Grupo Móvel resgata mais 22 trabalhadores no Pará

 31/01/2007

Terceira ação do ano demonstra que ações integradas têm surtido efeito e modificado a geografia do aliciamento: devido à intensa fiscalização nas rodovias, maioria dos libertos é de cidades próximas

Brasília – A terceira ação realizada pelo Grupo de Fiscalização Móvel do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) no Pará libertou, esta semana, mais 22 trabalhadores em três fazendas na região de Ipichuna do Pará, próxima a Paragominas. Na semana passada, foram libertados 35 trabalhadores, nas duas primeiras ações do ano.

Na propriedade de Carlos César de Miranda, oito trabalhadores foram flagrados em situação análoga à de escravo. Eles estavam alojados em um curral na fazenda. Há dois meses eles trabalhavam no roçado sem condições dignas de moradia, comida, instalações sanitárias, e não possuíam os Equipamentos de Proteção Individual (EPI). Serão pagos R$ 10 mil em verbas rescisórias.

De acordo com o coordenador do Grupo Móvel, Benedito Silva, o Ministério Público do Trabalho pedirá R$ 4 mil em indenizações, por danos morais, para cada trabalhador.

Na propriedade de Romildo Contrime, outros oito trabalhadores que faziam roçado foram libertos. Eles foram encontrados em barracões de lona preta, sem proteção lateral, instalações sanitárias e energia. Ao todo, os trabalhadores receberão R$ 10,6 mil em indenizações.

Na terceira fazenda fiscalizada, o proprietário Carlos Luís dos Santos mantinha seis trabalhadores em condições análogas à de escravo. A produção da carvoaria era entregue a atravessadores de Açailândia. Os fiscais, que interditaram os fornos, estão investigando se a carvoaria é clandestina. No local, a equipe encontrou alojamento precário sem água potável, energia, instalações sanitárias, entre outras irregularidades. O proprietário pagará R$ 13.363 em verbas rescisórias.

Todos os 22 trabalhadores são da própria região. Segundo Benedito Silva, tem sido comum encontrar aliciados em cidades próximas de onde foram resgatados. "Isso é reflexo das fiscalizações realizadas nas rodovias do país. Está cada vez mais difícil o transporte de trabalhadores", afirma o coordenador.

Rondônia – Em outra ação realizada esta semana pelo Grupo Móvel de Fiscalização, em Rondônia, nas fazendas Taboca e Batista, foram encontradas irregularidades trabalhistas. De acordo com o coordenador do grupo, Dercides Pires, do total de nove trabalhadores, havia uma trabalhadora sem registro, mas o proprietário se recusa a pagar pela infração "Ele alega que ela trabalhava cozinhando para o marido, mas quando chegamos no local ela estava de botas e foice na mão, trabalhando no pasto", relatou Dercides.

Na fazenda Batista, do total de 23 trabalhadores, 17 não eram registrados. As demais infrações, como a proximidade das camas no alojamentos, foram corrigidas na hora.

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