O presidente cubano Fidel Castro visitou, em março de 1990, a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), no Rio de Janeiro, para conhecer os laboratórios brasileiros de vacinas. Foi recebido com aplausos pelos servidores e posou para fotografias, antes de discursar sobre os efeitos do embargo americano ao sistema de saúde cubano. “Se surge um medicamento novo, nosso país não pode adquirir”, protestou.
Na visita às instalações, ele queria saber se os laboratórios da Fiocruz eram mais avançados que os de Cuba, conta o anfitrião do encontro, o cientista Akira Homma, então presidente da fundação. Fidel elogiou a fábrica brasileira e reforçou o interesse em transferir a tecnologia de vacinas cubanas ao Brasil.
A visita de Fidel Castro (morto em 2016) reflete a importância da saúde pública em Cuba e sua tradição na área de vacinas, e ajuda a entender por que a ilha de 11 milhões de habitantes – e tamanho pouco maior que Pernambuco – venceu a etapa latino-americana da corrida global por vacinas da Covid-19.
Cuba não trocou e-mails com a Pfizer, não encomendou imunizantes russos ou chineses nem do mecanismo Covax (aliança liderada pela OMS para distribuir vacinas). O país dependeu exclusivamente da sua indústria de biotecnologia e, em maio, iniciou uma campanha de vacinação com duas vacinas experimentais, a Soberana 02 e a Abdala: tornou-se o primeiro país da região a colocar um produto caseiro no mercado.
Mas não é só isso: Cuba é hoje o único país latino-americano que fabrica as vacinas da Covid de forma independente, do início ao fim, em escala – ainda que seus imunizantes estejam na última etapa dos testes em humanos.
Cuba é hoje o único país latino-americano que fabrica as vacinas da Covid de forma independente, do início ao fim
Isso significa que as fábricas da estatal BioCubaFarma não apenas formulam e envasam as vacinas da Covid – como Fiocruz e Butantan atualmente – mas produzem também o princípio ativo, ou IFA (Insumo Farmacêutico Ativo), solução contendo o antígeno que, ao ser inoculado, ativa o sistema imunológico.
“A história da biotecnologia em Cuba não é um evento, é uma política pública, tem começo, meio e fim”, diz o médico sanitarista Gonzalo Vecina Neto, ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Ele diz que o embargo econômico dos Estados Unidos, estabelecido há 60 anos, obrigou Cuba a investir nessa indústria.
Ao se tornar o primeiro país a aplicar vacinas “made in” América Latina, Cuba deixou para trás o homem mais rico do subcontinente, o magnata mexicano Carlos Slim, que financia a parceria entre México e Argentina para fabricar vacinas da AstraZeneca para toda região (com exceção do Brasil). Pelo acordo, a Argentina fica responsável pela fabricação do IFA, enquanto a finalização ocorre no México. Porém, as doses só chegaram aos braços latino-americanos em junho, após três meses de atraso na linha de envase mexicana (e um mês depois de Cuba).
O Brasil deve chegar em terceiro na corrida regional, quando a Fiocruz começar a entregar, em outubro, os primeiros lotes de AstraZeneca com IFA nacional. O laboratório público ligado ao Ministério da Saúde já entregou 70 milhões de doses até agora, mas todas com matéria-prima chinesa. Já o Butantan vai entregar só em 2022 as doses da Coronavac com insumo feito em São Paulo.
A América Latina precisa urgentemente ampliar a fabricação de suas doses. A região vê a transmissão descontrolada do coronavírus há seis meses, enquanto as campanhas de vacinação caminham lentamente. Está claro que, apesar dos esforços da Organização Mundial da Saúde (OMS), a maior parte das vacinas da Covid continua nas mãos dos países mais ricos. A circulação de variantes do coronavírus e a possibilidade de revacinação trazem mais incertezas sobre quando teremos doses em quantidade suficiente.
