Vinte e nove anos de prisão. Essa foi a sentença que condenou, na noite desta segunda-feira (13), o pistoleiro Wellington de Jesus da Silva, acusado de assassinar em 2000 o então presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rondom do Pará, José Dutra da Costa, o Dezinho.
A sensação de parentes e amigos do sindicalista foi de alívio e justiça. Eles comemoraram abraçados a decisão proferida no Tribunal de Justiça do Pará. A luta agora é para punir o suposto mandante do crime, o fazendeiro Décio José Barroso Nunes, o Delsão, e os dois homens acusados de contratar o pistoleiro. Ainda não há data prevista para os envolvidos irem a julgamento.
Segundo a coordenadora da Comissão Nacional de Mulheres Trabalhadoras Rurais e vice-presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Carmem Foro, a condenação representa sinal positivo de que a Justiça começou a ser feita no Pará. "Essa tendência começa com a eleição da nova governadora, Ana Júlia Carepa, quando quebramos o império do PSDB de 12 anos no estado. A pressão popular foi significativa para que o réu fosse condenado com a pena máxima de 29 anos", explicou.
Na opinião de Carmem, a avaliação do movimento sindical é de que apenas começou a caminhada de vários julgamentos que virão a seguir. "Sempre vamos entender que será decisiva a presença da população e do movimento sindical no dia a dia de pressão para os processos irem a julgamento. No caso de Dezinho, só foi julgado o pistoleiro. Ainda vamos ter de brigar para que o mandante do assassinato do companheiro vá a julgamento."
Ainda não há previsão do julgamento do mandante. Segundo Carmen, isso vai depender do movimento que será feito. "É de vital importância que nós tenhamos muita solidariedade para com a Maria Joel, viúva de Dezinho, que nos últimos dias sofreu muitas pressões. Estamos percebendo também que no Pará está havendo reação ofensiva do latifúndio, em torno da mudança de governo, pois eles sabem que haverá postura do governo do estado com a questão da reforma agrária", concluiu.
Agenda
Depois de ir ao Pará para se encontrar com Maria Joel, na Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Pará, Carmem Foro deverá participar de reuniões sobre a composição do novo governo estadual. No final da semana, a dirigente deverá ir a Manaus para tratar de temas ligados à regionalização no Norte do país.
Arnaldo Júnior
Agência Contag de Notícias