Frigorífico terá que pagar R$ 230 mil a funcionária que perdeu quatro dedos

Tyson foi condenado em danos morais e indenização por dano estético a uma trabalhadora de 21 anos
Leonardo Sakamoto
 16/06/2015

O frigorífico Tyson foi condenado a pagar R$ 230 mil em danos morais e indenização por dano estético a uma trabalhadora de 21 anos que perdeu quatro dedos da mão direita em uma máquina usada no processamento de frangos em Santa Catarina. À decisão cabe recurso.

A empresa também terá que arcar com uma pensão vitalícia no valor de 60% do piso da categoria da trabalhadora até que complete 76,8 anos (expectativa de vida para mulheres nesse estado, segundo o IBGE). A perícia constatou que a lesão roubou, de forma permanente, 60% da sua capacidade laboral.

Contratada para trabalhar no corte de animais, ela era escalada com frequência para limpar o equipamento. E, em uma das vezes, os dedos foram esmagados.

De acordo com o Tribunal Regional do Trabalho de Santa Catarina, a empresa alegou que fornecia treinamento e afirmou que a empregada descumpriu normas de segurança. Contudo, a juíza Maria Beatriz Gubert, da 2ª Vara do Trabalho de São José, concluiu que o processo de limpeza apresentava falhas

“A atividade de higienização das máquinas não seguia o padrão recomendado, já que os empregados a executavam com o equipamento ligado e utilizando luva inadequada, sem qualquer orientação ou supervisão da ré”, afirmou a juíza na sentença.

Isso me lembrou outro caso que tive conhecimento em uma ação de resgate de trabalhadores escravizados na Amazônia tempos atrás. Aliás, a história dos trabalhadores brasileiros é uma sequência de coisas assim.

Em uma fazenda no Sul do Pará, havia uma espécie de tabela para partes do corpo perdidas no serviço.

Um dedo valia X.

Um braço Y.

Uma perna Z.

Nada muito caro, claro.

Mas se a pessoa morria no serviço, o valor que a família receberia de indenização era bem menor que dedos, braços e pernas somados.

Ou seja, a vida valia menos que as partes do corpo usadas por trabalhadores braçais para gerar a riqueza do patrão.

Um trabalhador só vale menos que um trabalhador morto.

 

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