Apesar da ALL apenas terceirizar empresas para as obras nas ferrovias, trabalhadores querem responsabilizar a empresa por omissão
O Sindicato dos Ferroviários de Corumbá voltou a denunciar que os trabalhadores que estão nas obras da Ferronorte estão sendo submetidos a péssimas condições e atividade semelhante a de trabalho escravo. O sindicato enviou nota à imprensa desmentindo informações da América Latina Logística (ALL) de que os problemas relacionados a formas degradantes de trabalho teriam acabado.
Conforme o sindicato, 15 trabalhadores da cidade de Miranda foram deslocados para um ponto da ALL (Ferronorte), em Alto-Taquari e estão sendo obrigados a dormir em um ônibus sob péssimas condições, sem garantia de retorno e dependendo da boa vontade da empresa SC Metrovias (prestadora de serviços da ALL), que habitualmente tem aplicado o mesmo golpe em trabalhadores ferroviários.
Recentemente ocorreu situação semelhante com um grupo de dez trabalhadores de Miranda que após serem explorados foram abandonados sem receber um centavo, tendo que recorrer ao judiciário para receber minimamente os seus direitos, conforme o sindicato.
O Sindicato encaminhou denúncia ao Ministério Público do Trabalho e promoveu o ingresso de um grande número de ações de judiciais no sentido de tentar resguardar os interesses dos trabalhadores, mas, conforme a nota da categoria "nada disso tem sido suficiente para barrar a atitude abusiva e irresponsável da ALL de submeter trabalhadores a condições deploráveis (análogo a trabalho escravo) aplicando calote generalizado".
Indignados, os trabalhadores questionam até quando a Ferrovia Novoeste/ALL vai "continuar financiando o roubo e a exploração de gente humilde que só quer trabalhar".
Jornadas abusivas
Os ferroviários de Corumbá, através do sindicato, denunciaram a empresa J.Silva por submeter os trabalhadores a jornadas abusivas e a "tratamento análogo ao escravo". A empresa é terceirizada e cuida do trecho da ferrovia que vai de Albuquerque a Maria Coelho.
A referida empresa foi contratada, por licitação, pela Ferroeste/ALL, que também contratou a empresa João de Barro para atuar em outro trecho da ferrovia. Esta última, segundo os trabalhadores, também está desrespeitando o direito trabalhista de seus empregados.
Conforme denúncia enviada à Delegacia Regional do Trabalho de Corumbá, as empresas vêm "submetendo os trabalhadores a jornadas abusivas, tratamento análogo a trabalho escravo e em total desrespeito à convenção coletiva que regulamenta o trabalho dos ferroviários".
Além disso, na denúncia também consta que oito funcionários dessa empresa foram encaminhados à Santa Casa de Corumbá com esgotamento físico, em razão do trabalho extenuante a que foram submetidos sem horário determinado pra descanso e para se alimentar, sendo que um dos trabalhadores teve que ficar internado.
A maioria dos trabalhadores que atuam no reparo da ferrovia não são de Mato Grosso do Sul e portanto, estão sem auxílio familiar ou de conhecidos.
Posição da empresa
A ALL esclarece que os contratos de prestação de serviços firmados junto às empresas terceirizadas prevêem o devido recolhimento de impostos, FGTS e demais benefícios de direito dos trabalhadores, além da utilização de Equipamentos de proteção Individual (EPIs), de responsabilidade das empresas contratadas.
A empresa firma que também exige das terceiras que forneçam as devidas condições de trabalho necessárias aos seus empregados. "A ALL informa que repudia qualquer medida que prejudique os trabalhadores e irá notificar a empresa J.Silva, para que cumpra com as exigências, sob pena de rescisão do contrato de prestação de serviços".