Minc anuncia ofensiva contra ‘boi pirata’

 03/06/2008

Ministro diz que vai apreender gado de pastagens ilegais e conter expansão agrícola

BRASÍLIA. O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, afirmou ontem que a nova alta no desmatamento da Amazônia é preocupante e tende a piorar nos próximos meses, por causa da falta de chuvas e do aumento das queimadas. Ele atribuiu o movimento das motosserras à elevação dos preços da carne e da soja, mas evitou novas críticas ao governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, maior porta-voz do agronegócio entre os aliados do presidente Lula. Minc anunciou novas medidas para tentar conter as derrubadas: a apreensão do gado criado em pastagens ilegais e a criação de um "cinturão verde" para impedir a expansão da pecuária na floresta.

– O dado é preocupante. Não vamos brigar com o termômetro e não queremos chorar a seiva derramada. Vamos agir. O tempo é curto.

Nos dados do Inpe, Minc ressaltou que o desmatamento nos últimos oito meses já ultrapassou o registrado em 12 meses do período anterior.

– É muito pior do que parece. Ainda faltam os meses brabos.

O ministro anunciou uma ofensiva contra o "boi pirata", como batizou a pecuária em pastagens abertas ilegalmente, e prometeu mobilizar fiscais do Ibama para apreender cabeças de gado e doar a carne ao Fome Zero.

– Mais de 80% do desmatamento têm a ver com gado. O mais importante é acabar com a impunidade ambiental. Vamos apreender o boi pirata.

Segundo Minc, o presidente Lula anunciará, na quinta-feira, a criação de novas unidades de conservação para formar um "cinturão verde" e conter a expansão da fronteira agrícola sobre a floresta. Duas dessas reservas serão homologadas no Sul do Amazonas. Segundo Minc, o ministro da Justiça, Tarso Genro, prometeu ceder 500 homens da Força Nacional de Segurança para a proteção da floresta. O grupo atuaria a partir do segundo semestre, como um embrião da Guarda Ambiental que ele planeja criar.

O ministro contou ter ligado para o governador para se explicar pelas declarações publicadas ontem no GLOBO, e chegou a fazer elogios à política ambiental de Mato Grosso. Na entrevista, Minc disse que Maggi foi derrotado por ele e está isolado.

– Há conflitos que são naturais e serão dirimidos. Ele reconheceu que temos que fazer um esforço redobrado e, por orientação do presidente Lula, vamos trabalhar juntos. É ordem do presidente – disse.

Bernardo Mello Franco
3/6/2008

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