EDUCAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS

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EducaRB é uma iniciativa do programa Escravo, Nem Pensar! que divulga nas redes sociais da Repórter Brasil conteúdo educacional sobre trabalho escravo e assuntos correlatos.

#125 - O que está por trás do "empreendedor de si mesmo"?
16/10/2025
#125 - O que está por trás do "empreendedor de si mesmo"?

Na próxima segunda-feira (6) deve ser realizada uma audiência pública, convocada pelo ministro Gilmar Mendes do STF, para debater a “pejotização” da mão de obra brasileira. Os “pejotas” são trabalhadores e “pejotização” é a forma abreviada de Pessoa Jurídica (PJ). Ela é usada para designar um trabalhador contratado como uma empresa (com CNPJ), em vez de ser contratado nos moldes da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

O número de “pejotas” dobrou nos últimos anos. Segundo dados de 2024 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), havia 7 milhões de trabalhadores sem vínculo trabalhista. Isso significa que 6,5% da força de trabalho brasileira não tinha seus direitos trabalhistas garantidos pela CLT. Apesar da aparente legalidade, muitos estão submetidos a contratos fraudulentos que mascaram a informalidade e precariedade das condições laborais. O número de ações trabalhistas por reconhecimento de vínculo empregatício cresceu 57% em 2024; apenas no primeiro semestre de 2025, 234 mil ações do tipo já foram ajuizadas, de acordo com relatório do Tribunal Superior do Trabalho (TST).

Direitos como férias, décimo terceiro e garantias em demissões não alcançam os pejotas. A promessa de ganho financeiro favorece mais o empregador: estudos recentes do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) apontam que 93% dos trabalhadores PJ não chegam a R$ 6 mil reais de remuneração mensal e 56% recebem menos de R$ 2 mil reais. Já as empresas economizam até 30% em encargos. Com isso, o FGTS deixou de receber R$ 24,2 bilhões dos empregadores em 2024.

Para o auditor-fiscal Leonardo Decuzzi, trata-se de uma “pandemia de precarização”*. Milhões de brasileiros e brasileiras atuam à margem do artigo 7 da Constituição, sem direitos básicos e especialmente vulneráveis a graves violações trabalhistas, como jornadas exaustivas e condições degradantes.
* Em entrevista à Agência Senado.

#124 - Trabalho infantil atinge quase 1,7 milhão de crianças e adolescentes no Brasil
24/09/2025

Em 2024, 1,65 milhão de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos estavam em situação de trabalho infantil no Brasil, segundo dados do IBGE. O número representa 4,3% da população nessa faixa etária e apresentou uma leve alta de 0,1% em relação ao ano anterior. Do total, 1,19 milhão realizavam atividades econômicas e 455 mil produziam apenas para consumo próprio.

Apesar da queda registrada ao longo da série histórica, iniciada em 2016, quando o índice era de 5,2%, o problema persiste e se manifesta mais gravemente nas piores formas de trabalho infantil, classificadas na Lista TIP. Em 2024, 560 mil meninas e meninos estavam inseridos nessas atividades, consideradas perigosas, insalubres ou degradantes, como o trabalho escravo. Esse contingente representa 37% do total de crianças e adolescentes envolvidos em atividades econômicas.

Entre aqueles envolvidos nas piores formas de trabalho infantil, a maioria era composta por meninos (74,4%) e por pretos ou pardos (67,1%). Essa exploração atinge principalmente os mais novos: entre as crianças de 5 a 13 anos que realizavam alguma atividade econômica, 60,8% estavam em ocupações da Lista TIP. Na faixa de 14 e 15 anos, o índice foi de 51,8%, enquanto entre adolescentes de 16 e 17 anos ficou em 30,8%.

