
Em 2024, 1,65 milhão de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos estavam em situação de trabalho infantil no Brasil, segundo dados do IBGE. O número representa 4,3% da população nessa faixa etária e apresentou uma leve alta de 0,1% em relação ao ano anterior. Do total, 1,19 milhão realizavam atividades econômicas e 455 mil produziam apenas para consumo próprio.
Apesar da queda registrada ao longo da série histórica, iniciada em 2016, quando o índice era de 5,2%, o problema persiste e se manifesta mais gravemente nas piores formas de trabalho infantil, classificadas na Lista TIP. Em 2024, 560 mil meninas e meninos estavam inseridos nessas atividades, consideradas perigosas, insalubres ou degradantes, como o trabalho escravo. Esse contingente representa 37% do total de crianças e adolescentes envolvidos em atividades econômicas.
Entre aqueles envolvidos nas piores formas de trabalho infantil, a maioria era composta por meninos (74,4%) e por pretos ou pardos (67,1%). Essa exploração atinge principalmente os mais novos: entre as crianças de 5 a 13 anos que realizavam alguma atividade econômica, 60,8% estavam em ocupações da Lista TIP. Na faixa de 14 e 15 anos, o índice foi de 51,8%, enquanto entre adolescentes de 16 e 17 anos ficou em 30,8%.
No conjunto geral do trabalho infantil, o perfil das vítimas também revela desigualdades sociais e raciais. Os meninos representam 66% do total, enquanto as meninas correspondem a 34%. Entre 2023 e 2024, o número de meninos em situação de trabalho infantil cresceu 5,4%, passando de 1,033 milhão para 1,089 milhão, enquanto o de meninas caiu 3,9%, de 584 mil para 561 mil. A maioria das vítimas é preta ou parda, que somam dois terços (66%) do total, enquanto as brancas representam 32,8%.
Regionalmente, o Nordeste concentra os maiores números absolutos, com 547 mil crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil. Em seguida aparecem o Sudeste (475 mil), o Norte (248 mil), o Sul (226 mil) e o Centro-Oeste (153 mil).
O trabalho infantil é uma violação que ocorre tanto nas cidades, em atividades como o comércio ambulante e o trabalho doméstico, quanto no campo, onde se concentra de forma mais intensa em atividades extrativistas. Um exemplo é a coleta de açaí na Amazônia, que revela os desafios do enfrentamento dessa prática. Para saber mais sobre essa realidade, acesse o relatório completo da Repórter Brasil.
*Foto: Sérgio Carvalho
Publicado em 24 de setembro de 2025