Comissão palestina retira-se de debate

Incursão israelense na Faixa de Gaza interrompe o Seminário Diálogos pela Paz, realizado por palestinos e israelenses no 3º FSM
Especial para o Repórter Brasil
 26/01/2003

Devido aos acontecimentos da última madrugada na Faixa de Gaza, a comissão palestina retirou-se do debate que faria hoje pela manhã. Tanques e helicópteros do exército de Israel atacaram uma comunidade de civis palestinos enquanto dormiam,
deixando 18 mortos e mais de 80 feridos.

O painel que se realizaria hoje, fazia parte de uma série que compõe o Seminário Diálogos pela Paz, organizado pelo movimento de israelenses e palestinos brasileiros que buscam uma solução para os conflitos na Palestina.

Em respeito às vítimas do ataque, os palestinos pediram à organização que cancelasse o evento, adiando-o para outro momento. Mesmo assim, os conferencistas Ghalia Galan, judia fundadora do movimento israelense Paz Agora e Lana, palestina,
que estuda na Universidade de Jerusalém foram para a mesa e o evento teve início sob protestos da platéia. Os palestinos se retiraram do auditório.

Sentindo-se desrespeitados, quase todos os palestinos se retiraram do auditório. As duas conferencistas encurtaram sua exposição e quando as intervenções da plenária teriam início,

Zyad Abu Zyad, ministro palestino, interrompeu a discussão e formalmente encerrou o painel.

Após dois cancelamentos, ocorreu uma coletiva às 15h, em que a comissão palestina veio à imprensa explicar os motivos do pedido de adiamento.

Coletiva à imprensa

Poucos jornalistas tiveram acesso à coletiva de imprensa concedida pela comissão palestina para esclarecer os acontecimentos.

Questionou-se a permanência da comissão no FSM e se os eventos já marcados também seriam cancelados. Zyad Abu Zyad, ministro palestino, disse que os acontecimentos na Faixa de Gaza interferiram na programação prevista para hoje. “Não podemos isolar o que acontece na região do que está ocorrendo aqui. Não pretendemos encerrar o diálogo, mas sim respeitar as vítimas do ataque”, explicou.

Uma carta de intenções e uma festa aconteceriam hoje à noite, encerrando o seminário Diálogos pela Paz e pedindo o fim dos conflitos na Palestina. Os palestinos explicaram que não havia clima para qualquer manifestação de paz. “Se achássemos que qualquer manifestação aqui fosse impedir novos ataques, sem dúvida estaríamos presentes. O nosso medo é que para ganhar as eleições presidenciais de Israel na próxima terça-feira, Ariel Sharon faça novos ataques como esse”.

Juliana Bertolucci e Vicente Gioielli, para Repórter Brasil e Ciranda da Informação

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