Pesquisa mostra novos casos de desmate ligados à rede de fornecedores da Frigol

Relatório da AidEnvironment identifica desmatamento e riscos de invasão às terras indígenas da Amazônia entre produtores da rede de fornecedores do frigorífico; Repórter Brasil colaborou com estudo
Por Repórter Brasil

Uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira (5) pela organização holandesa AidEnvironment identificou novos casos de possível desmatamento e riscos de invasão às terras indígenas da Amazônia entre produtores rurais que, de acordo com o levantamento, fazem parte da cadeia de fornecimento da Frigol, um dos maiores frigoríficos do Brasil. 

Às vésperas da COP30, a entidade alerta para os problemas nas cadeias de produção da pecuária, que chegam até as grandes marcas da moda global, com conexões entre matadouros da Frigol e curtumes, e cobra ações de organizações públicas e privadas.  

O relatório FriGol Compliance Checker  mapeou cinco casos de fazendas de gado localizadas no Pará e no Mato Grosso com indícios de desmatamento realizado após a data de corte da EUDR (Regulamentação Europeia de Desmatamento), que proíbe a importação e a exportação de produtos que contribuem para a prática a partir de 31 de dezembro de 2020. 

O relatório alerta que os casos identificados violariam tanto a legislação ambiental brasileira quanto às regulamentações da União Européia caso as mercadorias dessas fazendas tenham entrado no mercado europeu. Juntas, essas propriedades teriam desmatado 1,4 mil hectares de vegetação nativa, resultando em 785,2 mil toneladas de emissões de carbono, conforme alerta o levantamento. A sistematização desses dados contou com a colaboração da Repórter Brasil.

A pesquisa identificou que matadouros da FriGol em Água Azul do Norte e São Félix do Xingu, no Pará, provavelmente estão ligados a fornecedores indiretos com desmatamento ilegal e proprietários multados em milhões pelo crime, fazendas que não cumprem a legislação para áreas de proteção e propriedade localizada na divisa com o Território Indígena Apyterewa. 

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A FriGol informou à AidEnvinment que monitora 100% de seus fornecedores diretos e planeja atingir o monitoramento total de seus fornecedores indiretos até 2030. A Repórter Brasil também procurou o frigorífico e a empresa reiterou o posicionamento enviado à AidEnvinment.

“Com evidências de perda florestal recente em fazendas de fornecedores indiretos, as políticas da empresa simplesmente não são suficientes”, analisou Sarah Drost, pesquisadora sênior da AidEnvironment.

Moda global comprometida 

Em junho de 2025, a organização britânica Earthsight expôs as ligações entre a FriGol e produtores italianos de couro que fornecem para algumas das maiores marcas de moda de luxo. O relatório “O Preço Oculto do Luxo” rastreou o couro que sai dos matadouros do frigorífico no Pará e chega até os curtumes italianos Conceria Cristina e Faeda – fornecedores da Coach, Louis Vuitton, Fendi e Hugo Boss. O estudo também contou com a colaboração da Repórter Brasil

A organização identificou relações entre a Frigol e a Durlicouros, um dos maiores curtumes do país, que exporta couro para a rede de fornecedores das grandes marcas. 

Para a AidEnvinment, os novos casos identificados alertam para a continuidade dos problemas na cadeia e “aprofundam o escândalo que liga a moda global ao desmatamento ilegal às vésperas da COP30 no Pará”, conforme ressalta a instituição. 

A entidade cobra que os governos que participarão do evento pressionem os setores a cumprir as regulamentações vigentes e façam o monitoramento dos fornecedores indiretos e reivindica transparência da indústria da moda.  

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