Copa do Mundo

Ronaldo e Marin são alvos de ‘escracho’ em São Paulo

Manifestantes cobram o presidente da CBF pela morte de dez operários na construção dos estádios e criticam ex-jogador por declarações recentes em relação ao mundial
Por Igor Ojeda
 06/06/2014

Entre quinta e sexta-feira, dias 5 e 6, o ex-jogador de futebol Ronaldo Nazário e o presidente da Confederação Brasileira de Futebol José Maria Marin foram alvo de “escrachos” em São Paulo (SP) por conta das violações de direitos humanos e declarações relacionadas à Copa do Mundo do Brasil, que tem início no próximo dia 12.

Em frente à casa de Marin, manifestantes realizaram um enterro simbólico dos trabalhadores mortos na construção dos estádios para a Copa. Foto: Divulgação/Comitê Popular da Copa SP
Em frente à casa de Marin, manifestantes realizaram um enterro simbólico dos trabalhadores mortos na construção dos estádios para a Copa. Foto: Divulgação/Comitê Popular da Copa SP

Na manhã desta sexta-feira, o protesto, organizado pelo Comitê Popular da Copa de São Paulo, foi realizado em frente à casa de Marin. Na ocasião, foi feito também um enterro simbólico dos dez trabalhadores que já morreram na construção dos estádios para o mundial. Além do presidente da CBF, os manifestantes cobraram a própria entidade e a Fifa pelas mortes. Marin já havia sofrido um escracho em 2012, por causa de seu apoio à ditadura militar brasileira.

Na região dos Jardins, onde ele mora, os postes e lixeiras amanheceram com lambe-lambes denunciado “A Copa das Mortes”. O material trazia também os nomes dos trabalhadores e exigia pensão vitalícia para suas famílias. Os participantes do protesto caminharam até a casa do presidente da CPF e do Comitê Organizador Local da Copa do Mundo (COL), entidade que representa a Fifa no Brasil, carregando uma coroa de flores, velas e cartazes com os rostos das vítimas.

Além disso, uma intervenção teatral encenou as mortes dos operários. Em seguida, personagens como o Tio Sam, a Fifa e a construtora Odebrecht – responsável pela construção do estádio do Corinthians, onde morreram três trabalhadores – cortaram uma fita “inaugurando as mortes e as violações de direitos cometidas em nome dos megaeventos e sua lógica”, segundo comunicado à imprensa do Comitê Popular da Copa de São Paulo. O ato teve o apoio da Frente de Esculacho Popular (FEP).

"Cala a boca Ronaldo", diz a faixa estendida em protesto em frente à agência do ex-jogador. Foto: Divulgação/Juntos!
“Cala a boca Ronaldo”, diz a faixa estendida em protesto em frente à agência do ex-jogador. Foto: Divulgação/Juntos!

Ronaldo
Na manhã de quinta-feira, 5, o alvo foi o ex-jogador Ronaldo Nazário, também integrante do COL. Cerca de 50 jovens do movimento Juntos!, do Psol, protestaram em frente ao escritório de sua agência na Zona Oeste da capital paulista contra suas declarações em relação à Copa do Mundo. Recentemente, o ex-jogador falou que a polícia deveria “descer o cacete” nos que se manifestavam contra o evento. Anteriormente, declarou que uma Copa do Mundo não se fazia com hospitais.

Os participantes do escracho fizeram intervenções com tinta contra a Fifa e gritaram palavras de ordem como “”Ô Ronaldo, preste atenção, povo não quer estádio, quer saúde e educação”. De acordo com o comunicado à imprensa divulgado pelo Juntos!, “o escracho teve como objetivo mostrar que o movimento social não vai ficar calado diante de posturas autoritárias e antipopulares por parte dos ‘figurões da Copa’. Ao dizer que Copa não se faz com hospitais e que a polícia dever ‘descer o cacete’ em manifestantes, Ronaldo agride todo o povo que se indigna com os gastos e o modo como esse evento foi organizado, às custas dos interesses populares”.

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