Fórum Mundial Social muda-se para Índia em 2004

A cidade de Hyderabad, sede do 1º Fórum Social Asiático, é cotada para assumir a realização do FSM, que ocorrerá provavelmente em março. Em 2005, o FSM volta para Porto Alegre.
Francisco de Souza e Rodrigo Savazoni
 22/01/2003

Após cerca de cinco horas de discussão, em uma sala da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, os delegados do Conselho Internacional do Fórum Social Mundial anunciaram os novos caminhos do maior evento de contestação do capitalismo. Em 2004, o FSM será realizado na Índia e pode vir a receber novo nome. Além disso, não ocorrerá mais nos mesmos dias em que Davos promove o Fórum Econômico Mundial.

A perspectiva dos organizadores é de que a cidade de Hyderabad, sede do 1º Fórum Social Asiático, assuma a realização do FSM, e que ele ocorra em março. Em 2005, volta para Porto Alegre. No período de janeiro em que o encontro de Davos é realizado serão organizadas marchas de protesto ao redor do mundo.
Cândido Grzybowski, do Comitê Organizador Brasileiro, comemorou, ao término da reunião, a decisão consensual tomada pelos representantes das organizações internacionais. “O nosso método de trabalho, baseado no diálogo, não foi alterado. Esse é um ponto importante a destacar”, afirmou. No entanto, a perspectiva de manter Porto Alegre como plano alternativo, caso os representantes indianos esbarrassem em problemas estruturais, foi mal recebida pelos asiáticos, que desde o ano passado esperam pela transferência do evento. Já as organizações cubanas pretendiam manter o FSM 2004 na capital gaúcha, baseando-se no argumento de que o cenário político latino-americano convive hoje com uma ascensão das forças de esquerda.

Roberto Savio, ex-diretor da International Press Service e membro do Conselho Internacional, afirmou que existe a perspectiva de esse próximo evento de caráter mundial receber menos participantes. Para justificar a posição, afirmou que a dificuldade de registrar os conteúdos discutidos em um evento do porte dos realizados em Porto Alegre vem impedindo o movimento de tirar conclusões e, portanto, de avançar. Segundo Savio, a idéia seria realizar um encontro com um número mais reduzido de participantes e temas mais específicos, que agregasse as idéias discutidas nos fóruns regionais e temáticos. Grzybowski, no entanto, acredita que devido ao imenso contingente populacional indiano (mais de um bilhão de pessoas), o Fórum de 2004 será ainda maior e mais populoso.
As definições sobre a organização asiática do Fórum começam a ocorrer em fevereiro. Porém, já é sabido que o Comitê Organizador Brasileiro assumirá, neste ano, a coordenaria da Secretaria Internacional do FSM, órgão responsável pelo processo de internacionalização.

No ano que vem, os brasileiros voltam a operar a realização do Fórum Social Mundial, preparando-se para 2005, que deve sofrer novas alterações. Nesse período de dois anos, novos eventos regionais devem nascer: Cancún pode receber um grande protesto contra a Alca. E existe a perspectiva de um Fórum Social Oriental, com a participação de coreanos, chineses e japoneses.

* Colaborou Ivan Paganotti

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