Uma das principais bandeiras do MAB é o investimento em fontes de geração de energia alternativas às hidrelétricas – como a solar, a eólica e a da biomassa. No Brasil, mais de 75% da luz necessária para o abastecimento de fábricas, estabelecimento comerciais e residências provêm de usinas que utilizam a água como motor, de acordo com a Aneel.
“Isso é natural porque somos um país de recursos hídricos. Porém, deve-se ter cuidado para não ser inconseqüente, atingindo famílias de maneira irresponsável”, alerta Luiz Pinguelli Rosa, ex-presidente das Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (Eletrobrás). Para ele, o problema é o fato de não haver um programa público e uma legislação que contemplem as implicações socioambientais decorrentes da construção de hidrelétricas. O professor da Universidade de São Paulo (USP) Célio Bermann, especialista no tema, aponta outras questões preocupantes. “Com a privatização do setor, a atual política energética está deixando as indústrias que mais consomem (as chamadas eletrointensivas) gerarem a sua própria eletricidade. Isso acaba retirando do resto das atividades produtivas e da população brasileira usinas que poderiam ser mais bem utilizadas”, afirma Bermann. Para comprovar seu ponto-de-vista, o professor cita dados sobre a relação direta entre emprego e energia. “Enquanto as indústrias de alumínio primário criam 1,5 postos de trabalho para cada milhão de KWh consumidos, o ramo de alimentos concebe 56,2 empregos e o têxtil, 41,1 – utilizando a mesma quantidade de energia”, explica. Segundo dados da própria empresa, só a CVRD, uma das empreendedoras da barragem de Candonga, gastou cerca de 4,5% de toda a eletricidade do país, em 2002. |