No conjunto geral do trabalho infantil, o perfil das vítimas também revela desigualdades sociais e raciais. Os meninos representam 66% do total, enquanto as meninas correspondem a 34%. Entre 2023 e 2024, o número de meninos em situação de trabalho infantil cresceu 5,4%, passando de 1,033 milhão para 1,089 milhão, enquanto o de meninas caiu 3,9%, de 584 mil para 561 mil. A maioria das vítimas é preta ou parda, que somam dois terços (66%) do total, enquanto as brancas representam 32,8%.

Regionalmente, o Nordeste concentra os maiores números absolutos, com 547 mil crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil. Em seguida aparecem o Sudeste (475 mil), o Norte (248 mil), o Sul (226 mil) e o Centro-Oeste (153 mil). 

O trabalho infantil é uma violação que ocorre tanto nas cidades, em atividades como o comércio ambulante e o trabalho doméstico, quanto no campo, onde se concentra de forma mais intensa em atividades extrativistas. Um exemplo é a coleta de açaí na Amazônia, que revela os desafios do enfrentamento dessa prática. Para saber mais sobre essa realidade, acesse o relatório completo da Repórter Brasil.

*Foto: Sérgio Carvalho

Publicado em 24 de setembro de 2025

#123 - Brasil volta a registrar resgates com centenas de vítimas
17/09/2025
#123 - Brasil volta a registrar resgates com centenas de vítimas

Os últimos anos marcaram o aumento de casos de trabalho escravo com grande número de vítimas na mesma frente de trabalho. Em agosto, uma operação libertou 563 operários no Mato Grosso, após um incêndio em um alojamento precário. Poucos dias depois, no Maranhão, 80 trabalhadores foram resgatados em frentes agrícolas.

Os episódios remetem à década de 2000, quando houve resgates com recordes de vítimas, como o caso da usina sucroalcooleira Pagrisa, em que 1.064 trabalhadores foram resgatados em uma única operação. 

Uma análise por quinquênios evidencia a mudança recente no perfil dos resgates. Entre 2017 e 2021, ocorreram quatro operações com mais de 100 trabalhadores cada, envolvendo ao todo 795 pessoas. Já no quinquênio seguinte, iniciado em 2022, esse número dobrou: em apenas quatro anos, já foram registradas oito operações acima dessa marca, com 1.790 trabalhadores libertados. O destaque é o recente resgate dos 563 trabalhadores no Mato Grosso, um dos maiores do período e que sozinho equivale a quase o total do quinquênio anterior.

A maioria dessas operações com centenas de resgatados ocorreu em atividades como a construção civil e lavouras diversas, incluindo cana-de-açúcar, uva, cebola e alho, em estados como Minas Gerais, Goiás, Bahia, São Paulo e Rio Grande do Sul.   

* Projeto Perfil Resgatado, da Repórter Brasil, a partir de dados do Ministério do Trabalho e Emprego. 

Foto: Vagner Teixeira Maciel/GSI/PGT
Publicado em 17 de setembro de 2025

#122 - Ásia é o principal destino de brasileiros traficados
16/09/2025
#122 Ásia é o principal destino de brasileiros traficados

Em 2024, o continente asiático foi o principal destino de brasileiros traficados internacionalmente. Segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública, 68% das vítimas (43 do total de 63) foram exploradas nos seguintes países: Filipinas (20), Laos (11), Camboja (7), Índia (2), Mianmar (2) e Singapura (1). A Europa, principal destino de brasileiros explorados em décadas anteriores, foi local de exploração de 22% das vítimas (14 pessoas). 

Os brasileiros traficados para a Ásia são majoritariamente homens (60%) e em 81% dos registros a finalidade de exploração era o trabalho escravo em plataformas digitais de apostas.

O tráfico de pessoas é um crime no Brasil, definido pelo artigo 149-A do Código Penal. É uma grave violação de direitos humanos que atinge sobretudo pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica e tem entre suas principais finalidades o trabalho escravo.

Para saber mais sobre tráfico de pessoas, acesse os materiais do Programa Escravo, nem pensar!:

Tráfico de Pessoas – Mercado de Gente:  vídeo e caderno temático 

Podcast Esperança:  Episódio #6 – Tráfico de pessoas e mídias sociais

#121 - 2 em cada 3 mulheres resgatadas de trabalho escravo no Brasil são negras
23/07/2025
#121 2 em cada 3 mulheres resgatadas de trabalho escravo no Brasil são negras

A maioria das mulheres vítimas de trabalho escravo no país são negras. Segundo  o projeto Perfil Resgatado, da Repórter Brasil*, 66% são pretas ou pardas.  Em números absolutos, isso representa 1.190 de um universo de 1.812 mulheres resgatadas entre 2003 e 2024 e cuja raça foi autodeclarada. 

Dentre esse grupo, a maioria era natural da Bahia (22%), Minas Gerais (19%) e Maranhão (15%). O setor do café concentrou o maior número de registros, com 229 resgatadas, o equivalente a 23% do total.

Também foram identificadas 45 mulheres negras, provenientes da Bolívia, Venezuela e Paraguai. A maior parte das migrantes internacionais foi explorada no município de São Paulo em oficinas de costura, onde aconteceram 84% dos resgates. A juventude também se destaca nesse cenário: 58% das vítimas tinham entre 18 e 24 anos.

No Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, infelizmente ainda destacamos as violações e assimetrias que mulheres negras enfrentam no mundo do trabalho no Brasil. Além do trabalho escravo, elas foram mais afetadas pelo desemprego no segundo trimestre de 2024: a taxa foi de 10%, frente à média nacional de 6,9%, segundo o IBGE. 

*A partir de dados do Ministério do Trabalho e Emprego.  

Publicado em 23 de julho de 2025

#120 - Como as novas tarifas dos EUA podem afetar as condições de trabalho no Brasil?
15/07/2025
#120 Como as novas tarifas dos EUA podem afetar as condições de trabalho no Brasil?

O anúncio da tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras para os Estados Unidos, a partir do mês de agosto, gerou apreensão de alguns setores da economia diante de uma possível diminuição do fluxo de comércio entre os dois países. Mas para além do viés econômico, qual o impacto da medida no campo do trabalho no Brasil?  

Uma significativa diminuição das atividades comerciais geralmente vem acompanhada da necessidade de redução de custos e de produção pelo setor produtivo. Esta tende a impactar as frentes de trabalho com cortes de equipe, maior precarização das condições laborais e, em situações extremas, o trabalho escravo, especialmente em setores com histórico recorrente de resgates de trabalhadores. 

Dentre os produtos brasileiros mais comprados pelos Estados Unidos estão o café e a carne bovina. Tanto a cafeicultura como a pecuária são atividades econômicas com altos índices de ocorrência de trabalho escravo no Brasil. 

De acordo com dados do projeto Perfil Resgatado, da Repórter Brasil*, a atividade cafeeira registra resgates de trabalhadores todos os anos desde 2002, com exceção de 2005. Foram 193 casos e 3.828 vítimas no setor, sobretudo em Minas Gerais, que concentra 72% das inspeções.

Já a pecuária é a principal atividade econômica em que trabalhadores são resgatados do trabalho escravo no país. Desde 1995, há registros todos os anos  no setor, que contabiliza 1.141 casos e 17.321 trabalhadores resgatados. O estado do Pará concentra 41% dessas ocorrências.

Para saber mais sobre as condições do trabalho na colheita do café, clique aqui

Para saber mais sobre a relação entre a produção pecuária brasileira e o trabalho escravo, clique aqui.

*Com base em informações do Ministério do Trabalho e Emprego.

Foto: Sergio Carvalho

Publicado em 15 jul. 2025

#119 - A CLT ficou cringe? Entenda por que a Carteira de Trabalho se tornou motivo de chacota da Geração Z.
8/07/2025
#119 A CLT ficou cringe? Entenda por que a Carteira de Trabalho se tornou motivo de chacota da Geração Z.