“O que vemos é um apartheid de vacinas e um sentimento nacionalista exacerbado. Enquanto vários países ricos compraram mais doses do que precisavam, os prazos de entrega para nós são mais demorados”, afirma Jorge Bermudez, chefe do Departamento de Política de Medicamentos e Assistência Farmacêutica da Fiocruz. “Mesmo que se queira comprar vacinas da Pfizer, Janssen e Astrazeneca, todas já se comprometeram além das suas capacidades”.
Com isso, a região fica para trás. Enquanto, no Reino Unido, 50% da população está com a imunização completa – assim como 47% nos EUA, 36% no Canadá e 35% na União Europeia –, o índice médio na América Latina e no Caribe está em 12,5%, segundo o site Our World in Data, da Universidade de Oxford. Os líderes regionais são Chile e Uruguai, com taxas acima de 50%. Nos demais países, os índices estão perto ou abaixo dos 15%. O Haiti não aplicou uma dose sequer.
As taxas de vacinação são piores na Ásia, onde vivem 4,6 bilhões de pessoas (59% da população mundial), mas somente 8,2% estão completamente imunizadas. Na Oceania, 4,3% da população tem a proteção completa, enquanto na África – único continente que ainda não produz vacinas da Covid – o índice é de 1,2%.
Poucas fábricas
A lenta vacinação na América Latina é diretamente proporcional à sua baixa produção. Cerca de 3,3 bilhões de doses foram produzidas globalmente até 30 de junho, segundo levantamento da empresa de análises científicas Airfinity. A Ásia é quem mais fabricou, com 2,1 bilhões de unidades (63%), seguida por Europa, 794 milhões (23%) e Estados Unidos, 409 milhões (12%).
A América Latina e o Caribe vêm na sequência, com 37 milhões de doses (1,1%). São 22,5 milhões de doses cubanas e outras 14,6 milhões da Argentina. O levantamento considera como produção apenas o local de fabricação do IFA. Assim, as doses de AstraZeneca envasadas pela Fiocruz, e de Coronavac, pelo Butantan, entram no balanço como produção da China, país de origem do insumo.
Mesmo se fossem consideradas as outras 110 milhões de doses envasadas no subcontinente (por Fiocruz, Butantan, União Química, Richmond e Drugmex), a região toda chegaria a apenas 4,3% da fabricação global no primeiro semestre (147 milhões de doses).
A tímida produção reflete a histórica dependência latino-americana. São poucas fábricas e que não produzem sequer o suficiente para suas populações, explica a cientista hondurenha Maria Elena Bottazzi, que dirige a Escola Nacional de Medicina Tropical da Faculdade de Medicina de Baylor e o Centro de Desenvolvimento de Vacinas do Hospital Infantil do Texas, nos Estados Unidos.
“Butantan e Bio-Manguinhos têm muita experiência e boa capacidade em diferentes plataformas tecnológicas, mas estão preparados para abastecer apenas o Brasil”, ela diz. “Na Argentina existem iniciativas [de fabricação], mas eles ainda são novatos. O México perdeu toda sua capacidade produtiva, embora haja algum potencial público. Fora isso, há um pouco de produção no Chile e, obviamente, há Cuba, que tem boa história de capacidade tecnológica. Mas Cuba produz para Cuba”, analisa.
Com a baixa fabricação, a região depende de vacinas produzidas sobretudo na Ásia, principalmente na China e na Índia. Nas últimas semanas, os dois países aceleraram seus programas de vacinação da Covid-19, o que impactou a distribuição de suas doses pelo mundo. A China tem vacinado entre 10 e 20 milhões de pessoas por dia há quase dois meses. Já a Índia vacina mais de 3 milhões diariamente.
A boa notícia é que a capacidade global aumenta a cada mês. A produção em junho foi de 1,2 bilhão de doses, ante 822 milhões em maio e 420 milhões em abril, segundo a Airfinity. A má notícia é que o ritmo é menor por aqui. “A produção está crescendo mais lentamente na América Latina do que no resto do mundo”, indicou a empresa à Repórter Brasil. “No caso específico da AstraZeneca, a fabricação no Brasil, Argentina e México levou mais tempo para chegar ao mercado do que nas demais plantas da mesma vacina”.
