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Dilma desapropria área próxima a quilombo para construção de submarino nuclear

Projeto militar em área próxima a população tradicional preocupa entidades civis; problemas de comunidade com a Marinha têm mais de 40 anos

A presidenta da República, Dilma Rousseff (PT), assinou, no último dia 31, decreto desapropriando área no município de Itaguaí, no Rio de Janeiro, para a construção de duas bases das Forças Armadas. Distante cerca de  75 quilômetros da capital do Estado, a região é de interesse da Marinha do Brasil para o Programa de Desenvolvimento de Submarinos e abriga a comunidade quilombola de Marambaia, na cidade vizinha de Mangaratiba (RJ).

A região onde o governo pretende erguer os dois postos marítimos dista pouco mais de 20 km das terras onde a comunidade quilombola está instalada.

Em amarelo, área onde está instalada a comunidade quilombola de Marambaia, a cerca de 20 km de onde o governo federal quer construir duas bases da Marinha

Em amarelo, área onde vivem quilombolas na Ilha Marambaia, a cerca de 20 km de onde o governo federal quer construir duas bases da Marinha (Fonte: Observatório Quilombola)

Cerca de 150 famílias quilombolas de ex-escravos vivem na na Ilha de Marambaia desde o final do século XIX, com o cultivo de roçados e outras culturas de subsistência. Na avaliação de Rafael Soares de Oliveira, diretor-executivo da organização Koinomia, que realiza projetos junto a povos tradicionais, a instalação das bases da Marinha pode prejudicar a existência do quilombo. “Infelizmente, prejudicar mais do que já prejudicou é difícil que as Forças Armadas consigam, mas a existência da base deve preocupar os habitantes”, avalia. A comunidade ainda não teve título de regularização emitido pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). O pedido foi feito em 2006.

Quilombo já contou com investimentos do programa "Luz para Todos", do governo federal. (Foto: Divulgação / Ministério de Minas e Energia )

Quilombo já contou com investimentos do programa “Luz para Todos”, do governo federal. (Foto: Divulgação / Ministério de Minas e Energia )

A ilha onde está quilombo foi incorporada às terras da União em 1971, quando a administração passou às mãos da Marinha do Brasil. Nesse hiato de tempo até o começo do processo de titulação da região, as tropas derrubaram casas, destruíram hortas e restringiram o trânsito na área, segundo levantamento da organização Koinomia sobre o histórico da comunidade.

Procurada para comentar o caso, a Marinha do Brasil não atendeu aos contatos da reportagem. O Ministério da Defesa, por sua vez, disse que desconhece a existência de uma comunidade quilombola no local, mas afirma que o Programa de Desenvolvimento de Submarinos obedece a toda a legislação brasileira, segundo informa a assessoria de comunicação da pasta.

Leia também:
Consciência Negra? Apenas uma comunidade quilombola foi reconhecida em 2012

 


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3 Comentários

  1. marcia alves ramos

    Sra presidenta e Srs comandados, se é que assim pode-se chamá-los, a política social implantada pelo seu governo federal de tombar as comunidades Quilombolas, como uma forma de resgatar a exclusão pela qual os negros ex-escravos sofreram, dos bens da sociedade nacional, na questão do mercado de trabalho,, direitos à moradia, alimentação básica, produzidas nessas terras, estratégias de mobilidade social de seus descendentes que tem a residência como referente e estruturante do novo marco de se sentir forte para modificar um história de opressão, separação das tradiçoes famílias deixadas, mortes provocadas. Não foi essa a política social prometida desde o governo lula, que \V.Exa está dando continuidade. Cadê a palavra que se escrevi com arrancar de pelo do corpo. A senhora disse que seria defensora de ações afirmativas. Vai jogar agora cento e poucos negros e descendentes no mato da armadura, por causa de desenvolvemento nuclear. Onde ficou o seu discurso humanitário? Debaixo da bata do papa que rencunciou. Poxa vamos no mínimo manter congruência com os compromisso s anucnciados senão a ordem institucional vira bloco de carnaval O “Bundalelê”. Srs e Sra mais cuidado com o que falam e ao mesmo tempo desfazem com a fala.

  2. Francoorp

    Tem que desapropriar mesmo, a defesa nacional supera a precedência de qualquer tipo de organização histórica ou cultural, e deve ser sempre colocada em primeiro lugar, pouco importa se está dentro de cidade, em área rural ou em localização de populações históricas… se o lugar for considerado de posição geográfica estratégica para a defesa deve ser sim desapropriada e basta!!!

    Nossas vidas não são nada, nossa pátria é tudo!!! E chega dessas formas baratas de fazer politica de baixo nível e alta pregação de ódio, DANEM-SE OS PARTIDARISMOS, a defesa nacional vai além de partidos e grupos políticos!

    Valeu!

  3. josue da silva oliveira

    SÓ MESMO NO BRASIL! INDICAR UM LOCAL QUE DEVERIA SER DE ALTO TEOR DE SEGURANÇA NACIONAL . BAH! AGORA SÓ RESTA MUDAR DE ENDEREÇO ! ISSO É UMA PIADA.MILITARES BRASILEIROS UM BANDO DE SOLDADINHOS MEQUETREFES.O BRASIL TEVE… FORÇAS ARMADAS, AGORA É UM CIRCO , BANDO .

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