O trabalho urbano informal e o serviço doméstico são as principais formas de atividades infantis no Distrito Federal, reflexos do desenvolvimento do comércio e dos serviços – setores econômicos predominantes na cidade. A atividade de crianças no processamento do lixo, na maioria dos casos, incentivada pelos pais, é caracterizado como trabalho doméstico e de relação familiar.

A OIT classifica a atividades de crianças em aterros como uma das piores formas de trabalho infantil e ainda como atividade perigosa e de complexidade privilegiada.

– Trata-se de um trabalho altamente insalubre, que deixa seqüelas para toda a vida – explica Renato Mendes, da Organização Internacional do Trabalho.

Intoxicação, risco de atropelamento e morte são alguns dos prejuízos físicos. Perda de auto-estima e enfraquecimento da integração social também são conseqüências mencionadas pela OIT.

"As condições de trabalho nos aterros são extremamente degradantes e desumanas, roubam da crianças todas as referências e os sonhos com o futuro", diz Perla Ribeiro, coordenadora do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente e ainda do Movimento de Meninos e Meninas de Rua do Distrito Federal.

O trabalho de crianças e adolescentes prejudica a formação das crianças, lembra a a coordenadora. "As crianças perdem a capacidade de imaginar, de sonhar de ter lazer", comenta Perla.

Dados – Em 2004, havia 6.680 crianças trabalhando nas ruas do o Distrito Federal. As ações do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, realizadas pela Secretaria de Ação Social, conseguiu baixar esse número para 2.280. No entanto, os problemas relacionados ao Peti, como falta de atividades para a jornada ampliada e impossibilidade de inclusão das famílias do Entorno, alterou este quadro.

"Ainda não há números atualizados sobre essa mudanças, mas estamos certos de que o Peti não serve para todos os casos e que suas estratégias precisam de revisão", declara a deputada distrital Erika Kokay, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa.