Escravidão

Grupo móvel liberta 49 trabalhadores no Pará

Entre os resgatados em fazenda de gado em Ulianópolis (PA) estão cinco mulheres e dois jovens de 17 anos; dono da propriedade pagou R$ 57 mil no acerto com trabalhadores
Por Iberê Thenório
 20/03/2007

Antes mesmo de chegar à fazenda Minas Gerais, em Ulianópolis, no Nordeste do Pará, os trabalhadores já estavam devendo. "Pagavam a dívida dos trabalhadores nas pensões, faziam vales para que eles comprassem no supermercado da cidade, inclusive as botinas e chapéus. Esses equipamentos são de fornecimento obrigatório. Até o gerente da fazenda declarou que alguns tinham ‘fugido', porque deviam.", conta o auditor-fiscal do trabalho e chefe do grupo móvel do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Luiz Fernando Souza, que libertou 49 trabalhadores do local na última quinta-feira (15).

Apesar do alojamento ser construído em alvenaria – na maioria das vezes são feitos de lona preta -, as pessoas não tinham acesso a água potável e dormiam em redes que elas mesmas traziam. Entre os libertados estavam cinco mulheres, que preparavam a comida para os outros trabalhadores em fogões improvisados com latas de tinta. Dois adolescentes de 17 anos ajudavam os homens no trabalho de roço do pasto. A fazenda, que criava bois, tinha mais de 11 mil cabeças de gado.

João Antônio de Farias, o proprietário do local, desembolsou R$ 57 mil no acerto com os trabalhadores. Ele sofrerá um processo administrativo no MTE e, se ficar provado que a situação das pessoas em sua fazenda era análoga à de escravidão, João entrará na "lista suja" da escravidão. Nesse cadastro constam pessoas e empresas que cometeram esse crime. Elas ficam proibidas por dois anos de receber financiamentos de órgãos do governo federal e deixam de ter como clientes empresas que assinaram o Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo.

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