#127 – No Maranhão, Repórter Brasil forma 353 funcionários públicos para a prevenção ao trabalho escravo

Profissionais das áreas de Assistência Social, Educação e Segurança Pública de 79 municípios maranhenses participaram de formações sobre os conceitos e mecanismos de prevenção a essa grave violação de direitos humanos. O Maranhão é um dos estados com os maiores índices de trabalho escravo no Brasil

O Maranhão detém uma triste liderança: é o principal estado de origem de trabalhadores escravizados no Brasil, representando 21% dos casos no país*. Em 2025, o programa Escravo, nem pensar!, da Repórter Brasil, esteve presente no estado para prevenir a prática, por meio da formação de profissionais de três áreas: Assistência Social, Educação e Segurança Pública. As ações contaram com a parceria da Comissão Estadual para Erradicação do Trabalho Escravo (Coetrae/MA) e o apoio do The Freedom Fund. Ao todo, 353 profissionais das três áreas foram formados diretamente pelo programa.

O objetivo das formações do Escravo, nem pensar! é reduzir o número de trabalhadores aliciados para o trabalho escravo e submetidos a condições análogas à escravidão nas zonas rurais e urbanas do Brasil, por meio da educação. Ao longo dos processos formativos, os participantes aprendem sobre os principais aspectos do trabalho escravo contemporâneo e os mecanismos de combate e encaminhamento de casos previstos na legislação brasileira.

O conteúdo e os objetivos de cada módulo são adaptados às atribuições específicas de cada área. Assim, a diversidade de profissionais formados potencializa o impacto da ação. No Maranhão, é comum a migração de trabalhadores para outras regiões do país em busca de melhores condições de trabalho. No entanto, não raro, esses indivíduos são aliciados para a exploração laboral. Portanto, compreender a relação entre migração e trabalho escravo é importante no contexto maranhense.

Diante disso, a Repórter Brasil apresentou ao público a mais nova edição de seu caderno temático Migração – O Brasil em movimento, elaborado com o apoio do Ministério Público do Trabalho. O caderno apresenta o processo migratório como um direito humano, ao mesmo tempo em que destaca os impactos do deslocamento forçado nas condições de vida dos trabalhadores.

O projeto contou ainda com a participação de órgãos do poder público e entidades da sociedade civil dedicados à erradicação do trabalho escravo no estado, como o Ministério do Trabalho e Emprego, Ministério Público do Trabalho, Polícia Federal, Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos Carmen Bascarán e Comissão Pastoral da Terra.

Segurança Pública: formação de policiais militares 

Em setembro, o Escravo, nem pensar! formou 134 policiais militares do Maranhão, em parceria com a Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP-MA) .O foco foi sensibilizar e capacitar os agentes de segurança para que reconheçam e combatam o trabalho escravo contemporâneo em suas atividades. O público-alvo foi formado por profissionais recém-ingressados na carreira militar, durante o processo formativo no Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (CFAP).

Assistência Social: preparação para o atendimento aos resgatados 

A formação na área de Assistência Social contemplou 61 municípios maranhenses, com 252 profissionais presentes de ao menos 124 unidades socioassistenciais nos encontros realizados em São Luís e Imperatriz, entre maio e  outubro. Realizada em parceria com a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Social do Maranhão (Sedes-MA), a formação buscou fortalecer ações preventivas e preparar as unidades de referência, como Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) e Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), para atender trabalhadores resgatados, oferecendo suporte para reintegração social e laboral.

Educação: Ensino Médio regular integrado ao técnico 

O projeto foi dedicado à 67 educadores de 55 escolas do Instituto Estadual de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IEMA), com a representação de 39 municípios. A formação tem o objetivo de mobilizar a comunidade educacional na prevenção ao trabalho escravo contemporâneo. Além disso, a proposta busca incentivar as unidades do IEMA a desenvolverem atividades educativas que vão além dos muros das escolas, envolvendo a juventude e a sociedade como agentes ativos na luta contra essa prática.

As atividades do projeto Escravo, nem pensar! no Maranhão seguem até dezembro, quando as unidades do IEMA e equipamentos socioassistenciais concluirão as abordagens sobre o tema com usuários, estudantes e a comunidade. Os resultados dessas experiências serão narrados em uma publicação temática, a ser lançada no primeiro trimestre de 2026.

*Dados da pesquisa Perfil Resgatado – Rotas migratórias e a morfologia do trabalho escravo – O estado do Maranhão, da Repórter Brasil:

EDUCARB

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 31/10/2025

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