Um estudo feito pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) revelou os dados parciais sobre os conflitos no campo no País. O que chama a atenção são as ocorrências de trabalho escravo nas regiões Sudeste e Sul, consideradas as mais ricas e desenvolvidas do País. O Espírito Santo também registrou ocorrências no período e o número de ocorrências em 2010 já supera o do ano passado. O que anos atrás era atribuído ao atraso das regiões Norte e Nordeste, agora se constata com persistência e crescimento em regiões nas quais o progresso já se instalou definitivamente.
O levantamento deste ano tem como base o período compreendido entre 1 de janeiro e 31 de julho deste ano. No Estado, somente até a metade do ano foram atendidas sete ocorrências, contra três de 2009. O número de trabalhadores libertados, no entanto, é menor. Neste ano foram libertados 169 trabalhadores, contra 369 no ano passado.
Na região Sudeste, todos os estados apresentaram ocorrências de trabalho escravo e o número de ocorrências subiu de 13 para 16, porém com um número significativamente menor de trabalhadores libertados (1.266, em 2009 e 268 em 2010). Apesar da redução do número, as libertações feitas no Estado representam quase a totalidade dos casos registrados no período.
Histórico
No levantamento de 2009 da CPT um dado que chamou atenção foi o elevado número de adolescentes nos casos de trabalho escravo. A conclusão da CPT é que está se perpetuando o jugo da escravidão para uma nova geração, assim como acontecia no passado.
A violência cresceu em 200% no número de assassinatos, em 400% nas tentativas de assassinato e em 300% no número de prisões. Também o número de famílias expulsas passou de 49, em 2008, para 63, em 2009.
De janeiro a junho de 2009, o total de conflitos no campo no País (conflitos por terra, por água e trabalhistas) foram 366, envolvendo 193.174 pessoas, com 12 assassinatos, 44 tentativas de assassinato, 22 ameaças de morte, seis pessoas torturadas e 90 presas. Destes 366 conflitos, 246 foram por terra, envolvendo 25.490 famílias. Destas, 393 foram expulsas da terra por ação dos proprietários e seus jagunços e 4.475 foram despejadas por ação judicial.
Lívia Francez