O Brasil bateu recorde na criação de empregos com carteira assinada, segundo o CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) divulgados no último dia 30. Apesar disso, a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) tem sido alvo de campanhas infames em redes sociais populares entre a juventude, e se tornou um xingamento entre a Geração Z.

​​Em plataformas como Instagram e Tik Tok, tornou-se comum encontrar conteúdos em que jovens descrevem o trabalho com carteira assinada de forma negativa, associando-o a rotinas marcadas por deslocamentos longos, relações hierárquicas rígidas, ambientes de trabalho desgastantes e baixa remuneração. Esse tipo de representação ajuda a explicar a resistência de parte da juventude ao regime formal de trabalho.

Como consequência, muitos jovens se iludem com promessas de dinheiro fácil nas redes sociais. Coachings e influenciadores vendem cursos e mentorias para enriquecer sem patrão e sem CLT. Segundo estudo do Deep Lab, da University College Dublin, esse ecossistema reforça uma meritocracia distorcida, prometendo liberdade e sucesso, mas escondendo uma lógica de pirâmide econômica altos custos e frustrações. 

Diante desse desencanto com o trabalho formal, é fundamental relembrar a origem e os objetivos da CLT na garantia de condições mínimas de dignidade. A CLT foi promulgada em 1943 e foi responsável por garantir importantes direitos trabalhistas, como a jornada máxima de oito horas diárias, o direito a férias, ao 13º salário e à proteção contra demissões arbitrárias. Embora precise ser constantemente atualizada para responder às transformações do mundo do trabalho, ela continua sendo um instrumento fundamental para a garantia da proteção do trabalho decente no Brasil.

Card: Rodrigo Bento/ Repórter Brasil.

Publicado em 8 de julho de 2025.

#118 - Há pessoas em situação de refúgio resgatadas do trabalho escravo no Brasil?
27/06/2025
#118 Há pessoas em situação de refúgio resgatadas do trabalho escravo no Brasil?
#118 Há pessoas em situação de refúgio resgatadas do trabalho escravo no Brasil?

Hoje, não há informações sistematizadas sobre a quantidade de pessoas refugiadas ou solicitantes de refúgio resgatadas dessa prática no Brasil. Segundo levantamento inédito da Repórter Brasil*, entre 2010 e 2023, foram libertados no país 902 migrantes internacionais de 12 países — os principais são Bolívia, Paraguai, Haiti e Venezuela — encontrados em 15 estados brasileiros.⁠ Os dados abrangem todos trabalhadores não-nacionais, sem distinção do seu status migratório. 

E quem são as pessoas em situação de refúgio? 

No Brasil, é o indivíduo que, em razão de fundado temor de perseguição devido a sua raça, religião, nacionalidade, opinião política ou pertencimento a determinado grupo social ou em razão de grave e generalizada violação de direitos humanos, é obrigado a deixar seu país para buscar proteção em outros países.

De acordo com Observatório das Migrações Internacionais, na última década, 150.906 pessoas oriundas de 94 países foram reconhecidas como refugiadas no Brasil. Venezuela, Síria e Afeganistão são os seus principais países de origem.**

O refúgio é uma proteção legal internacional garantida a pessoas que correm risco de vida ou de violação de sua integridade física. Por isso, o acolhimento dessa população envolve políticas específicas. Quem solicita refúgio no Brasil não pode ser devolvido ao país onde alega sofrer perseguição e deve ter acesso ao Registro Nacional Migratório e à Carteira de Trabalho (CTPS). Também deve ter facilitado o reconhecimento de certificados e diplomas, além de outros direitos previstos na Lei nº 9.474/97, que regula o tema no país.

Assim, compreender se trabalhadores escravizados estão em situação de refúgio auxiliaria no aprimoramento e eficácia das políticas públicas voltadas à sua proteção e acolhida.

* Para saber mais, acesse: Dossiê Trabalho escravo e migração internacional

** JUNGER DA SILVA, Gustavo; CAVALCANTI, Leonardo; DE OLIVEIRA, Antônio Tadeu Ribeiro. Refúgio em Números 10ª Edição. Observatório das Migrações Internacionais; Ministério da Justiça e Segurança Pública/ Departamento das Migrações. Brasília, DF: OBMigra, 2025.

