Chico Mendes: Progredir sem destruir

 26/07/2005

Francisco Alves Mendes Filho é de longe o ambientalista mais importante da história do Brasil. Além disso, foi um visionário: já defendia o hoje tão alardeado desenvolvimento sustentável numa época em que a floresta era considerada uma inimiga do progresso, associado a políticas oficiais de expansão da fronteira agrícola amazônica.

 
 Ao centro, o líder seringueiro Chico Mendes

Nascido e criado em seringais do Acre, Chico Mendes foi alfabetizado pelo próprio pai, de quem herdou o nome e os genes da indignação que o transformariam em um dos mais importantes líderes sindicais do país, ao lado do atual presidente Lula, com quem ajudou a dar corpo ao então jovem Partido dos Trabalhadores (PT). Em 1987, foi convidado a participar de uma reunião do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), nos Estados Unidos, onde denunciou a derrubada predatória da floresta para a construção da BR-364, que ligava o centro-oeste do Brasil à região norte. Depois do alerta, o BID suspendeu o financiamento para a expansão da rodovia. Naquele mesmo ano, Chico Mendes recebeu da ONU o Prêmio Global 500, em homenagem ao seu empenho pela preservação da natureza.

Apesar do reconhecimento internacional, Chico Mendes não tinha o mesmo prestígio perante fazendeiros que, de olho nas terras dos seringueiros, resolveram calar de vez sua voz. O sindicalista foi assassinado na noite de 22 de dezembro de 1988, em sua própria casa, no centro de Xapuri. Dois anos depois, em um julgamento que chamou a atenção do mundo inteiro, o fazendeiro Darly Alves e seu filho Darcy foram condenados pelo crime. "Os Alves eram fogo, matavam mais que meningite", brinca Sebastião Mendes. Chico sabia que ia morrer, tanto que havia encaminhado uma lista com os possíveis nomes de seus algozes para o governador, Polícia Federal e Ministério da Justiça. Esforço em vão para se manter vivo. Hoje, Darcy cumpre pena em regime semi-aberto e Darly está em liberdade condicional. Em abril passado, ele atropelou de maneira fatal uma aposentada em Brasiléia (AC). Acidentalmente.

Voltar para a matéria A vitória dos povos da floresta

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