Enquanto a Prefeitura ainda se prepara para receber participantes e organizadores do evento, uma multidão com mais de 100 mil pessoas, milhares de vendedores já estão de olhos (e bolsos) abertos para o evento.
Pode-se perceber até uma divisão dos vendedores por ramo de atividade. Camisetas, vestidos e bandeiras são encontrados ao redor do Gigantinho. A maior diversidade de objetos artesanais está no lado de fora do Cais do Porto. Na rua principal do Acampamento da Juventude, os comerciantes expõem sentados sobre o chão de terra colarzinhos, brincos e anéis hippies.
Artigos interessantes podem ser comprados a preços camaradas. Em uma camiseta, o famoso "No Stress" virou "No Alca", uma mensagem contra a Área de Livre Comércio das Américas. Esse protesto móvel era vendido a 10 reais. A convite dos organizadores do Fórum, artesãos paraguaios exibem pequenos bordados, com o preço variando de 5 a 15 reais.
Obras de Eisenstein, Kubrick, do cinema novo brasileiros e até clássicos iranianos são vendidos a 12 reais. Um catálogo de quase 200 filmes é mostrado por professores paulistas, que se revezam para participar do Fórum Mundial de Educação, que iniciou-se no dia 19. Apenas pirataria? Não, a preocupação deles era outra. Haviam sido demitidos e protestavam contra uma suposta perseguição política. Os docentes são alvo de inquérito policial que investiga o envolvimento deles na agressão ao então governador Mário Covas na greve da educação estadual em São Paulo, em 2000.
É claro que, junto com o comércio e os interesses econômicos, vêm alguns problemas. Um camelô que vendia áhua sob um sol causticante próximo ao Anfiteatro Pôr-do-Sol revelou que para montar sua barraca, teve de convencer policiais e comerciantes. Segundo ele, o comportamento da fiscalização ainda está incerto e pode ser que nos próximos dias tenha que vender bebidas em um lugar mais escondido. Enquanto contava sua história, um funcionário de uma marca de refrigerantes lhe entregou um porta-canudos e pediu que retirasse o que estava em uso, da concorrente.