Publicado em 27 de junho  2025

Foto: Tatiana Waldman/Repórter Brasil

#117 Dia Mundial de combate ao Trabalho Infantil – 43 crianças e adolescentes foram resgatados do trabalho escravo em 2024.
17/06/2025

O trabalho escravo e o trabalho infantil são violações relacionadas. Em 2024, 1.888 pessoas foram resgatadas do trabalho escravo; dessas, 43 eram adolescentes entre 15 e 17 anos. Ou seja, nesses casos, o trabalho infantil também estava presente. Entre os adolescentes resgatados, 39 eram meninos e 4 meninas. O recorte racial reforça a desigualdade estrutural: 81% eram adolescentes negros (pretos e pardos). A pecuária foi o setor com mais ocorrências, com 11 resgates. Já Minas Gerais foi o estado com o maior número de adolescentes resgatados com residência declarada nesse estado, com 13 casos.O levantamento é do projeto Perfil Resgatado, da Repórter Brasil, com base em dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). 

Essas situações fazem parte de um problema mais amplo. Segundo a PNAD Contínua de 2023, cerca de 1,6 milhão de crianças e adolescentes, entre 5 e 17 anos, estavam em situação de trabalho infantil no país. Embora represente uma redução de 15,8% em relação ao ano anterior (2022), o dado ainda revela a urgência de políticas de prevenção e combate à violação.

A mobilização da sociedade civil tem sido fundamental para o enfrentamento do trabalho infantil. Para aprofundar o debate, acesse a página Trabalho Infantil? Não caia nessa!, do programa Escravo, nem pensar!, que trata do tema do trabalho infantil no Brasil.


Card: Rodrigo Bento/ Repórter Brasil

Publicado em 12 de junho de 2025

#116 Repórter Brasil e Assistência Social: 10 anos contra o trabalho escravo
5/06/2025

Na última semana, a Repórter Brasil, por meio do seu programa Escravo, nem pensar!, esteve em campo nas regiões Norte e Nordeste, realizando formações a profissionais do SUAS (Sistema Único de Assistência Social), que atuam no atendimento a vítimas de trabalho escravo. No Maranhão, 212 trabalhadores do SUAS, de 64 municípios, participaram das atividades. No Pará, 78 agentes de 15 municípios das regiões do Tapajós e Baixo Amazonas discutiram estratégias de prevenção e orientação às vítimas.

Essas formações fazem parte de uma trajetória do Escravo, nem pensar!  construída com os profissionais da Assistência Social ao longo de 10 anos. Desde 2015, o ENP! acumula:

📌 Mais de 2.500 profissionais do SUAS formados
📌 Mais de 10.000 pessoas prevenidas do trabalho escravo
📌 Atuação em 112 municípios de 8 estados brasileiros

Por meio de processos formativos, o ENP! qualifica o atendimento prestado pela Assistência Social a trabalhadores resgatados. Além de garantir acesso a direitos, esses profissionais contribuem para romper ciclos de exploração e fortalecer redes locais de proteção, com foco na prevenção.

🔍 Quer saber mais? Acesse nossas publicações em escravonempensar.org.br

Foto: Fernando Martinho/Repórter Brasil

Publicado em 5 jun. 2025

#115 74% dos casos de trabalho escravo em pedreiras no Brasil ocorreram nos últimos três anos
7/05/2025

Segundo dados do projeto Perfil Resgatado, da Repórter Brasil, houve um aumento de casos de trabalho escravo em pedreiras no Brasil nos últimos três anos. Até 2021, foram registrados 11 casos e 57 trabalhadores resgatados. Entre entre 2022 e 2024, ocorreram 31 casos, com 211 pessoas escravizadas, principalmente na região Nordeste. Mais da metade dos casos ocorreram no Piauí (55%), seguido por Alagoas (16%), Maranhão e Paraíba (ambos com 10%). 