Brasil: entre a inovação e a tradição
Na avaliação de Bottazzi, é “decepcionante” o Brasil ainda não ter lançado uma vacina verde-amarela contra a Covid. “Considerando toda experiência do Butantan e Bio-Manguinhos, é um pouco decepcionante que ainda não tenham seu próprio programa de vacinas caseiras”.
Os projetos existem – são 18 no país, segundo Homma –, mas todos praticamente estão em fase pré-clínica. A exceção é a Butanvac, do Instituto Butantan, em parceria com instituições estrangeiras, que iniciou os testes em humanos em 9 de julho. A vacina usa a mesma tecnologia do imunizante da gripe já produzida pelo laboratório de São Paulo, e também irá utilizar a mesma planta na fabricação, o que encurtará prazos e economizará recursos. A confiança é tanta que o laboratório paulista já tem 8 milhões de doses estocadas, segundo o Valor Econômico. A promessa é atingir 40 milhões até o final do ano.
O laboratório de vacinas dirigido pela cientista hondurenha nos EUA desenvolveu nos primeiros meses da pandemia uma vacina de baixo custo para a Covid e a ofereceu, sem custos, para Butantan e Fiocruz. Mas, segundo Bottazzi, os laboratórios brasileiros não entraram no projeto.
Trata-se de uma vacina produzida a partir de leveduras, tecnologia semelhante a da vacina de hepatite B produzida em outros tempos pelo Butantan – a fábrica está fechada há cerca de oito anos. A formulação contém hidróxido de alumínio, um adjuvante que se encontra em qualquer lugar, segundo Bottazzi. “Muito simples, muito barata, custa 1 dólar por dose provavelmente. Pois perderam a oportunidade de produzir algo rápido e fácil, já que não teriam de construir novas fábricas, nem capacitar novas pessoas. A essa altura já teriam produzido milhões de doses”, afirma.
Com a recusa, o projeto desenvolvido no Texas foi oferecido à farmacêutica indiana Biological E., que iniciou os testes em humanos em meados de 2020 e, em abril deste ano, entrou na fase 3 dos testes clínicos. Espera-se que até o fim de setembro esteja no mercado indiano.
“Eles fizeram uma consulta com um produto desenvolvido em bancada e precisavam de um parceiro para continuar o desenvolvimento. Mas nós não tínhamos uma planta para produzir os materiais para o estudo clínico nem para escala industrial”, justifica o gerente de parcerias e novos negócios do Butantan, Tiago Rocca. Ele explica que a escolha pela Sinovac se deu, entre outros motivos, pela capacidade da empresa chinesa de enviar o IFA da Coronavac ao Brasil.
Para Bottazzi, um dos erros cometidos pelos fabricantes foi apostar em novas tecnologias de produção – como é o caso da vacina da AstraZeneca, de vetor viral não replicante –, em vez de apostar em plataformas já conhecidas. “Os fabricantes buscam sempre oportunidades de adquirir novos conhecimentos e novas tecnologias, porque obviamente isso os coloca em um nível mais competitivo. O erro, não só no Brasil, mas mundialmente, é que todo mundo se lançou à inovação e às novas tecnologias e não fizeram em paralelo algo mais convencional”.
Em audiência na Câmara dos Deputados em junho, o vice-presidente da Fiocruz, Marco Krieger, ressaltou que a incorporação tecnológica da vacina da AstraZeneca está ocorrendo em “tempo recorde”, apesar do sentimento de “frustração” ante “expectativas que nós mesmos criamos”. A promessa do laboratório era ter doses com IFA nacional desde abril. “Somos a favor das vacinas nacionais, temos vários projetos, mas tínhamos também essa noção da importância de trazer a vacina [da Covid] o mais rápido possível. Então tivemos que nos equilibrar em trazer os projetos mais avançados e garantir o desenvolvimento dos nossos”, afirmou.
Para Homma, que hoje é assessor científico sênior da Fiocruz, “faltou apoio tanto financeiro como político” para as pesquisas brasileiras caminharem de forma mais acelerada. “A velocidade que estamos tendo é muito baixa e precisamos [do ritmo] de um Fórmula 1”, disse. Políticas públicas mais consistentes e maior injeção de recursos financeiros também é o diagnóstico de Vecina Neto.
