Redação do Enem aborda trabalho, dignidade e escravidão

 07/11/2010

Candidatos que prestaram o Enem neste domingo, 7, disseram que não houve problemas com o cartão resposta nem com o caderno de prova, mas estranharam o tema da redação: O Trabalho para a Construção da Dignidade.

Antes de explorar o assunto, os alunos tinham de ler dois textos. Um sobre Lei Áurea e outro sobre trabalho escravo nos dias de hoje.

"Foi um tema bem chato. Não estava preparada para escrever sobre isso", disse Ana Carolina Aragão Costa, de 18 anos, que pretende cursar Direito e fez o Enem no câmpus da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) do Maracanã, zona norte do Rio. "Tinha a ver com a escravidão", disse Adriano Oliveira, de 18, primeiro candidato a deixar o câmpus da Unip do Paraíso, zona sul de São Paulo.

Acompanhe em tempo real no blog do Estadão.edu

Na Unip da Vergueiro, o estudante Alexandre Proxedes, de 19 anos, quer Administração e achou "bem pensado" o tema da redação. Ele escreveu sobre trabalhadores bóia-fria.

Já a candidata a uma vaga em Enfermagem Mariana Mendes criticou a prova, depois de sair do câmpus 3 da Unisa, em Interlagos, zona sul de São Paulo. "A redação era sobre um tema que não está acontecendo no mundo hoje", disse. Mariana, que prestou o Enem em 2009, achou os enunciados do exame mais longos este ano. "As questões eram mais complexas. Não gostei."

Clima tranquilo. Candidatos que saiam do Enem no câmpus 3 da Unisa mostraram alívio com o clima tranquilo da prova. "Não teve confusão, ninguém levantou a mão nem fez nenhuma contestação", disse Mayara Santos Lopes, de 18, candidata a uma vaga em Enfermagem. "Achei tudo bem mais tranquilo."

Alguns estudantes, no entanto, apostam no cancelamento do Enem, por conta dos problemas verificados na prova aplicada no sábado, 6. Mariana Scarpari, de 17 anos, mora na região da Vila Mariana e se deslocou até o câmpus 3 da Unisa, na zona sul, para fazer o Enem. No sábado, ela não fez a prova amarela, mas acha que há motivos para cancelarem o exame. "Vim hoje para não ser prejudicada", conta, "mas, se não anularem, deviam pelo menos cancelar as questões erradas da prova amarela".

Mariana diz que os erros na prova a desanimaram um pouco. "Parece que o Inep pede pra errar desde o ano passado", diz. "E estou longe pacas da minha casa." Ela quer cursar Engenharia na UFSCar.

Marina Fernandes André, de 18 anos, fez uma prova amarela sem erros de impressão, mas seguiu a orientação do cartão-resposta, preenchendo as questões de Ciências da Natureza antes. Seu pai, o assistente financeiro José Carlos, de 50 anos, diz que a filha vai usar o recurso on-line prometido pelo MEC, para inverter a correção. "Senão, vamos à Justiça para impugnar o exame", ressaltou.

Marluce Fidélis, de 42 anos, perdeu a prova de sábado. Chegou atrasada. Neste domingo, veio fazer o exame com a esperança de que seja anulado. "Isso me anima", diz. "Ontem, perdi a prova por causa do trânsito, mas hoje não tinha trânsito nenhum."

 

APOIE

A REPÓRTER BRASIL

Sua contribuição permite que a gente continue revelando o que muita gente faz de tudo para esconder

LEIA TAMBÉM