No mês passado, 91 trabalhadores foram resgatados em pedreiras, na zona rural de Jacobina/Bahia. Eles exerciam a função de quebradores de pedra do tipo “arenito”, destinadas ao calçamento, sobretudo de vias públicas. Segundo a equipe de fiscalização, os trabalhadores não utilizavam Equipamento de Proteção Individual (EPI) e muitos apresentavam hematomas e cicatrizes resultantes de acidentes de trabalho. No local não havia alojamentos ou banheiros. Abrigos eram improvisados com pedras cobertas por lonas. Todos estavam submetidos a um regime de remuneração exclusivamente por produção.* 

Na mais recente Lista Suja do trabalho escravo, divulgada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em abril de 2025, constam 31 empregadores que atuam na extração e britamento de pedras em oito estados: Piauí (14), Alagoas (6), Maranhão (4), Pernambuco (2), Paraíba (2), Ceará (1), Rio Grande do Norte (1) e Rio Grande do Sul (1).

* Disponível em: MTE resgata 91 trabalhadores em condições de trabalho degradante em Jacobina na Bahia

Foto: Ministério do Trabalho e Emprego

Publicado em 7 maio 2025

#114 1º de Maio | Informalidade aumenta risco de trabalho escravo
30/04/2025

Qual o impacto de trabalhar sem direitos? No Brasil, a informalidade tem colocado milhões de pessoas à margem da proteção legal e dos direitos trabalhistas, abrindo caminho para violações laborais e formas de exploração extremas, como o trabalho escravo.

Em 2024, 39% da população ocupada no Brasil — cerca de 39,1 milhões de pessoas — estava em situação informal, segundo o IBGE*. Esse número supera o total de trabalhadores com carteira assinada, que representa 38% da força de trabalho.

A falta de formalização impede o acesso a direitos básicos como salário mínimo, jornada regulamentada, férias remuneradas e aposentadoria. Mas os impactos vão além da perda de benefícios: trabalhadores informais ficam fora dos sistemas de proteção social, sem vínculos registrados, o que dificulta a atuação dos órgãos fiscalizadores. 

Essa combinação de desproteção e invisibilidade os deixam mais suscetíveis ao trabalho escravo. A ausência de controle sobre as condições de trabalho pode gerar jornadas exaustivas, enquanto a falta de fiscalização de alojamentos pode resultar em acomodações insalubres e degradantes. Em 2024, 2.100 trabalhadores foram resgatados do trabalho escravo em 197 casos fiscalizados em 23 estados.

Segundo o Ipea, o aumento da informalidade está diretamente associado à baixa fiscalização do Estado**. A pouca quantidade de auditores fiscais do trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego limita a capacidade estatal de identificar e reprimir a informalidade e violações trabalhistas, como o trabalho escravo. 

*Dados da PNAD Contínua, de janeiro de 2025.

**”Crescimento sem formalização do trabalho: déficit de capacidade fiscalizatória e necessidade de recomposição da burocracia especializada”, disponível clicando aqui.

#113 Violência e precarização laboral atingem migrantes africanos no Brasil
28/04/2025

Em abril, o senegalês Ngange Mbaye, que trabalhava como ambulante, foi baleado e morto durante uma ação da Polícia Militar (PM) no bairro do Brás, em São Paulo. 

Este não é o único caso em que trabalhadores africanos são vítimas de violência e submetidos a péssimas condições laborais. O ocorrido se soma a outros episódios semelhantes: Em janeiro, o também ambulante senegalês Massamba Diop foi atingido na cabeça pelo disparo de uma arma de choque em outra ação da PM. Em 2022, o congolês Moïse Kabagambe, que trabalhava informalmente num quiosque no Rio de Janeiro, foi espancado até a morte por três homens após cobrar por um serviço prestado.

