A Repórter Brasil – Organização de Comunicação e Projetos Sociais foi fundada em 2001 por jornalistas, cientistas sociais e educadores com o objetivo de fomentar a reflexão e ação sobre as diversas situações de injustiça presentes em nossa sociedade, tanto nos casos de flagrante desrespeito aos direitos humanos, como nas condições sociais e estruturais sub-humanas de vida. A organização possui quatro eixos de atuação: jornalismo social, projetos de educação e comunicação, combate à escravidão e pesquisa sobre agrocombustíveis.

A ONG tem sido uma das principais organizações a atuar no combate ao trabalho escravo no Brasil e a pautá-lo na mídia e nos debates da opinião pública. A Repórter Brasil atua em parceria com outros veículos de comunicação para a publicação de notícias, artigos e reportagens. Com isso, tem contribuído para o aumento da incidência desse tema na grande mídia.

No início de suas atividades, a organização começou a realizar oficinas de produção de reportagens chamadas “Jornalismo e Periferia” em bairros da cidade de São Paulo. Também organizou sua página na internet para ser espaço de publicação de grandes reportagens em jornalismo social (www.reporterbrasil.org.br). Em parceria com a Ciranda de Notícias, participou da cobertura da segunda edição do Fórum Social Mundial, em 2003, na cidade de Porto Alegre. Desde o início, a erradicação do trabalho escravo, uma das mais graves violações aos direitos humanos, estava entre os principais objetivos da Repórter Brasil.

Em 2003, devido ao seu trabalho na área, a Repórter Brasil ingressou como representante da sociedade civil na Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae). Nesse mesmo ano, a organização recebeu o Prêmio Jair Borin de Mídia Crítica, concedido pela Cidade do Conhecimento – rede de projetos de emancipação e inclusão digital da Universidade de São Paulo.

Após um piloto em 2003, no ano seguinte foi realizada a primeira pesquisa sobre a cadeia produtiva do trabalho escravo no Brasil. Por iniciativa e pedido da Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH), o estudo realizado pela ONG Repórter Brasil, em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), identificou as cadeias produtivas em que estavam inseridas as fazendas do cadastro de empregadores da portaria 540/2004 do Ministério do Trabalho e Emprego (conhecido como a “lista suja” do trabalho escravo no Brasil) naquele período. O objetivo do estudo foi o de informar e alertar a sociedade brasileira, a indústria e os mercados consumidores, varejista, atacadista e exportador da existência de mão-de-obra escrava na origem da cadeia de produção de muitas mercadorias que são comercializadas no país.

Também em 2004, foi criado o programa de prevenção ao trabalho escravo chamado “Escravo, nem Pensar!”, com o apoio da Secretaria Especial de Direitos Humanos do Governo Federal, da Organização Internacional do Trabalho, Comissão Pastoral da Terra, TAM Linhas Aéreas, entre outros parceiros. O objetivo do programa é diminuir, através da educação, o número de pessoas das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste aliciados para o trabalho escravo na fronteira agrícola amazônica e do Cerrado. São realizadas formações em municípios de seis Estados do país para incentivar professores e lideranças populares a introduzir o tema do trabalho escravo contemporâneo em sala de aula e na comunidade.

Em 2005, o “Dossiê Trabalho Escravo”, publicado graças a uma parceria com a Agência de Notícias Carta Maior, recebeu a menção honrosa do Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos. Em 2005, foi realizada uma extensa pesquisa sobre a presença de trabalho escravo na cadeia produtiva da soja a pedido da organização Greenpeace para compor o relatório “Comendo a Amazônia”.

Desde maio de 2005, em parceria com o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social e com a Organização Internacional do Trabalho, a Repórter Brasil faz parte do Comitê de Coordenação e Monitoramento do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo. O compromisso nasceu das pesquisas de cadeias produtivas e envolve mais de 220 empresas, associações comerciais e organizações sociais (ou cerca de 20% do PIB brasileiro) para excluir o trabalho escravo da economia nacional.

Em 2006, o coordenador geral da Repórter Brasil, Leonardo Sakamoto, recebeu o Prêmio Combate ao Trabalho Escravo concedido pela Organização Internacional do Trabalho, Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho e pela Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho. A organização também foi responsável pela realização do documentário “Correntes” sobre o tema do trabalho escravo contemporâneo naquele ano, ganhador de prêmios nacionais e internacionais.