‘Faltou apoio tanto financeiro como político’ para as pesquisas brasileiras caminharem de forma mais acelerada, diz Homma, assessor científico da Fiocruz
Bottazzi pondera que as tecnologias inovadoras são mais difíceis de serem adaptadas e aprendidas. É preciso capacitar pessoas, melhorar a estrutura das fábricas, sustentar os controles de qualidade, contar com a atualização das agências reguladoras e, ainda, comprar equipamentos e insumos que possuem poucos fornecedores e são disputados no mundo. “O que se vê agora é que as vacinas convencionais estão superando as demais”.
Os dados da Airfinity mostram que a produção mais acelerada é a das companhias chinesas Sinopharm e Sinovac. Ambas usam a tradicional tecnologia de vírus inativado e responderam por 60% da produção global no mês de junho. Considerando as 3,3 bilhões de doses produzidas desde o início da pandemia, quase 1,6 bilhão correspondem aos dois imunizantes (47% do total).
Cuba: entre a façanha e a desconfiança
Apostar em tecnologias dominadas internamente foi a estratégia de Cuba. Segundo informações divulgadas na imprensa local, o país listou 40 possíveis projetos até chegar a cinco candidatas vacinais, das quais duas estão prestes a concluir os estudos clínicos. Apesar da façanha, pairam dúvidas sobre os imunizantes.
As duas vacinas mais avançadas se encontram na fase 3 dos testes em humanos e apenas uma delas têm aprovação da agência sanitária local. Resultados preliminares indicam eficácia de 92% da Abdala, e 62% da Soberana 02, mas os dados completos ainda não foram divulgados – e não há previsão de quando isso vai ocorrer. A Repórter Brasil perguntou à BioCubaFarma, ao Ministério de Saúde de Cuba e ao Consulado de Cuba em São Paulo quando os dados serão divulgados, mas não obteve resposta.
A falta de comprovação de eficácia foi o que impediu a entrada da vacina cubana contra a meningite B no Brasil na década de 1990. Os testes realizados na Fiocruz foram o motivo para a visita de Fidel à instituição carioca. Mas, segundo Homma, “faltaram dados mais completos e mais firmes” sobre a eficácia do produto, o que gerou divisão entre cientistas brasileiros e levou à não aquisição pelo Ministério da Saúde.
Outro problema que Cuba deverá enfrentar é o de escala. Especialistas ouvidos pela reportagem não duvidam da capacidade do país em vacinar sua própria população, mas desconfiam se será capaz de exportar para outros países, como vem afirmando nos últimos meses. A ilha promete 100 milhões de doses em 2021. Como as vacinas são de três aplicações, essa quantidade daria para sua população inteira e ainda para exportar 66 milhões de doses (o suficiente para 22 milhões de pessoas).
Embora faltem dados sobre as vacinas, sobram informações sobre a pandemia em Cuba. E as notícias não são boas. Após ser considerado um exemplo de controle sanitário em 2020, o país vê o número de casos e mortes aumentar desde dezembro, quando o país retomou o turismo, sua principal fonte de renda. O agravamento da pandemia antecipou o início da vacinação, em maio, antes mesmo da conclusão dos testes clínicos. Com a chamada “intervenção sanitária”, já foram aplicadas 7,6 milhões de doses. Mas o esquema vacinal completo só chegou a 1,9 milhão de cubanos, ou 17% da população. Seus efeitos, contudo, ainda não foram sentidos, já que os números de casos e mortes bateram recorde em junho, o que deve se repetir em julho.
Com novas restrições de circulação impostas pelo regime e relatos de colapso na saúde, milhares de cubanos foram às ruas do país, na semana passada, nos maiores protestos em 30 anos, mas que refletem também a grave crise econômica e sanitária que aflige o subcontinente.