Esses casos não apenas evidenciam a violência direcionada a migrantes africanos, mas também estão inseridos em um contexto mais amplo de vulnerabilidade socioeconômica. Muitos migrantes de países da África estão na informalidade e, portanto, sem garantias trabalhistas e suscetíveis a situações de exploração. A dificuldade de regularizar a situação migratória é obstáculo para acessar empregos formais, ampliando a desproteção desses trabalhadores, os quais enfrentam jornadas exaustivas e baixos salários. Segundo o Dossiê Trabalho Escravo e Migração Internacional, da Repórter Brasil, comunidades de migrantes africanos permanecem invisíveis à sociedade e aos órgãos do Estado. Assim, seus problemas sociais, que incluem questões trabalhistas, são negligenciados.

#112 17 de abril: Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária
16/04/2025

O Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária é lembrado no dia 17 de abril.  A data recorda o ano de 1996, quando 19 trabalhadores rurais sem-terra foram assassinados por policiais militares durante uma manifestação pela reforma agrária em Eldorado dos Carajás, no Sudeste do Pará. Essa ação policial  resultou ainda em 69 pessoas feridas. A chacina de Eldorado dos Carajás é considerada uma das mais trágicas e violentas decorrentes de conflitos agrários no Brasil. 

Em 2017, uma ação semelhante aconteceu no município de Pau d’Arco, no Pará, quando dez trabalhadores rurais foram mortos numa ação de policiais militares. O caso é tema do documentário “Pau d’Arco”, produção da Repórter Brasil e Amana Cine e direção de Ana Aranha, que estreou neste mês de abril no festival É Tudo Verdade 2025. 

A ausência da reforma agrária deixa marcas profundas no Brasil. Em 2023, a violência no campo atingiu seu maior patamar*, refletindo o agravamento dos conflitos fundiários. No mesmo ano, o número de pessoas resgatadas do trabalho escravo foi o maior desde 2009**. Sem acesso à terra e a condições dignas de vida, milhares de trabalhadores continuam expostos à exploração laboral e outras violações de direitos. 

* Dados da Comissão Pastoral da Terra.

** Dados do Ministério do Trabalho e Emprego.

Foto: Fernando Martinho / Repórter Brasil

Publicado em 17 abril 2025

#111 Repórter Brasil previne trabalho escravo no Piauí
8/04/2025

Em 2025, a rede pública de Educação do Piauí participa do projeto Escravo, nem pensar! de prevenção ao trabalho escravo. O objetivo é formar educadores para o desenvolvimento de ações educacionais sobre o tema com estudantes e comunidades vulneráveis à exploração laboral. A meta é alcançar 447 unidades escolares de 94 municípios piauienses. 

A primeira etapa do projeto ocorreu entre os dias 18 e 20 de março de 2025, em Teresina. A ação é realizada em conjunto com a Seduc-PI (Secretaria de Estado de Educação) e conta com o apoio da Fundação Avina e a parceria da Contar (Confederação Nacional dos Trabalhadores Assalariados e Assalariadas Rurais), Coetrae-PI (Comissão Estadual para a Erradicação do Trabalho Escravo e do Tráfico de Pessoas no Estado do Piauí) e CPT (Comissão Pastoral da Terra). 

O Piauí é um estado estratégico para o combate ao trabalho escravo, já que a ocorrência do problema em seu território é frequente, mas também porque muitos piauienses migram para a exploração laboral em outros estados do Brasil. Entre 1995 e 2024, 1.666 trabalhadores foram escravizados em 109 casos flagrados no estado, colocando-o na 11ª colocação no ranking nacional. As atividades relacionadas ao extrativismo vegetal, principalmente aquelas referentes à extração da palha de carnaúba, concentram porcentagem importante dos casos de trabalho escravo no estado (26%). Os dados são do Ministério do Trabalho e Emprego e foram sistematizados pela Repórter Brasil.

Para saber mais sobre o projeto, clique aqui. 

Foto: Ministério do Trabalho e Emprego

Publicado em 8 abril 2025

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