Alojamentos foram incendiados e houve destruição na madrugada desta terça-feira, 3 de março, no canteiro de obras da hidrelétrica de Jirau, em Rondônia. Nem a presença de tropas da Força Nacional, chamada na semana passada para reforçar o controle em meio à crescente insatisfação dos trabalhadores, e da Polícia Militar, presente desde março de 2011 quando instalações foram destruídas em um protesto, foi suficiente para conter a indignação dos operários.
Cerca de 30 alojamentos como este foram incendiados. Foto: Carlos Juliano Barros |
O episódio é o mais recente da crise que afeta algumas das principais obras do país e que se agravou recentemente com paralisações não só em Jirau, mas também na construção das hidrelétricas de Santo Antônio, também em Rondônia, e de Belo Monte, no Pará. Conforme noticiado pela Repórter Brasil, a assinatura do Compromisso da Construção no começo de março não foi suficiente para conter as greves e denúncias de violações trabalhistas no setor.
De acordo com a Camargo Corrêa, construtora que faz parte do consórcio responsável pela obra, cerca de 30 alojamentos dos 100 existentes no local foram incendiados. A empresa está entre as que assinaram o acordo. Apesar de prever mecanismos para melhorar o diálogo entre trabalhadores e patrões, o compromisso não tem dado os resultados esperados. Na semana passada, uma das assembleias terminou com operários jogando objetos nos carros de som e vaiando líderes sindicais.
Controle
Em nota, a empresa lamentou o episódio e afirmou ainda não ter estimativa dos prejuízos provocados pelo protesto. "Neste momento o clima é de estabilidade e controle e os esforços estão concentrados na mobilização de recursos para retirada com segurança dos trabalhadores que desejam deixar o canteiro de obras, cerca de 3 mil pessoas. Estavam alojados aproximadamente 7 mil trabalhadores. A Camargo Corrêa está providenciando ônibus, alimentação e alojamento provisório em Porto Velho, capital do Estado de Rondônia".
A empresa lembra ainda que a greve foi encerrada após aprovação de acordo em assembleia com os trabalhadores. "Após paralisação de 26 dias, provocada por uma greve que foi julgada ilegal pela Justiça do Trabalho, as atividades foram retomadas com a aprovação pela assembleia dos trabalhadores de proposta de acordo mediada pela Delegacia Regional do Trabalho [Superintendência Regional do Trabalho e Emprego]. Foi aprovada a antecipação de reajustes no salário de até 7% e do valor da cesta básica para até R$ 220,00, além de não descontar os dias parados que seriam compensados futuramente".
Leia também:
Trabalhador morre em Belo Monte e operários declaram greve geral
Mesmo com acordo, greves e violações persistem em obras
No Blog do Sakamoto: quando um sindicato perde a sua utilidade?