A ONG Repórter Brasil lançou, em 2006, a Agência de Notícias sobre Trabalho Escravo – o primeiro veículo jornalístico voltado exclusivamente para o tema no país. O objetivo da agência é aumentar a circulação de informações a respeito da escravidão contemporânea e de todas as formas de trabalho degradante, influenciando a pauta de outros veículos de comunicação e servindo de subsídio para ações dos três poderes e da sociedade civil. As reportagens feitas pela equipe de jornalismo da Repórter Brasil são disponibilizadas no site da ONG para livre e gratuita reprodução. A agência também possui um programa de rádio distribuído semanalmente a rádios comunitárias de todo o país e que também está disponível para downloads na internet. São mais de 300 mil acessos por mês.

A publicação “Escravo, nem pensar! – Almanaque do alfabetizador” foi lançada em 2006 em um convênio firmado com o Ministério da Educação e a Organização Internacional do Trabalho e distribuído a mais de 40 mil professores. E, em novembro de 2007, também foi publicado o livro “Escravo, nem pensar! – Como abordar o tema do trabalho escravo na escola e na comunidade”, com o apoio da Fundação Doen. Os 24 mil exemplares estão sendo distribuídos de forma gratuita a educadores da rede pública de ensino em parceria com os governos dos Estados das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste em que o programa atua.

Em novembro de 2006, foi lançado o Blog do Sakamoto (www.blogdosakamoto.com.br), do coordenador da Repórter Brasil, Leonardo Sakamoto, tratando de temas trabalhistas, ambientais e agrários. O blog, hospedado no portal iG, tornou-se uma referência para a discussão sobre os direitos humanos no Brasil.

A segunda edição da pesquisa sobre a cadeia produtiva do trabalho escravo no Brasil foi produzida pela Repórter Brasil em 2007, em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Instituto Ethos, e uma nova pesquisa específica sobre soja e trabalho escravo foi realizada com o apoio da Fundação Doen. Desde então, as pesquisas de cadeias produtivas têm sido realizadas de forma ininterrupta, mensalmente através de amostragens e a cada dois anos com um estudo mais amplo. Em setembro desse mesmo ano, foi criado o escritório regional da Repórter Brasil em Araguaína, no Estado do Tocantins, o que permitiu a ampliação da atuação da organização.

Ainda em agosto de 2007, foi lançada a seção especial do Maranhão (www.reporterbrasil.com.br/maranhao), que disponibiliza reportagens especiais, estatísticas básicas e dados sobre o Estado que mais “exporta” trabalhadores escravizados para outras federações nacionais. Endereços e contatos de entidades do Maranhão que recebem denúncias sobre esse tipo de crime estão disponíveis na página. Em outubro, a radionovela “Escravo, Nem Pensar!” é concluída pela Repórter Brasil em conjunto com a Radiobrás (atual Empresa Brasileira de Comunicação), a Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República e o Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos de Açailândia (CDVDH).

Como um dos desdobramentos do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo, a Repórter Brasil criou, em dezembro de 2007, o site de notícias especial do acordo empresarial (www.pactonacional.com.br). Com atualizações online da “lista suja” de infratores escravagistas mantida pelo governo federal, instrumentos para efetivação de políticas concretas de responsabilidade social empresarial e informações de relevância para os signatários do Pacto Nacional, o site reúne informes sobre as atividades referentes à iniciativa e se tornou referência para as empresas comprometidas com a erradicação do trabalho escravo contemporâneo.

No final de 2007, o Centro de Monitoramento de Agrocombustíveis da Repórter Brasil deu início a suas atividades de investigação sobre os efeitos causados pelas culturas utilizadas na produção de agroenergia sobre o meio ambiente e os homens e mulheres do campo no Brasil. A publicação quadrimestral de relatórios sobre o tema no período de dois anos tem o apoio da Fundação Doen, da Cordaid e da Solidariedad e dezenas de parcerias em todo o país (www.agrocombustiveis.org.br). Em abril de 2008, o primeiro relatório, sobre os impactos causados pela soja e mamona, foi lançado durante uma conferência em Buenos Aires.

