1º De Maio

Trabalhadores arcam com ônus da crise, protestam movimentos

Consequências da crise para a classe trabalhadora foram lembradas em ato realizado na capital paulista. "Os trabalhadores não podem pagar pela crise criada pela especulação capitalista", afirma integrante da Pastoral Operária
Por Bianca Pyl
 04/05/2009
Cantores populares se apresentam para público de ato na Praça da Sé (Foto: William Alves)

Um dia de luto e luta. Foi assim os movimentos sociais e sindicais que participaram do ato público na Praça da Sé, centro de São Paulo, definiram a data de 1º de maio, celebrado na última sexta-feira. A manifestação foi marcada por apresentações culturais populares e protestos contra demissões e flexibilizações dos direitos trabalhistas por conta da crise financeira.

Paulo Pedrini, da Pastoral Operária de São Paulo, explicou que o dia é considerado de luto "por causa dos companheiros que morreram lutando por direitos, principalmente na época da ditadura militar". "O dia também é para manter viva a luta pelos direitos sociais da classe operária", emendou. 

1º de maio: reivindicações contra a retirada de direitos por causa da crise (Foto: Yara Fernandes)

Paulo lembrou ainda que a data foi escolhida pelo massacre de Chicago, nos Estados Unidos, quando trabalhadores foram mortos enquanto protestavam pela jornada de 8 horas diárias e melhorias nas condições de trabalho.

As consequências da crise financeira para a classe trabalhadora estiveram na berlinda. "Os trabalhadores não podem pagar pela crise criada pela especulação capitalista. As empresas estão ganhando menos e querem que os empregados paguem o pato", disse Paulo, da Pastoral Operária.

"Há mais de 60 anos eu falo nessa praça. Mas nunca, nesse tempo todo, a classe trabalhadora esteve tão ameaçada como agora. O capitalismo está em crise e quer que os empregados paguem", analisou o advogado e professor Plínio de Arruda Sampaio, um dos representantes do PSol no ato.

Artistas do Espaço Carlos Marighella lembraram ainda figuras importantes da história brasileira na luta pela conquista de direitos: Zumbi dos Palmares, Frei Tito, Chico Mendes, Patrícia Galvão, entre outros. O evento também relembrou o Dia do Trabalho de 1968, quando trabalhadores invadiram e destruíram o palanque onde estava o governador Abreu Sodré. Apesar da repressão policial, os manifestantes seguiram em passeata por São Paulo.

Charles Trocate, do MST, falou sobre a reforma agrária durante o evento (Foto: Luciano Garcia)

A luta pela reforma agrária também teve espaço. Charles Trocate, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Pará, deu seu testemunho sobre os conflitos que estão em curso no estado.

"Enfrentamos um dilema na questão da reforma agrária: o governo aceita o agronegócio e os latifúndios, mas estes são os maiores inimigos da luta pela terra. A única saída que temos é a mobilização", disse Charles, que está em São Paulo por conta das ameças de morte que recebeu. O militante definiu os conflitos no Pará como um "nova tentativa de massacre dos trabalhadores".

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) também esteve presente e disse "estar do lado dos trabalhadores e da reforma agrária". Dom Pedro Luiz Stringhinique, que celebrou a tradicional Missa do Trabalhador antes do ato, declarou que deposita "esperança" na organização popular. "É sinal que o povo não desanima. E a Igreja é solidária a causa dos trabalhadores", adicionou. A organização estima de cerca de 2 mil pessoas participaram da manifestação.

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