos em 2012, com picos de audiêcia e casos em que o material publicado subsidiou outros veículos. Nas redes sociais, a audiência também se multiplicou. No Twitter, de 47 mil em 2011, passamos para mais de 77 mil. No Facebook, de 3,5 mil para mais de 7,8 mil.

Período de realização:2012

Nº de beneficiários atendidos de forma gratuita:800.000

Nº total de beneficiários:800.000

Atividade 6

Produção de relatórios de pesquisa e reportagens; promoção de projetos com empresas, governos, movimentos sociais e ONGs para apoiar programas de responsabilidade social; produção de cartilhas educativas sobre questões sociais e ambientais.

Objetivo:

Levantamento de informações sobre os impactos de commodities e agrocombustíveis no Brasil e Bolívia, com o objetivo de fomentar programas de responsabilidade social e melhorar a sustentabilidade da produção agropecuária. Fornecer a governos recomendações sobre políticas públicas a serem aplicadas no ramo da agropecuária.

Público Alvo:

Idosos
Mulheres
Associações
Pequenos Produtores
Portadores de deficiência
Estudantes
Família
Comunidades locais
Comunidades científicas
Autoridades locais
Lideranças comunitárias
Moradores de área de ocupação
Outras ONGs
Organizações/Movimentos populares
Indígenas
Negros e/ou Quilombolas
Migrantes ou Imigrantes

Resultados obtidos:

Grandes empresas no Brasil e no exterior usam as informações produzidas pelos pesquisadores para fomentar programas de responsabilidade social, entre elas a Petrobrás. ONGs e movimentos sociais no Brasil e no exterior usam as mesmas informações para pressionar governos e parlamentos a melhorarem a regulação do mercado de bioenergia, como no caso da Diretiva da União Européia. O governo utiliza nossas informações em programas de fiscalização e monitoramento de programas agropecuários. Em 2012, produzimos um relatório sobre ilegalidades socioambientais na Bolívia, dois relatórios sobre o setor sucroalcooleiro, um sobre a produção irregular de soja e cana em áreas indígenas Guarani no Mato Grosso do Sul, e uma cartilha sobre economia verde que foi apresentada na Rio+20, a conferência da ONU sobre sustentabilidade realizada no Rio de Janeiro.

Período de realização:2012

Nº de beneficiários atendidos de forma gratuita:20.000

Nº total de beneficiários:20.000

Percentual da gratuidade parcial:0.0%

Atividade 7

Envolvimento do setor empresarial no combate ao trabalho escravo contemporâneo. A Repórter Brasil desenvolveu uma metodologia para identificação e rastreamento de cadeias produtivas que apresentam graves problemas sociais, trabalhistas e ambientais. A metodologia vem sendo aplicada anualmente. Desde 2003, já mapeou as redes comerciais de mais de 700 propriedades rurais, mostrando como grandes empresas compram e vendem produtos envolvidos em crimes sociais e ambientais sem ter conhecimento disso. Os resultados de suas pesquisas geraram a informação necessária para a criação de políticas de combate às graves violações aos direitos dos povos e trabalhadores do campo. Deram origem ao Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo, que congrega mais de 400 empresas e associações para erradicar a escravidão da economia brasileira, contribuíram com a Moratória da Soja, os pactos Conexões Sustentáveis, os acordos do Greenpeace e do Ministério Público Federal com frigoríficos para combater os impactos da pecuária na Amazônia brasileira, entre outros. Essa metodologia ser tornou referência, copiada em outros países. Em 2012, a Repórter Brasil analisou mais de 100 diferentes ramos de escoamento que apresentaram problemas com trabalho escravo ou crimes ambientais de acordo com o governo federal, o Ministério Público Federal e o Ministério Público do Trabalho. Com as informações em mãos, a Repórter Brasil, que integra o Comitê de Coordenação e Monitoramento do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo (junto com o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, a Organização Internacional do Trabalho e o Instituto Obsertvatório Social), articulou diálogos com empresas e associações empresarias dentro e fora do país visando sua mobilização e engajamento. Como resultado, cerca de 95 empresas passaram a adotar políticas para combater o trabalho escravo em suas cadeias produtivas.

Objetivo:

Articular o engajamento do setor empresarial no combate ao trabalho escravo contemporâneo através da produção de informação sobre a situação de suas cadeias de valor, garantindo dessa forma a melhoria da qualidade de vida do trabalhador brasileiro e evitando a utilização de justificativas sociais no erguimento de barreiras comerciais não-tarifárias em mercadorias brasileiras vendidas no exterior.

Público Alvo:

Migrantes ou Imigrantes
Autoridades locais
Lideranças comunitárias
Outras ONGs
Comunidades científicas
Organizações/Movimentos populares
Empresas e associações empresariais

Resultados obtidos:

95 novas empresas engajadas no combate ao trabalho escravo – Aumento da participação do setor têxtil no combate ao trabalho escravo no Brasil – Aumento da participação do PIB brasileiro no combate à escravidão (de 20% a 25% ) – Aprimoramento do combate ao trabalho escravo nos setores sucroalcooleiro, sojicultor e moveleiro – Desenvolvimento de redes internacionais para o combate ao trabalho escravo, com destaque para a conexão Brasil – Estados Unidos – Compartilhamento do modelo desenvolvido pelo Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo e da produção de pesquisas de cadeias produtivas para Europa, Estados Unidos e Mercosul – Apoio nem ações desenvolvidas pelo governo federal, pelo Ministério Público Federal e pelo Ministério do Trabalho e Emprego

Período de realização:2012

Nº de beneficiários atendidos de forma gratuita:3.250

Nº total de beneficiários:3.250

Atividade 8

Produção de Documentários em vídeo.

Objetivo:

Produção de um documentário em vídeo sobre problemas trabalhistas e impactos sociais causados por grandes obras de construção civil em andamento no país.

Público Alvo:

Mulheres
Associações
Migrantes ou Imigrantes
Família
Comunidades locais
Organizações/Movimentos populares

Resultados obtidos:

O documentário ainda está em fase de produção e captação de imagens. O lançamento do filme não deve ocorrer antes do segundo semestre de 2014. Por esse motivo, é impossível calcular o número de beneficiários do projeto.

Período de realização:2012

ASSINE NOSSA NEWSLETTER

Receba nossas
investigações no seu email

APOIE

A REPÓRTER BRASIL

Sua contribuição permite que a gente continue revelando o que muita gente faz de tudo para esconder