Em maio de 2008 foi realizado, em parceria com a Comissão Pastoral da Terra e o Ministério Público do Trabalho, o Festival da Abolição no município de Araguaína (TO). O festival reuniu centenas de professores e lideranças formados pelo programa “Escravo, nem pensar!”, instituições parceiras e colaboradores de nove municípios do Tocantins. Esse evento cultural sobre prevenção ao trabalho escravo mostrou o que estava sendo produzido na região em relação ao tema.

Em 2008, a Repórter Brasil e a Comissão Pastoral da Terra receberam o prêmio internacional “Freedom Awards 2008” concedido por uma das principais organizações mundiais na luta contra a escravidão contemporânea, a Free the Slaves, dos Estados Unidos.

Em setembro daquele ano, o Centro de Monitoramento de Agrocombustíveis lançou outro estudo, desta vez sobre algodão, dendê, babaçu, milho e pinhão-manso. Também nesse ano a organização produziu, em parceria com a Papel Social Comunicação, o estudo “Conexões Sustentáveis São Paulo – Amazônia: Quem se beneficia com a destruição da Amazônia?”, financiado pelo Movimento Nossa São Paulo e Fórum Amazônia Sustentável. O objetivo do estudo foi o de apresentar para a sociedade informações que contribuam com a construção de processos sociais e econômicos que garantam que empresas e governos não financiem a destruição da Amazônia – seja através de investimentos, seja pela compra de insumos e matérias-primas de produtores que violaram as legislações ambiental e trabalhista, ou que atentaram contra direitos fundamentais dos povos da floresta.

A Repórter Brasil possui também uma forte atuação política junto a governos federais e estaduais, ao Congresso Nacional, Justiça e Ministério Público pela aprovação de leis, a implementação de ações e o cumprimento da legislação que permitam o combate ao trabalho escravo no país. A Repórter Brasil foi responsável pela relatoria do 2º Plano Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo e é um dos membros mais atuantes tanto na Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo quanto no Comitê de Coordenação e Monitoramento do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo. Também participou, como uma das organizações representantes da sociedade civil, da comissão interministerial que elaborou o Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas. Possui um importante papel internacional, agindo junto a instituições e governo estrangeiros na promoção do trabalho decente.

Como faz desde 2003, a Repórter Brasil organizou e participou de diversas atividades no Fórum Social Mundial – desta vez realizado em Belém (PA). Entre elas, o “Seminário sobre Tráfico de Pessoas, Trabalho Escravo e Migração numa perspectiva de gênero”, organizado pela Aliança Global contra Tráfico de Mulheres na América Latina e Caribe (Redlac).

Durante o Fórum, o Centro de Monitoramento de Agrocombustíveis também lançou um relatório sobre os impactos da cana-de-açúcar no país e promoveu um seminário ao lado da Comissão Pastoral da Terra. Em abril, foi publicado um novo relatório, desta vez sobre os impactos da soja e da mamona na safra 2008/09. O trabalho atualizou dados do relatório do ano anterior, avaliou avanços e retrocessos em termos socioambientais e trouxe análises sobre as novas fronteiras agrícolas dessas culturas.

A Repórter Brasil passou a gravar o “Vozes da Liberdade”, programa de rádio semanal da organização, em parceria com a Rádio Brasil Atual em 2009. Com isso, o conteúdo do programa também está sendo utilizado para compor o programa jornalístico que a Brasil Atual mantém todos os dias pela manhã (das 7h às 8h) na Terra FM (98,1 MHz). Além disso, em 2009, foi fortalecida parceria com a Revista do Brasil, publicação mensal voltada para a classe trabalhadora que mantém tiragem de 360 mil exemplares. Representantes da ONG Repórter Brasil são chamados para participar de debates e palestras sobre a dedicação ao jornalismo social e temas correlatos.

Por fim, o trabalho de pesquisa acadêmica e formação da Repórter Brasil ultrapassou há muito tempo as fronteiras nacionais. A organização é considerada um respeitado “think tank” sobre o tema de trabalho escravo, sendo convidada por universidades e governos, dos Estados Unidos e da Europa, para dar cursos, palestras ou mesmo consultoria na elaboração de leis. Também tem sido convidada para apresentar as boas práticas no combate a esse crimes em diversos país, como o Paquistão e a Alemanha. No Brasil, participa de forma sistemática da capacitação de agentes públicos responsáveis pela efetivação dos direitos trabalhistas, como juízes, procuradores, auditores, policiais.