Na tarde do sábado 16 de outubro, por volta das 16h, foi assassinado o trabalhador Gabriel Vicente de Souza Filho, 46. Gabriel foi alvejado com cinco tiros de espingarda e revolver e morreu na hora. Os disparos foram feitos pelo fazendeiro Paulo de Freitas e dois pistoleiros Os mesmos encontram-se foragidos. Os fatos foram testemunhados por um dos companheiros da vítima.
Resgatado por policiais civis e militares de Colinas e Palmeirante, o corpo do Gabriel foi levado para o IML de Araguaína onde aguarda encaminhamento ao IML de Palmas para exames mais detalhados, pois projeteis de bala permaneceram alojados no corpo e a estrutura do IML de Araguaína não oferece os devidos procedimentos.
Desde muito tempo o Paulo de Freitas vem fazendo ameaças ao grupo de 30 famílias sem-terra que reivindicam a fazenda da qual se diz dono. As ameaças têm visado também agentes de pastoral da CPT que vem acompanhando o grupo (certo dia, por exemplo, disse ao agente Edmundo que "a CPT também iria pagar pelo o que estava acontecendo"). Várias denúncias foram feitas aos órgãos de segurança pública do Estado, alertando para o que podia acontecer. Na véspera do assassinato, o Paulo de Freitas, junto com seus pistoleiros, ameaçou o Sr Lídio que também mora na área: apontaram armas para ele e falaram que iam matá-lo. O Lídio conseguiu fugir. No dia seguinte, junto com o companheiro Edmilson, foi até a Delegacia de Polícia da cidade de Palmeirante para registrar Boletim de Ocorrência, mas ali não encontraram nenhum funcionário para registrar o fato. Ao retornarem para a área, ambos foram barrados pelos pistoleiros, tendo que desviar seu caminho por mais de 20 km. Foi à tarde do mesmo dia que o Gabriel foi barbaramente executado.
Entendam a história: um grupo de 30 famílias reivindica desde o ano de 2007 as fazendas Freitas e Recreio. A fazenda Recreio é propriedade do Pedão e nela o INCRA está em processo de criação de assentamento. A fazenda Freitas também é de propriedade do Pedão, mas, de forma irregular, foi adquirida pelo Paulo de Freitas, o que resultou em ação judicial do Pedão contra o Paulo de Freitas para reaver sua terra e destiná-la para o INCRA, podendo assim realizar um assentamento em toda a área.
Diante do trágico ocorrido, queremos denunciar o fazendeiro Paulo de Freitas juntamente com seus dois pistoleiros e pedir justiça. Ao mesmo tempo exigimos do INCRA agilidade e firmeza no processo de criação dos assentamentos. Por fim, aos órgãos de segurança pública do Estado do Tocantins, cobramos ação imediata e resultados, especialmente nas várias áreas onde denunciamos a presença de pistoleiros armados ameaçando trabalhadores: além deste crime, exigimos a investigação rigorosa de todas as denúncias, bem como o desarmamento e a prisão dos pistoleiros e fazendeiros, sob pena de permitir que outras tragédias aconteçam nesta região.
Araguaína, 17 de Outubro de 2010.
Comissão Pastoral da Terra Araguaia/Tocantins
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