Ao aplicar vacinas não aprovadas, Cuba segue o caminho de China, Rússia e Índia, que também deram aval a imunizantes antes de serem plenamente aprovados. Alguns lotes cubanos já chegaram à Venezuela, o que gerou críticas de organizações médicas locais pela falta de comprovação de eficácia.
Nenhum país precisa do aval da OMS para aplicar vacinas não aprovadas. Mas, se Cuba quiser distribuir suas doses por meio do mecanismo Covax ou da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), então terá de publicar os dados em revista científica e solicitar o pedido de uso emergencial à OMS, o que levaria à inspeção internacional das fábricas em Havana.
“Quando terminarem os estudos, seria muito importante que os produtores possam primeiramente publicar os dados para que, de forma pública, a comunidade científica possa avaliar os resultados. E, se houver interesse, eles devem solicitar autorização de uso emergencial na OMS. Para isso será necessária inspeção [nas fábricas] para saber se estão de acordo com boas práticas de fabricação”, disse o vice-diretor da Opas, o brasileiro Jarbas Barbosa, em junho. “Fica o convite”, arrematou.
“Cuba não vai produzir para toda América Latina, mas certamente pode ter um papel muito importante, talvez fornecendo vacinas para a América Central e o Caribe”, opina Bottazzi.
Se entregar as 100 milhões de doses até o final do ano, a produção de Cuba será maior que a da Fiocruz, que chegou a prometer 100 milhões de doses com IFA nacional em 2021, mas cortou a previsão recentemente para 50 milhões.
Duelo de modelos
Os casos de Cuba e Brasil mostram como a produção de vacinas na América Latina depende sobretudo de instituições públicas, como Fiocruz, Butantan e BioCubaFarma, entre outras. Contudo, a urgência pelas vacinas da Covid deixará como legado o interesse privado em fabricar ampolas, opina Bottazzi. A parceria entre México e Argentina, por exemplo, envolve duas fabricantes privadas. “Está deixando um bom modelo, nesse caso público-privado. O que se necessita são mais exemplos desse tipo. Não se pode esperar que tudo seja investimento público”, afirma a cientista.
O outro pé de sustentação é o envolvimento governamental, até mesmo porque são os governos que compram as vacinas. O interesse de Fidel Castro no assunto reflete a importância da imunização na saúde pública de Cuba, mas ele não é o único. A gravidade da pandemia do coronavírus e a urgência pela descoberta de uma vacina colocou o tema no topo da agenda política e mobilizou lideranças mundo afora, incluindo o ex-presidente americano e negacionista da pandemia Donald Trump, que financiou com recursos públicos a aceleração do desenvolvimento de vacinas nos Estados Unidos.
Na América Latina, Jair Bolsonaro talvez tenha sido o único presidente que não aproveitou (até agora) os projetos internos de produção. Enquanto o argentino Alberto Fernández e o mexicano Andrés Manuel López Obrador se reuniram sorridentes para celebrar o acordo da AstraZeneca patrocinado por Carlos Slim, o presidente brasileiro sequer visitou a sede da Fiocruz no Rio de Janeiro. Quando foi à cidade, preferiu andar de motocicleta com apoiadores, a maioria sem máscaras e aglomerados em suas máquinas.
Aliás, o presidente brasileiro passa longe das vacinas e até hoje não apareceu ao lado delas, embora tenha exibido diversas vezes remédios ineficazes contra a Covid. Passou longe da Fiocruz, referência brasileira em conhecimento científico. Em meados de 2020, enquanto seu governo tentou obrigar a instituição a recomendar a cloroquina para a Covid, os servidores da fundação prospectavam vacinas e avaliavam as opções para o país.
Com o distanciamento de Bolsonaro e do escândalo político envolvendo a compra de vacinas por sua gestão, a Fiocruz hoje acelera a produção, entregando 1 milhão de doses por dia, e o Brasil se prepara para entrar no rol de 15 países que atualmente produzem vacinas da Covid-19 de forma independente. Um mérito para a instituição centenária e para aqueles que valorizam políticas públicas de saúde.
Esta reportagem foi produzida como parte de um programa de desenvolvimento de habilidades jornalísticas da Thomson Reuters Foundation